Fazendo
parte da família Ardbeg e Glenmorangie, a pequena Glen Moray sempre
passou despercebida. Começou como cervejaria e se transformou em
destilaria em 1897. Com 60 anos de experiência na produção de
cerveja Ale, era preciso pouco para levar o processo adiante e
transformar a cerveja em whisky. Seus whiskies são admirados, mas
nunca se destacaram como glamourosos.
A casa
lutou para sobreviver nas primeiras décadas, até ser comprada pelos
blenders Macdonald & Muir (que mais tarde se tornou
Glenmorangie), seus proprietários até 2004, quando então foi
vendida para a LVMH. Hoje faz parte do grupo francês La
Martiniquaise, que a adquiriu em 2008.
Localizada
em terreno pantanoso, perto do rio Lossie, nas imediações de Elgin,
a destilaria caracteriza-se por seu entusiasmo pelo envelhecimento
final em barris de vinho, talvez por influência de seus donos que
lidavam com vinhos e destilados. Os primeiros envelhecimentos com
Chardonnay e Chenin Blanc datam de 1999. O uso de barris de vinho
branco foi uma inovação no ramo.
Glen
Moray extrai sua água de uma nascente ao lado do rio Lossie e usa
cevada maltada levemente turfosa. O whisky é maturado principalmente
em tonéis de carvalho americanos previamente usados para bourbon,
com uma alta proporção de barris de primeiro uso. Alguns tonéis
especiais são reservados para edições limitadas, em tradicionais
armazéns dunnage no local.
O
carro-chefe da destilaria é o Glen Moray Classic, sendo o segundo
malte mais vendido na Escócia e, principalmente através de vendas
de supermercado, seu whisky continua um malte introdutório dos mais
vendidos no Reino Unido.
O que
pude perceber:
Características:
cor palha claro, pouco corpo.
Aroma:
herbal e floral. Possui um pouco de álcool um tanto quanto
desagradável no início, algo como acetona, que agride um pouco as
narinas. Driblado o álcool (o ideal é deixar descansar no copo por
alguns minutos) surgem aromas de malte e nozes. No nariz ele parece
ter bem mais corpo do que o verificado através da análise de suas
lágrimas. Aromas de pipoca e cereais também podem ser sentidos. Com
a adição de um pouco de água, libera algumas notas, frutado,
amadeirado, terra molhada e couro. O aroma desagradável de acetona
some. Com uma pedra de gelo o herbal toma conta. Desta vez notam-se
aromas de grama.
Paladar:
quente, picante, cereais, um certo azedo na boca, um pouco ardido
também. O ardido lembra um pouco de gengibre. Tem uma finalização
média, de malte. Com a adição de água continua o gengibre e agora
há uma certa picância de especiarias, além do malte. Sua
finalização fica um pouco mais picante, mais seca e um pouco mais
duradoura. Com o gelo, o paladar corrobora o que foi sentido no
aroma, destacando, principalmente, o sabor herbáceo. A picância do
gengibre some. Continua ardido, mas agora mais suave. O final, agora,
fica mais fresco e dura menos.
O que
dizer deste whisky? Vindo, originalmente, dos mesmos controladores da
destilaria Glenmorangie, esperava mais. Mas pelo histórico do pouco
caso deles para com a destilaria dá para entender. Deu trabalho
analisar este whisky. Mas vamos combinar que analisar whisky é
sempre bom que tenhamos mesmo sempre muito trabalho. Foram
necessárias mais de uma dose (sacrifício).
É um whisky que não se
revela. É fechado. Sua principal característica é tentar se manter
assim. Foi difícil desvendar suas notas de aromas e sabores. Um
whisky bruto, no sentido de que não quer “falar” com ninguém. É
deixando-o descansar e adicionando um pouco de água que suas nuances
começam a aflorar. Com algumas gotas de água, seus principais
aromas começam a se revelar, e é desta forma que eu considero que
ele deve ser melhor apreciado. O gelo, por sua vez, bagunçou tudo
novamente, fechando portas que haviam sido abertas.
O whisky
é suavizado em barris de Chenin Blanc. Acredito que, não fosse esta
finalização, teríamos algo bem ruim. Como disse no início,
esperava mais. Não é um whisky complexo, é bem simples até. Vale
para conhecimento, mas não é um whisky que eu recomendaria como um
bom whisky. Há muitos blendeds que se sobressaem a este single malt.
Glen
Moray 12 Anos
Single
Malt: Speyside Teor Alc 40%
Este é
um malte clássico e leve de Speyside, com aromas de algodão-doce e
notas de mel de urze. Na língua há um sabor suave de frutas secas e
cascas de laranja.
Olá Michel, excelente revisão! Eu tenho esse whisky na versão 16 anos. Nele, não se percebe esses aromas desagradáveis que você descreveu do 12, no entanto, continua muito "fechado", uma vez que nada de destaque se sobressai. É um whisky completamente neutro, indicado apenas pra quem bebe muito ocasionalmente e que não quer aqueles aromas e sabores encontrados nos blendeds de supermercado. Abraço, Cesar.
ResponderExcluirObrigado Cesar. Acho que a versão de 16 anos é mais bem trabalhada. Os anos a mais de maturação fazem com que o whisky fique melhor arredondado. Porém, acho que é uma característica do Glen Moray ser um whisky fechado. Mas acrescentar água a ele faz toda a diferença. Experimente. Um abraço.
ExcluirOla gostaria de uma indicação de vinhos com final de vinho do porto pois gostaria de comprar para minha esposa.
ResponderExcluirUm excelente whisky com finalização em vinho do Porto é o Glenmorangie Quinta Ruban 12 Anos, veja Review 53 ao lado. Outro, o Dalmore Valour, Review 54. Abraço.
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