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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Desvendando Nº 96: Bowmore Darkest



Continuando a falar sobre a família Bowmore, mais um excelente exemplar para ser apreciado. Como eu havia colocado no último post, para não ficar repetitivo, coloco novamente aqui os links dos outros reviews da Bowmore para quem se interessar e quiser conhecer mais a história da destilaria.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar escuro, encorpado.
Aroma: frutado, ameixas pretas, sherry, especiarias. Fumaça sutil, sobrepujada pelo sherry. Leve salinidade, como brisa de mar. Caráter seco. Um pouco iodado, tom medicinal. Chocolate e caramelo. Traz ainda uma certa doçura. Com um pouco de água evidencia frutas secas, passas, ameixas. O frutado predomina. Assim como fora experimentado sem água, com água não deixa transparecer nada de álcool. Um pouco de madeira e chocolate ao leite.
Paladar: frutado, suculento, adocicado, uma leve especiaria, deixando um ardidinho na boca. Seco, suave, amadeirado. Finaliza de forma longa, com frutas secas, especiarias, além de uma mistura de doce com salgado, de uma forma bem equilibrada. Com um pouco de água permanece o frutado, com frutas escuras. Aparece o iodado novamente, bem medicinal, finalizando de uma forma um pouco picante, com especiarias, só que agora, com média duração.


Whisky excelente para apreciadores de sherry. Muito bem balanceado, traz um frutado característico do sherry em conjunto com dois sabores contrastantes, mas que se completam: uma doçura de caramelo e chocolate, com um salgado de brisa marítima e iodo, medicinal. Resulta num sabor bastante complexo e interessante.

Maturado em barris de sherry de segundo e terceiro uso, razão para o sabor característico de sherry e a coloração mais escura. É o mais escuro dos Bowmore.

Uma bebida para ser apreciada com calma e aproveitar todas as suas nuances. Quem tiver a oportunidade de comprar este exemplar, compre. Está cada vez mais difícil de se encontrar.




Bowmore Darkest

Single Malt Islay: Teor Alc 43%

Sherry, turfa, madeira e iodo compõe a maior parte do nariz. No palato, notas de turfa esfumaçada, uma doçura frutada escura, com caramelo, vermute vermelho doce, salmoura e iodo. No final, uma longa jornada amarga, dura e resinosa de vermute doce, sherry, turfa, madeira e cinzas.

domingo, 16 de setembro de 2018

Desvendando Nº 87: Laphroaig 10 Anos



A destilaria Laphroaig foi fundada em 1810 por Alexander e Donald Johnston, embora a produção oficial tenha levado cinco anos para começar. A vida ao lado da igualmente famosa Lagavulin nem sempre foi fácil. Houve disputas pelo acesso à água, mas, hoje, o sentimento que prevalece é de respeito mútuo. A Laphroaig é uma das poucas destilarias que mantiveram as maltagens em piso, que suprem um quinto das necessidades da casa. E o fato de existir esse tipo de maltagem torna a visita à destilaria ainda mais interessante.

A Laphroaig sempre apreciou a característica defumada e pungente do seu malte, mistura de cânhamo, sabão carbólico e fogueira. Dizem que seu caráter medicinal intenso é uma das razões pelas quais a bebida estava entre os poucos whiskies escoceses permitidos nos EUA durante o período de proibição. Seu whisky era aceito como spirit medicinal e podia ser obtido por meio de prescrição médica. Sendo o mais medicinal dos malts, remete a gaze hospitalar, faz lembrar antisséptico bucal, fenol. È a personalidade de Islay com a intensidade de algas marinhas e iodo.

Laphroaig significa “a bela depressão junto à baía larga” em gaélico. É feito colocando-se primeiramente de molho a cevada em água sem sais, turfosa de Islay e deixando-se que germine, o que envolve remexê-la manualmente no chão de maltagem por seis dias. A cevada germinada é, então, seca num fogo circulatório de turfa, e a fumaça dessa pungente turfa de Islay é que dá ao Laphroaig sua distintiva característica. Após a destilação, o whisky é maturado em tonéis de carvalho do Kentucky, empilhados nos galpões de maturação no litoral. Aqui ele é banhado pelo vento fresco e salgado do Atlântico, e, em noites de tempestade, sabe-se que o mar entra nos galpões, bem abaixo dos barris. Não é surpresa que o sabor turfoso único do Laphroaig carregue uma forte nota de iodo e acentuado e salgado ar do Atlântico.


