A destilaria Macallan
foi licenciada por Alexandre Reid em 1824, com o nome de destilaria Elchies, próximo
a um vau do rio Spey, em Easter Elchies, e a mansão feudal da região também se
tornou parte dela. Era uma operação em
pequena escala, realizada em paralelo aos negócios rurais. Em determinadas
épocas do ano a região se tornava boa travessia para os boiadeiros rumo aos
grandes mercados do sul. Como era próxima ao vau, a fazenda se transformou no
ponto em que os boiadeiros descansavam, compartilhavam histórias, compravam
whisky.
Após várias mudanças de
comando, foi comprada por Roderick Kemp em 1892, quando contava com uma
produção anual de cerca de 180 mil litros. A destilaria foi expandida e
permaneceu sob o controle da família até 1996, quando foi comprada pela
Highland Distillers (que faz parte do Edrington Group).
Durante a década de
1950, The Macallan se tornou um dos whiskies favoritos para compor blends. Em
1975, o número de alambiques subira para 21, e em 1979 Allan Schiach,
descendente americano de Kemp, assumiu o controle da empresa, que passou a
maturar seu destilado em barris de xerez. A companhia passou a comprar os
próprios tonéis em Jerez, na Espanha.
Seu whisky era comercializado sob o nome Macallan-Glenlivet até 1980. Atualmente
o Macallan é um dos mais premiados single malts do mundo.

Na destilaria, pequenos
alambiques de espírito se apoiam acima de seus condensadores. Devido à sua
pequenez, há menos contato entre o vapor e o cobre dentro dos alambiques, o que
resulta num destilado mais pesado. Para criar complexidade e aumentar o contato
do vapor com o cobre, acrescentou-se fogo direto no alambique, bem como
uma operação de forma lenta. O pescoço pequeno indica que há pouca chance de
refluxo. O Macallan é um espírito novo, untuoso, maltado, profundo, mas
fundamentalmente doce. E é de opinião, deixa claro desde o início que não será
dominado pelo carvalho.

Carvalho na Macallan
significa tonéis reservados de ex-xerez, cuja construção, compra e
administração é supervisionada pelo mestre de madeira George Espie. Como tem
sido tradicional em Jerez há séculos, é usada uma mistura de carvalho europeu
(Quercus robur), com seus aromas de cravo e frutas secas e tanino mais elevado,
e carvalho americano (Quercus alba), todo baunilha e coco, dando dois segmentos
de sabor muito diferentes para manipular, e muitas variações intermediárias.
O que foi inesperado
para muitos aficionados do Macallan foi o lançamento, em 2004, da linha Fine
Oak, uma edição paralela envelhecida predominantemente em carvalho americano de Bourbon.
Sua chegada deixou alguns possessos. Acontece que o Macallan tinha sido
acondicionado em carvalho americano por muitos anos, mas sua reputação se
construiu em cima do fato de ser um single malt com 100% de envelhecimento em
xerez.
A linha Fine Oak não
diminuiu a personalidade do Macallan, revelando mais dos tons de cereal e de
frutas suaves, porém o argumento de venda “exclusivo em xerez”, deixou de se aplicar.
A controvérsia final
foi a recente reclassificação do whisky como uma marca de luxo. Há acusações de
que o luxo simplesmente significa consumo supérfluo de produtos caros. A
Macallan se defende dizendo que as pessoas estão cada vez mais interessadas nas
histórias por trás das marcas, e o luxo está nas histórias, no que é falado,
não é fútil. Também significa que as pessoas tem de investir e acreditar que a
Macallan gasta mais no seu whisky do que qualquer outro.
O que pude perceber:
Aroma: carvalho e baunilha.
Complexo, cheiro de grama cortada, frutado, com leve toque apimentado. Assim
que derramei algumas gotas de água, imediatamente os aromas foram
intensificados, porém, acentuou mais a baunilha. Bem perfumado. O cheiro da
grama cortada se transforma em cheiro de terra molhada. Com uma pedra de gelo
fica mais fresco, sente-se mais as especiarias e sobressai o barril de Bourbon.
Paladar: leve, frutado
e um pouco apimentado. Final de médio para longo. Com água, nos mesmos moldes
ao que acontecera com o aroma, fica mais intenso. Com gelo fica ao mesmo tempo
fresco e picante.
Encorpado, cor natural,
sem adição de caramelo. Comprei este whisky sem muita pretensão, porque fazia
parte da composição do Famous Grouse, que eu apreciava antes de conhecer
definitivamente o mundo do whisky. Nem conhecia sua fama. Foi o legítimo tiro
no escuro. E acertei.
É um whisky que fica
bom de qualquer jeito, puro, com água, com gelo. Cabe ao apreciador verificar
como ele irá beber. Na minha opinião, com uma pedra de gelo ou puro. Existem
várias versões de Macallan. A minha, adquiri em um Free Shop ao preço de U$
41,00. Nas lojas brasileiras custa em torno de R$ 440,00. É uma versão de 12 anos da linha Fine Oak, de caixa marrom. Atualmente
a garrafa está sendo vendida com caixa azul.
Ainda bem que existem estas versões mais "acessíveis" para poder apreciar uma boa bebida a um bom preço, pois os preços da Macallan não são baratos, com expressões atingindo R$ 750.000,00. Isso mesmo, não errei nos zeros.
O que eu e a Macallan temos em comum? Também acho que o luxo está na história por trás de cada garrafa.
The Macallan Fine Oak 12 Anos
Single Malt: Speyside Teor Alc 40%
Com menos influências de xerez do que o padrão 12 anos, neste revela-se um pouco mais do caráter de maltado, fresco e revigorante da destilaria.
Saúde.
Fonte: Whisky de A a Y,
O atlas mundial do whisky, o livro do whisky, whisky