Whisky

Whisky

domingo, 2 de setembro de 2018

Desvendando Nr 85: Elijah Craig 12 Anos



A destilaria Heaven Hill nasceu em 1934, depois da Lei Seca e durante a depressão nos EUA. Um grupo de produtores de whiskey de Boston conseguiu apoio financeiro com os irmãos Shapira, e a destilaria Old Heaven Hill Springs foi construída. A família Shapira simplesmente financiaria o projeto, mas vários anos depois se tornou o único proprietário do empreendimento.

Após a Segunda Guerra Mundial, a empresa passou a criar diferentes edições do whiskey, e o negócio prosperou. Em 1986, assim como outras destilarias, a Heaven Hill passou a se interessar por bourbons de pequeno lote. O primeiro lançamento foi o Elijah Craig 12 Anos, em homenagem ao ministro da igreja Batista e agricultor que já destilava no fim do século XVIII.


O pastor batista Elijah Craig (1743-1808) ficou conhecido como o pai do bourbon. Tem a fama de ser o criador do método de usar barris queimados para guardar e maturar bebidas. De acordo com o folclore do whiskey, ele incentivava a prática de usar barris crestados na maturação. Uma descoberta casual depois de um incêndio, o que levou a um estilo característico que contribuiu para definir o bourbon.

Não existe nenhuma prova de que foi o primeiro a fazer bourbon, mas a associação entre um religioso e o whiskey foi vista como ferramenta útil na resistência aos militantes adversários do álcool. Essa edição que o homenageia é produzida com não mais que 100 barris e pode ser considerada o primeiro bourbon de pequeno lote.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar escuro, encorpado.
Aroma: madeira, baunilha e caramelo dá para sentir de longe, sem precisar aproximar o copo do nariz. Bala de leite, adocicado, possui um certo frutado, algo como abacaxi, manteiga, pasta de amendoim. Sensação de algo bem oleoso. No fundo dá para sentir gramíneas, chocolate branco e algumas notas condimentadas trazendo uma pimenta. Com um pouco de água realçam os aromas de madeira, baunilha e caramelo, com chocolate branco presente. Fica um whiskey mais aveludado, equilibrado, redondo. Notas frutadas, mel e agora um toque sutil de cereais.
Paladar: madeira, baunilha, chocolate, mel, depois vai esquentando a boca com especiarias, apimentado, mais um pouco de baunilha e finaliza com um toque herbal. A finalização é longa, demora bastante tempo na boca. Dá para sentir um frutado de maçãs, abacaxi, pera, o adocicado do caramelo e da baunilha, sem ser enjoativo. Depois, picância. Fica um retro-gosto parecido com rapadura, paçoquita. Lembram da pasta de amendoim? Com a adição de um pouco de água, mel, madeira, caramelo, frutas, abacaxi, maçã, rapadura e depois vem a picância que desta vez foi um pouco mais pronunciada, bem forte mesmo, deixando a boca com uma sensação de dormência. Nas especiarias tem algo de gengibre, canela, noz-moscada, o que acaba dando, de certa forma, um equilíbrio em contraste com o adocicado da bebida. A finalização é longa e seca.


Eu o achei um belo bourbon, apesar de deixar a boca bastante dormente na sua finalização. A picância logo passa, mas a sensação é de que a boca fora anestesiada, da mesma forma quando vamos ao dentista. Esta, apesar de um tanto quanto absurda, é uma boa comparação.

Excelente opção para fugir dos bourbons tradicionalmente vendidos, carregados no milho e enjoativamente doces. Este exemplar possui uma proporção considerável de centeio, o que também explica a sua picância.

Os 12 anos de envelhecimento também contribuem sobremaneira para o caráter deste whiskey. Dificilmente encontraremos bourbons maturados por muito tempo, uma vez que o clima dos Estados Unidos faz com que a bebida atinja a maturação mais cedo. Este tempo a mais nos barris fez com que esta bebida atingisse outro patamar na degustação. Nem mesmo o álcool, que neste caso é de 47% ABV, é perceptível.

O tempo fez também acentuar as características do centeio, contribuindo para formar o corpo e o caráter do destilado.

Resumindo, um ótimo bourbon para ser apreciado aos poucos, talvez até acrescentando um pouco de água, para deixá-lo mais redondo, apesar da água ter acentuado sua picância. Ótima pedida também para acompanhar um charuto.




Elijah Craig 12 Anos

Bourbon Teor Alc: 47%

Um bourbon clássico, com aromas doces e maduros de caramelo, baunilha, tons picantes e mel, além de um pouco de menta. Rico, encorpado e arredondado no suave paladar, com caramelo, malte, milho, centeio e uma ponta de fumaça. Carvalho doce, anis e baunilha dominam o final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê sua opinião: