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sábado, 20 de outubro de 2018

Desvendando Nº 91: Bowmore 12 Anos (old)



No post anterior analisamos o Bowmore 12 anos na versão vendida atualmente. Hoje, iremos analisar a versão mais antiga, produzida na década de 1990. E não é só a garrafa que muda.

O que pude perceber:
Características: âmbar, médio corpo.
Aroma: frutado, frutas vermelhas secas, ameixa, um leve adocicado, algo salgado, fumaça de turfa sutil, cereais, gramíneas, malte, um certo mentolado e uma baunilha bem sutil. Chocolate branco, algumas notas condimentadas, um tempero discreto, uvas passas, amadeirado característico do xerez e nada, absolutamente nada de álcool. A adição de um pouco de água faz com que dê uma equalizada no aroma. Predominam agora os aromas mais adocicados como baunilha, caramelo e cereais. Os condimentos desaparecem e a fumaça fica mais sutil. A característica marcante é a de um whisky adocicado.
Paladar: confirma no paladar o sentido no aroma, com notas frutadas, frutas cítricas, ameixa, malte. Doce e salgado se misturam. Caramelo, amadeirado, condimentado na medida certa e finaliza com a fumaça de turfa característica, com um pouco de especiarias, dando um toque picante suave. Mais uma vez, nada de álcool. Com um pouco de água, baunilha, cereais, surge um certo amadeirado e finaliza com turfa e especiarias. Bem menos notas que anteriormente, quando experimentado puro. A finalização, no entanto, torna-se longa, seu sabor permanece por um bom tempo em boca.

Whisky que, se continuar fazendo o exercício de ir por mais tempo só sentindo os aromas, muita coisa vai aparecendo. No paladar, não há uma explosão de sabores como há ao sentir o aroma, mas é uma bebida bem estruturada, bem balanceada. Talvez por isso as notas no paladar se mostrem bem discretas, uma não se sobressai sobre a outra, a não ser o adocicado e o salgado que se destacam, além da finalização com a turfa.


Whisky simplesmente formidável e que mudou de vez minha visão sobre whiskies turfados. Tanto que comprei mais duas garrafas deste exemplar que me surpreendeu bastante. Excelente whisky para pessoas que, assim como eu, gosta de uma fumaça no whisky mas não de forma exagerada como podemos perceber nos whiskies conhecidamente turfados.

Para quem quer adentrar no mundo da turfa, recomendo plenamente este whisky. Para quem já é acostumado, irá perceber como este whisky é bem estruturado e redondo. Agradável e fácil de beber, tem de se tomar um certo cuidado para não exagerar na dose.

Comparando a versão atual com a antiga dá para dizer que esta versão mais antiga leva uma pequena vantagem. Pode ser que venha do processo de destilação ou dos próprios barris utilizados, o que é mais provável, mas ambos são muito bons. A Bowmore se orgulha de ser uma das destilarias mais antigas da Escócia e por manter o padrão de destilação desde os tempos mais antigos, sempre primando pela qualidade de seus whiskies, de forma que, por esta razão, acredito ser mesmo a qualidade dos barris a responsável pela diferença de sabores entre as duas versões analisadas.

Nunca fui de comprar várias garrafas de um mesmo whisky, dando preferência para a aquisição de garrafas novas e diferentes. Abri uma exceção para a família Bowmore. Vale a pena.




Bowmore 12 Anos

Single Malt: Islay Teor Alc 40%

Aromático e suave, com uma mistura de frutas cítricas e algo defumado no nariz, que se prolonga até a língua, juntamente com um pouco de chocolate preto.

sábado, 25 de agosto de 2018

Desvendando Nº 84: Ardbeg Ten



A destilaria Ardbeg foi fundada em 1815 por John McDougall em um local que já foi um ponto de aportamento para contrabandistas ao longo do século 18. Fica numa angra remota na costa sudeste de Islay.

Em 1853, Alexander, o filho de John que estava no comando da destilaria, morreu, mas suas irmãs Margaret e Flora assumiram o negócio, junto com Colin Hay. Em 1886, a Ardbeg empregava 60 pessoas num vilarejo com 200 moradores. Após a morte das irmãs, Colin Hay e Alexander Buchanan tornaram-se os proprietários.

A destilaria foi comprada pela Hiram Walker e pela Distillers Company, numa parceria comercial, mas mudou de donos novamente em 1987, quando a Allied Lyons comprou a Hiram Walker. Os anos seguintes não foram mais fáceis para a empresa: fechou em 1981, mas reabriu por períodos curtos até 1996, quando fechou de vez e foi posta à venda pela Allied Distillers.


O grupo comprador, Glenmorangie, sabia que tinha adquirido uma destilaria com potencial para fazer um dos single malts defumados com turfa mais famosos do mundo, mas os prédios e os equipamentos estavam em condições precárias.

Apesar de fazer um investimento pesado para modernizar suas instalações, a falta de produção dos primeiros anos causou problemas. Entretanto, quando as lacunas do estoque desapareceram, a Ardbeg renasceu das cinzas. O lançamento do engarrafamento padrão 10 anos, que teve aceitação crescente entre os apreciadores de whisky, levou a destilaria a ser novamente aclamada pelo mundo.


O que pude perceber:
Características: cor palha claro, encorpado.
Aroma: fogueira, fumaça, alcatrão, tabaco. A turfa é bem evidente e existe algo de medicinal, um salgado, talvez pela influência marítima. Driblada a turfa, vem frutas amadurecidas, um adocicado de baunilha e um amadeirado dos barris de bourbon. Com o acréscimo de um pouco de água sobressai o frutado, o esfumaçado diminui um pouco. Maçã e pera são bem evidentes. Fica com um bouquet mais suavizado e agradável, com um pouco de baunilha.
Paladar: madeira, abacaxi, um pouco de amêndoas, capim limão com um toque cítrico, um certo adocicado também, tudo isso envolto em fumaça de turfa, finalizando de forma picante juntamente com a fumaça. Nada de álcool tanto no aroma quanto no paladar, apesar de seus 46% ABV. Lembra bastante frutas maduras brancas e suculentas. Também dá para notar no paladar que trata-se de um whisky jovem ainda, faltando um pouquinho para sua maturação ideal. A adição de um pouco de água deixa o whisky mais doce, a baunilha mais evidente, as frutas amadurecidas agora se mesclam com frutas secas e um pouco de amêndoas. Há uma certa picância, de especiarias e, englobando tudo isso, a fumaça.


A origem da água de Ardbeg, que passa pela turfa, exerce uma influência marcante nos sabores terrosos e betuminosos do whisky. Esta água, suave e sem sais, flui do Loch Uigeadail através de rochas, musgo e turfa até a destilaria. Dois grandes alambiques destilam o whisky que é maturado em tonéis de carvalho americanos previamente usados para bourbon.

Whisky divisor de águas entre quem gosta de turfa e quem não gosta. Quer perceber claramente o que é turfa, whisky esfumaçado e as características que marcaram a fama dos whiskies de Islay? Este é o exemplar a ser apreciado.


Lembro muito bem que, quando comecei a enveredar pelo mundo do whisky, foi justamente quando Jim Murray havia acabado de proclamar o Ardbeg Ten como o melhor whisky do mundo, isso acho que foi por volta de 2008. A procura por um exemplar desta garrafa cresceu enormemente e aqui no Brasil não havia onde encontrá-la. Quando finalmente tive a oportunidade de experimentar, quando participei de uma degustação, a primeira palavra que me veio à mente foi: “cinzeiro”. Não havia absolutamente nada para detectar além disso. Fumaça, fogueira, bituca de cigarro.

Hoje, com um pouco mais de rodagem, já há a possibilidade de tirar a fumaça inicial e ir um pouco além. Percebe-se então que esta bebida não se resume só a cinzas.

Não sei se comecei a acostumar com os whiskies turfados, tenho experimentado vários ultimamente, mas o fato é que comecei a pegar gosto pela fumaça, de forma que neste Ardbeg ela já não incomoda mais, embora ele seja o whisky que mais se nota a sua presença. A contrario sensu, achei bem agradável de beber.

Indico para quem quer encarar de vez a turfa pesada. Possui 55 ppm de fenóis, não usa corante e não é filtrado à frio. 




Ardbeg 10 Anos

Single Malt: Islay Teor Alc 46%

Este malte não filtrado a frio possui notas de creosoto, alcatrão e peixe defumado no nariz. Qualquer doçura na língua desaparece rapidamente, dando lugar a um final defumado.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Whiskies turfados

Neste artigo, saiba mais sobre a fabricação de whiskies turfados. Uma visão geral de como estes whiskies, que cada vez mais estão caindo no gosto dos apreciadores, são produzidos. E nada melhor do que aprender sobre whiskies turfados com a destilaria que produz os whiskies mais turfados do mercado: Bruichlladich e seu Octomore.



COMO OS NÍVEIS DE TURFA SÃO MEDIDOS?

Como seres humanos, somos bastante sensíveis à turfa e podemos detectar sua presença fumegante, carnuda e deliciosa em níveis muito baixos. Mas o que estamos sentindo não é realmente turfa, são os compostos químicos chamados fenóis que são liberados quando a turfa é queimada. Existem muitos fenóis diferentes, além disso, cada um criando sabores ligeiramente diferentes, como o guaiacol, fumegante e carnoso ou o cresol mofado e medicinal.

Os níveis de fenol são medidos em PPM (Partes por milhão). Esse número é medido a partir da cevada maltada (o material seco pela turfa ardente) e não o espírito final. Então, você não está bebendo 309 ppm quando você bebe um Octomore 8.3, mas a cevada com a qual o whisky foi feito originalmente atingiu esse nível.

Por que não se mede o PPM no whisky? É um padrão da indústria falar sobre fenol no malte, não no espírito, porque o último muda e há muitas variáveis. Além disso, mesmo as medidas de cevada podem ser enganosas, devido ao fato de que existem cerca de seis métodos diferentes de fazê-lo e a indústria está brigando para a adoção de um método único.


QUAL TIPO DE TURFA?

A turfa é uma fonte de combustível barata e conveniente. Atualmente, os destiladores podem escolher a sua turfa, dependendo do efeito desejado, porque diferentes tipos de turfa, que podem ser aquelas mais altas ou mais baixas na camada de turfa ou de partes variadas do país, tem diferentes efeitos sobre a cevada.

COMO TURFAR A CEVADA?

A maioria das destilarias e empresas que produzem cevada maltada turfada para fabricação de whisky usam o método tradicional: queimam a turfa por cerca de 25 horas, depois secam a cevada com ar quente impulsionado por um ventilador.

A Destilaria Bruichladdich, no entanto, trabalhou bastante para evoluir o processo e produzir muito mais turfa na cevada maltada do que normalmente pode ser produzida. O segredo do whisky Octomore é que a fumaça impulsionada é fria, e este processo é feito por cinco dias. O truque é fazer com que a fumaça não aqueça. Se a cevada aquecer e secar, ela não absorverá mais conteúdo fenólico. Além disso, foram desenvolvidas duas técnicas-chave para alcançar seus objetivos: reciclar a fumaça para que ela passe mais de uma vez através do grão e pulverizar o grão com água (o suficiente para que ele não volte a crescer) para que mais fumaça possa impregnar-se.

Apesar dessa diligência e inovação, na verdade não há como saber qual o valor de PPM que a cevada terá até o processo terminar. O PPM muda com base na época do ano, a umidade da turfa e até mesmo a agilidade de quem está colocando o fogo.


COMO SE DESTILA WHISKY TURFADO?

Tendo minuciosamente colocado toda a turfa na cevada, ela parte para a trituração, fermentação e destilação. Fenóis são perdidos durante estes processos. Dependendo da destilação, pode-se perder qualquer coisa entre 60-80% do PPM original. Então, quando o espírito está pronto, ele terá algo em torno de 80% menos de turfa do que quando começou o processo. Tomando como base essa abordagem, isso significa que o Octomore 8.3, na realidade, possui 61.8ppm.

A Bruichladdich não está, no entanto, focada em fazer o whisky de degustação mais gostoso do mundo, mas procura fazer o whisky mais turfado e mais equilibrado possível. A destilaria realmente descarta um grande número de fenóis quando destila, deixando uma proporção maior do que o usual do espírito correr para as "cabeças" (a primeira porção de álcool mais alta que sai do alambique, e que é sempre redestilado). Ao sacrificar esses fenóis, cria-se um whisky mais equilibrado e que tem mais a oferecer do que uma fumaça fortemente robusta.

COMO O WHISKY TURFADO ENVELHECE?

A equipe de Bruichladdich escolhe não adicionar água a Octomore antes que ele seja embarrilado para que o whisky não tome muita influência do barril nos primeiros anos. Além disso, o Octomore também é sempre engarrafado na força do barril, porque os óleos são mantidos juntos em maior resistência e preservam os sabores e as nuances do whisky. Assim que se adiciona água ao whisky os fenóis se abrem e torna-se muito mais esfumaçado, embora os sabores também desapareçam rapidamente.


ATÉ ONDE PODE CHEGAR A TURFA NO WHISKY?

Em poucos anos, os whiskies de Octomore aumentaram dos 80 ppm iniciais para 309 ppm. Existe um limite superior? Certamente, não existe um número concreto, mas há muitas barreiras para novos progressos, incluindo os limites físicos de quanto a cevada pode absorver.


Fonte: blog.thewhiskyexchange.com