Ele é denominado “o definitivo whisky de malte de Islay” porque é a essência do sabor de Islay, rico, defumado, turfoso e cheio de personalidade. O Laphroaig é decididamente um gosto adquirido, partilhado por Sua Alteza Real, o príncipe de Gales, que premiou o Laphroaig com seu Certificado Real em 1994 e encomenda sua própria edição, a ”Highgrove”.

A destilaria possui sua própria reserva de turfa em Islay, floor maltings na destilaria e alambiques relativamente pequenos. Seus depósitos de maturação ficam de frente para o mar. Em 1847 o fundador faleceu ao cair dentro de um barril de whisky. No final dos anos 1950 e início dos 1960, a destilaria pertenceu a uma mulher, a srta. Bessie Williamson. O ambiente romântico das instalações tornaram a destilaria popular para casamentos, e ela serve como salão comunitário do vilarejo. Pertence atualmente à Beam Global, sendo administrada por uma equipe dedicada que deve garantir a ela um futuro brilhante.

Apesar de tudo, muitos acham que o famoso ataque do Laphroaig diminuiu nos últimos anos, revelando um pouco mais da doçura do malte. Mas continua sendo um whisky de forte personalidade, encorpado e untuoso.

Todos os Laphroaig são envelhecidos exclusivamente em barris de carvalho americano, provenientes da Maker's Mark. O resultado é o mais marítimo dos maltes de Islay, medicinal, com toques de iodo, arenque, sala de máquinas e fumaça, mas suavizado pela doçura do carvalho. É esse caráter de baunilha que abranda as notas rústicas do espírito novo e adiciona uma doçura sutil ao espírito maduro.


O que pude perceber:
Características: dourado claro, médio corpo.
Aroma: de início turfa, depois um aroma salgado, marítimo, iodado, a seguir, frutas vermelhas, cristalizadas, algo como passas. A turfa vai cedendo aos poucos e outras nuances vão aparecendo. Baunilha, ameixas, nozes, malte tostado, algas, defumado e tabaco. Dá para perceber vários aromas, bastante complexo. A adição de um pouco de água ameniza um pouco a turfa, ela se esconde um pouco. Evidencia mais o adocicado, o malte e o amadeirado. A doçura é de baunilha e caramelo, o que contrasta bastante com o tom salgado que ele continua apresentando. A fumaça, apesar de amenizada, continua.
Paladar: suave, adocicado, baunilha, bala de caramelo. Em seguida, como contraponto, vem sal, iodo, algas, especiarias e fumaça. Finaliza de uma forma longa, salgada e com bastante fumaça. Com um pouco de água, nota-se algas, iodo, uvas, fumaça e finaliza com uma mistura de malte e nozes.

Whisky bastante equilibrado para seus 10 anos de maturação. Poderia ter uma graduação alcoólica mais elevada. 43% já ajudaria bastante porque com 40% o álcool não é notado. Mais gentil que o irmão Quarter Cask. Excelente whisky.




Laphroaig 10 Anos

Single Malt: Islay Teor Alc 40%

O 10 anos é muito popular. Sob a fumaça densa de turfas e do spray salgado de água do mar está um malte jovem e refrescante, com um coração doce.

sábado, 8 de setembro de 2018

Desvendando Nº 86: Aberlour 10 Anos



Aberlour significa “boca do riacho gorgolejante” em gaélico escocês e situa-se em um local antigo e bonito.

Embora a Aberlour não seja muito conhecida em sua terra natal, tornou-se extremamente popular na França e afirma ser uma das dez destilarias que mais vendem malte no mundo. Como parte da antiga Campbell Distillers, a Aberlour pertence ao grupo francês Pernod Ricard desde 1975. Seu malte é usado em diversos blends, em especial no Clan Campbell. Porém, mais da metade da produção da destilaria é engarrafada como single malt.


A destilaria fica a pouca distância do rio Spey. Sua fundação data de quando James Gordon e Peter Weir construíram uma destilaria na rua principal de Aberlour, em 1826. As instalações resistiram 50 anos até serem devastadas por um incêndio. Uma nova destilaria Aberlour foi construída em 1879, alguns quilômetros rio acima, por James Fleming, que já possuía a Dailuaine. A de hoje é do final do período vitoriano, projetada por Charles Doig depois de o prédio ter sofrido outro incêndio, em 1898.

