O Bulleit Bourbon tem
suas origens em Nova Orleans, local de chegada da família Bulleit,
que imigrara da França no século XVIII. Augustus Bulleit mudou-se
para Louisville, no Kentucky, em 1830, e começou a produzir bourbon
com a própria receita. É importante lembrar que naquela época o
bourbon era destilado em pequenos lotes, método que tem sido
resgatado nos dias atuais por muitas empresas.
Augustus chegara ao
Kentucky no momento histórico certo: viajantes que seguiam rumo ao
oeste do país atravessavam o estado e levavam consigo a boa fama da
bebida. Infelizmente isso não duraria muito. Em 1860 Augustus estava
indo do Kentucky para Nova Orleans com um carregamento de barris e
morreu no caminho, fato que levou também à morte a destilaria
Bulleit.
Mas, como toda boa
história que se preze, esse não foi o fim da marca de whiskey. Os
casos daquele whiskey único passavam de pai para filho e a família
sonhava em reerguer a marca. Em 1987, mais de 100 anos após a morte
de Augustus, Tom Bulleit, tataraneto de Augustus e dono da Four Roses
Distillery, finalmente recomeçou a produção do destilado.
O Bulleit é criado com
no mínimo 51% de milho, mas tem alto teor de centeio, cerca de 29%,
o que dá a bebida o gosto e o aroma tão característicos. O whiskey
é colocado em barris de carvalho branco americano e estocado num
armazém tradicional de somente um andar, o que assegura que todo o
whiskey mature na mesma proporção, produzindo assim um estilo bem
consistente.
A garrafa do Bulleit tem
forma oval, parecida com as usadas no meio do século XIX. A Seagram
comprou a marca e a repassou para a Diageo.
O que pude perceber:
Características: cobre,
médio corpo.
Aroma: amadeirado, doce,
baunilha. Um pouco de álcool é percebido, mas nada que incomode.
Picante. Canela. Aroma de bolo recém-tirado do forno. Um pouco seco.
O clássico bourbon só é lembrado sutilmente. A adição de um
pouco de água, além de diminuir o teor alcoólico, libera e realça
alguns aromas. Agora aparece um caramelo, baunilha, mel e açúcar
mascavo. O álcool desaparece no olfato. Continua doce, mas ficou
mais redondo e um pouco menos picante.
Paladar: seco,
especiarias, canela. Desta vez, em nada lembra os bourbons standards.
O álcool não se mostra evidente. Finaliza com uma sensação de
aquecimento da boca e de uma forma longa. A adição de um pouco de
água deixa a bebida mais palatável, quebra um pouco a força dos
45% de álcool, deixa mais suave e sedoso, terminando com um pouco de
especiarias, de forma média e com menos aquecimento da boca. Embora
o amadeirado e a baunilha continuem, juntamente com o caramelo, ficou
menos doce e melhor de ser apreciado.
Whiskey que eu tinha uma
certa curiosidade em conhecê-lo, fazendo boas expectativas sobre
ele. Muito aguardado e comentado quando chegou ao Brasil. Mas confesso
que esperava outro nível de sabor, por conter uma proporção maior
de centeio em sua composição. Esperava algo mais seco e picante,
com menos doçura, menos sabor de milho e baunilha. Não encontrei exatamente isso, mas também não posso dizer
que me decepcionei com a bebida, apenas não atendeu minhas
expectativas. É um bourbon muito bem feito.
Por isso, posso dizer que é
um excelente bourbon para quem está querendo sair do trivial, das
marcas mais encontradas no mercado, porque esta bebida está um
patamar bem acima. Por enquanto, dos bourbons apresentados aqui no
blog, ele está no topo.
Bulleit Bourbon
Bourbon Teor Alc 45%
Aromas ricos, de
carvalho, levam a um sabor adoçado, formado entre a baunilha e o
mel. O final de média duração possui baunilha e uma pitada de
fumaça.