A empresa
Matthew Gloag & Son foi aberta em 1800 como uma mercearia de
vinhos e destilados em Perth. Pelas próximas gerações, a companhia
cresceu bastante e começou a fazer estoques de whiskies finos
através de parceria com as principais destilarias.
O blend
mais vendido na Escócia foi criado pelo empresário em 1896. No
início, a bebida era conhecida simplesmente como The Grouse Brand e
sua filha Phillipa criou o rótulo. Mais tarde se tornou The Famous
Grouse. Foi um passo bastante incomum para a época, pois todas as
marcas carregavam o nome de seus fundadores. O tetraz vermelho (red
grouse, em inglês) é uma ave de caça bastante comum nas Highland escocesas. A empresa passou de geração a geração até 1970,
quando os impostos sobre heranças obrigaram a família a vendê-la
para a Highland Distillers, que hoje faz parte do Edrington Group.
Por sua
qualidade e sua consistência, o blend ganhou ótima reputação em
pouco tempo, e em 1897 os anúncios da marca já traziam ao lado do
nome as palavras “The Famous” (o famoso, em português) em estilo
manuscrito. As vendas cresceram mais que o mercado nos 20 anos
seguintes e a visibilidade dos produtos The Famous Grouse aumentou.
Hoje, com vendas que chegam a quase 3 milhões de unidades por ano, a
marca é uma das dez maiores do mundo.
O
Edrington Group tem algumas das melhores destilarias produtoras de
single malt da Escócia, entre elas, Highland Park, Macallan e
Glenrothes. Naturalmente, há altas proporções desses excelentes
whiskies no blend.
Ao whisky
The Famous Grouse é dispensada grande importância ao processo de
casamento, através do qual, depois do blending, o whisky é reduzido
a 45% ABV e passa vários meses descansando em barris de xerez, para
permitir que as interações entre malte, grão e água atinjam um
equilíbrio. Isso gera um produto consistente, que é, então,
filtrado à temperatura bastante branda de 4ºC, usando-se um filtro
largo, para que se mantenham, tanto quanto possível, o sabor e a
textura originais do whisky. A empresa também produz vários blended
malts, com envelhecimento de 10 a 30 anos.
O que
pude perceber:
Características:
cor dourada, pouco corpo.
Aroma: o
whisky número 1 da Escócia tem uma explosão de aromas. Difícil
definir cada aroma sem se concentrar para tal. Primeiramente, o que
fica mais evidente são as especiarias, provavelmente provenientes
dos barris de xerez, bastante presentes. Picante, frutado e
amadeirado. Um pouco de cereais mas, neste whisky, os whiskies de
grãos não estão tão evidentes, embora possam ser sentidos, de
maneira sutil. Um pouco de amêndoas e um certo toque defumado podem
ser sentidos. Embora proporcione um certo ardor nas narinas, o álcool
não se mostra muito forte. Chocolate amargo e açúcar mascavo
completam esta primeira incursão pelo aroma. Com a adição de um
pouco de água, evidenciam-se os cereais. Em seguida, surgem baunilha
e açúcar mascavo. Nozes, amêndoas e um defumado sutil. Continua
picante. Com uma pedra de gelo se torna um cereal mentolado. Mais
fresco e mais suave. Mais frutado e mais cítrico também. Desta
forma, sente-se um pouco mais da influência do xerez.
Paladar:
no paladar é onde os whiskies de grãos ficam evidentes um pouco
mais, deixando, de início, um certo amargor, que logo passa, sendo
sobrepujado, então, pela baunilha. Notas de especiarias também
surgem, juntamente com um amadeirado. Aparecem também amêndoas,
nozes e um certo frutado. Finaliza de uma maneira um pouco picante.
Possui finalização média. Com água, continuam os cereais, fica um
pouco cítrico, mais suave, mas finaliza de uma forma mais picante e
seca do que o normal. O gelo acabou por deixá-lo mais amargo. Os
whiskies de grão tomam conta. O final é seco e amargo. Acabou que o
gelo deu uma desequilibrada na bebida, não funcionou.
Whisky
preferido dos escoceses. Para mim, considero um whisky sazonal,
daqueles em que o paladar vai mudando com o tempo.
No início
de minhas degustações de whisky, considerei como meu whisky
preferido, do dia a dia, quando cheguei a ter de uma vez só, oito
garrafas, para não ter o perigo de ficar sem.
Mas o
paladar vai mudando com o tempo e, hoje, não o considero mais um
whisky que deva ser investido para o dia a dia. Para o meu paladar,
se tornou amargo demais. Não sei se foi a sua composição que mudou com o tempo ou se foi meu paladar mesmo. A verdade é que ele não
desce redondo como antes. As garrafas que sobraram serviram para
presentear os amigos.
De
qualquer forma, acredito que o The Famous Grouse seja um whisky
coringa. Com ele se estará bem em qualquer ocasião. Num happy hour
com os amigos, numa festa, na balada, num churrasco, num final de dia
estressante. É um ótimo blend de excelente custo x benefício,
superior aos standards comumente vendidos no mercado brasileiro.
The
Famous Grouse Finest
Blend
Teor Alc 40%
Carvalho
e xerez no nariz, bem equilibrado com uma nota cítrica. Repleto de
frutas de cores vivas. Limpo, com um final moderado e seco.