James Fleming tinha como lema “Let the Deed Show”, algo como “que a proeza apareça” e este lema estampa todas as garrafas de Aberlour.


A sua água, excepcionalmente suave, é extraída de fontes no Lour Glen, tendo fluído através de turfa. O malte é fornecido sob encomenda e é levemente turfoso.

Os whiskies de malte de Aberlour se beneficiaram do uso maior de tonéis de xerez oloroso em anos recentes, o que, combinado com tonéis de bourbon, aumenta a complexidade do whisky.


O que pude perceber:
Características: cor cobre, médio corpo.
Aroma: baunilha, malte, caramelo, doce, suave, sedoso. Um pouco de álcool evidente, mas nada que o prejudique. Amadeirado suave e frutado. Um pouco de especiarias e frutas secas sutis. Condimento leve. Depois de um certo tempo percebe-se algumas notas herbais, de gramíneas. Com um pouco de água, malte, cereais, frutado, terra molhada. O álcool some, fica bem suave e agradável no nariz. Um pouco de gramíneas, desta vez, gramíneas secas.
Paladar: baunilha, caramelo, frutas secas, amadeirado, uma certa picância juntamente com uma doçura e o malte. Finaliza de uma forma média e seca. A adição de um pouco de água faz lembrar ameixas secas, malte, cereais crocantes, frutas cristalizadas. As especiarias agora desaparecem um pouco, ficando mais sutis, mas ainda são percebidas na finalização. O whisky fica melhor equilibrado.

Whisky muito bem trabalhado na junção de dois barris, ex bourbon e ex-xerez que, embora não fale exatamente a proporção, dá para perceber uma maior influência dos barris ex-bourbon.

Na minha opinião, faltou um pouquinho para este whisky ser perfeito, para ser melhor equilibrado e eliminar o pouco de álcool que ainda é perceptível. Talvez mais dois anos de envelhecimento em barris? Um melhor jogo entre as proporções dos tipos de barris? Quem sabe o review do Aberlour 12 anos possa nos dizer.




Aberlour 10 Anos

Single Malt: Speyside Teor Alc 40%

Maturado principalmente em barris que antes continham bourbon, este whisky tem a doçura do caramelo proveniente da madeira, além de um leve sabor de nozes e especiarias.

domingo, 2 de setembro de 2018

Desvendando Nr 85: Elijah Craig 12 Anos



A destilaria Heaven Hill nasceu em 1934, depois da Lei Seca e durante a depressão nos EUA. Um grupo de produtores de whiskey de Boston conseguiu apoio financeiro com os irmãos Shapira, e a destilaria Old Heaven Hill Springs foi construída. A família Shapira simplesmente financiaria o projeto, mas vários anos depois se tornou o único proprietário do empreendimento.

Após a Segunda Guerra Mundial, a empresa passou a criar diferentes edições do whiskey, e o negócio prosperou. Em 1986, assim como outras destilarias, a Heaven Hill passou a se interessar por bourbons de pequeno lote. O primeiro lançamento foi o Elijah Craig 12 Anos, em homenagem ao ministro da igreja Batista e agricultor que já destilava no fim do século XVIII.


O pastor batista Elijah Craig (1743-1808) ficou conhecido como o pai do bourbon. Tem a fama de ser o criador do método de usar barris queimados para guardar e maturar bebidas. De acordo com o folclore do whiskey, ele incentivava a prática de usar barris crestados na maturação. Uma descoberta casual depois de um incêndio, o que levou a um estilo característico que contribuiu para definir o bourbon.

