Já fazia um tempo que não publicava um review de um blended premium. Para preencher a lacuna e atender alguns pedidos, aqui vai um post sobre aquele que já foi considerado sinal de status quando vislumbrado em uma prateleira. Começaremos, como sempre, com sua história.
James
Chivas trabalhava com William Edward numa mercearia em King Street,
Aberdeen. Após a morte de Edward em 1841, James continuou a empresa
com um novo sócio, Charles Stewart. James não via a hora de
expandir seus negócios e começou a se especializar em whiskies
escoceses com o seu próprio blend, o Royal Glendee. Ele comprava
estoques dos destilados mais refinados que descobria e os guardava
com cuidado, pois tinha o sonho de criar o blended mais requintado.
Em
1857, James Chivas dissolveu a sociedade com Charles Stewart e se
juntou ao irmão John para formar a Chivas Brothers. Eles planejavam
ampliar um negócio que já prosperava com um pedido para abastecer o
castelo Balmoral, a casa da rainha Vitória nas Highlands. Em 1843,
já havia sido concedida a James Chivas uma recomendação real como
merceeiro.
Com
a vantagem dessa ligação real, o negócio se expandiu
incrivelmente. Imitando a rainha Vitória, muitos membros da pequena
nobreza britânica vinham à Escócia para caçar, abater cervos,
pescar salmão e, é claro, beber scotch.
James
e John Chivas foram pioneiros na arte do blending, produzindo blended
whiskies suaves e de alta qualidade. Seus standards eram
desenvolvidos pelos assistentes de James Chivas, Alexander Smith e
Charles Howard, e em 1909 a empresa caminhou para a criação do
premium blend Chivas Regal.
Em 1949, a firma foi adquirida pela Seagram, do Canadá, na época em que
o Chivas Regal 12 anos era uma das marcas de whisky premium mais
vendidas no mundo. O microclima de Speyside é perfeito para produzir
os single malts que constituem os componentes principais dos blends
Chivas Regal, e uma menção especial deve ser feita à Strathisla,
cujo malt whisky rico e encorpado há muito é a parte central deles.
Em 1950, a Seagram comprou a Strathisla Distillery e, sete anos mais
tarde, para dar conta da demanda, construiu as novas instalações da
Glen Keith.
Nos
últimos anos em que a Seagram foi proprietária, a marca declinou,
mas foi revigorada com sucesso sob a administração eficaz da Pernod
Ricard, e novamente é uma das maiores e mais dinâmicas forças do
whisky.
Atualmente,
Chivas Regal está entre os cinco blends escoceses mais vendidos do
mundo, e é uma das poucas marcas verdadeiramente mundiais em termos
de distribuição. Por muitos anos, o Chivas Regal manteve uma
posição de produto de luxo, e propaganda intensa e consistente
assegurou a sua liderança. Hoje, sob o guarda-chuva da Pernod
Ricard, um marketing inovador, como um canal de TV on-line de banda
larga em sociedade com a Microsoft, tem-lhe proporcionado sucesso em
novos mercados.
O
que pude perceber:
Cor:
dourado claro, médio corpo.
Aroma: após ficar um pouco descansando no copo, o álcool não é perceptível e em
nenhum momento ele agride. Cereal, um pouco adocicado, suave, frutas
secas. Demorei um pouco para sentir o floral. Tem um cheiro agradável
de malte. Acrescentando um pouco de água, imediatamente acentuou os
aromas de frutas, maçã, pera e abacaxi com calda. Acentuou também
a baunilha. Continuou suave, porém, menos doce. Com uma pedra de gelo some completamente qualquer resquício de álcool no aroma, bem
como os aromas de cereais, deixando o frutado tomar conta.
Paladar:
começa seco, com especiarias, depois os cereais vão tomando conta.
É doce, com um pouco de fruta madura, acho que maçã, e vai
finalizando com um toque de baunilha. Assim como no olfato, o álcool
não incomoda no palato. Com um pouco de água percebe-se bem o
frutado mas a finalização é de cereais e malte. Com gelo, fica
ainda mais suave, confirma o frutado, mas ao contrário do que foi
sentido no aroma, dá para perceber um pouco dos cereais e da
baunilha. A finalização fica curtíssima, um pouco picante, mas são
traços, nada muito acentuado.
Um
blended para servir aos amigos, com um pouco de água ou uma pedrinha
de gelo, para não matar o whisky. Já teve seus dias de glória onde
possuir um Chivas era sinal de status e bom gosto. Com a atual oferta
de bons whiskies, acabou relegado a segundo plano. Fazia frente ao
Black Label, por trazer uma característica floral e frutada, em
oposição ao caráter defumado daquele. Para quem não gosta da
turfa e quer um blended agradável para o dia a dia, para a happy
hour ou beber com os amigos, sem muita pretensão, este é o whisky.
Chivas
Regal 12 Anos
Blend
Teor Alc 40%
Uma
infusão aromática de ervas selvagens, mel e frutos de pomar.
Redondo e cremosos no palato, tem sabor rico de mel e maçã madura,
além de notas de baunilha, avelã e doce de caramelo com manteiga.