Não existe nenhuma prova de que foi o primeiro a fazer bourbon, mas a associação entre um religioso e o whiskey foi vista como ferramenta útil na resistência aos militantes adversários do álcool. Essa edição que o homenageia é produzida com não mais que 100 barris e pode ser considerada o primeiro bourbon de pequeno lote.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar escuro, encorpado.
Aroma: madeira, baunilha e caramelo dá para sentir de longe, sem precisar aproximar o copo do nariz. Bala de leite, adocicado, possui um certo frutado, algo como abacaxi, manteiga, pasta de amendoim. Sensação de algo bem oleoso. No fundo dá para sentir gramíneas, chocolate branco e algumas notas condimentadas trazendo uma pimenta. Com um pouco de água realçam os aromas de madeira, baunilha e caramelo, com chocolate branco presente. Fica um whiskey mais aveludado, equilibrado, redondo. Notas frutadas, mel e agora um toque sutil de cereais.
Paladar: madeira, baunilha, chocolate, mel, depois vai esquentando a boca com especiarias, apimentado, mais um pouco de baunilha e finaliza com um toque herbal. A finalização é longa, demora bastante tempo na boca. Dá para sentir um frutado de maçãs, abacaxi, pera, o adocicado do caramelo e da baunilha, sem ser enjoativo. Depois, picância. Fica um retro-gosto parecido com rapadura, paçoquita. Lembram da pasta de amendoim? Com a adição de um pouco de água, mel, madeira, caramelo, frutas, abacaxi, maçã, rapadura e depois vem a picância que desta vez foi um pouco mais pronunciada, bem forte mesmo, deixando a boca com uma sensação de dormência. Nas especiarias tem algo de gengibre, canela, noz-moscada, o que acaba dando, de certa forma, um equilíbrio em contraste com o adocicado da bebida. A finalização é longa e seca.


Eu o achei um belo bourbon, apesar de deixar a boca bastante dormente na sua finalização. A picância logo passa, mas a sensação é de que a boca fora anestesiada, da mesma forma quando vamos ao dentista. Esta, apesar de um tanto quanto absurda, é uma boa comparação.

Excelente opção para fugir dos bourbons tradicionalmente vendidos, carregados no milho e enjoativamente doces. Este exemplar possui uma proporção considerável de centeio, o que também explica a sua picância.

Os 12 anos de envelhecimento também contribuem sobremaneira para o caráter deste whiskey. Dificilmente encontraremos bourbons maturados por muito tempo, uma vez que o clima dos Estados Unidos faz com que a bebida atinja a maturação mais cedo. Este tempo a mais nos barris fez com que esta bebida atingisse outro patamar na degustação. Nem mesmo o álcool, que neste caso é de 47% ABV, é perceptível.

O tempo fez também acentuar as características do centeio, contribuindo para formar o corpo e o caráter do destilado.

Resumindo, um ótimo bourbon para ser apreciado aos poucos, talvez até acrescentando um pouco de água, para deixá-lo mais redondo, apesar da água ter acentuado sua picância. Ótima pedida também para acompanhar um charuto.




Elijah Craig 12 Anos

Bourbon Teor Alc: 47%

Um bourbon clássico, com aromas doces e maduros de caramelo, baunilha, tons picantes e mel, além de um pouco de menta. Rico, encorpado e arredondado no suave paladar, com caramelo, malte, milho, centeio e uma ponta de fumaça. Carvalho doce, anis e baunilha dominam o final.

sábado, 25 de agosto de 2018

Desvendando Nº 84: Ardbeg Ten



A destilaria Ardbeg foi fundada em 1815 por John McDougall em um local que já foi um ponto de aportamento para contrabandistas ao longo do século 18. Fica numa angra remota na costa sudeste de Islay.

Em 1853, Alexander, o filho de John que estava no comando da destilaria, morreu, mas suas irmãs Margaret e Flora assumiram o negócio, junto com Colin Hay. Em 1886, a Ardbeg empregava 60 pessoas num vilarejo com 200 moradores. Após a morte das irmãs, Colin Hay e Alexander Buchanan tornaram-se os proprietários.

A destilaria foi comprada pela Hiram Walker e pela Distillers Company, numa parceria comercial, mas mudou de donos novamente em 1987, quando a Allied Lyons comprou a Hiram Walker. Os anos seguintes não foram mais fáceis para a empresa: fechou em 1981, mas reabriu por períodos curtos até 1996, quando fechou de vez e foi posta à venda pela Allied Distillers.


O grupo comprador, Glenmorangie, sabia que tinha adquirido uma destilaria com potencial para fazer um dos single malts defumados com turfa mais famosos do mundo, mas os prédios e os equipamentos estavam em condições precárias.

Apesar de fazer um investimento pesado para modernizar suas instalações, a falta de produção dos primeiros anos causou problemas. Entretanto, quando as lacunas do estoque desapareceram, a Ardbeg renasceu das cinzas. O lançamento do engarrafamento padrão 10 anos, que teve aceitação crescente entre os apreciadores de whisky, levou a destilaria a ser novamente aclamada pelo mundo.


O que pude perceber:
Características: cor palha claro, encorpado.
Aroma: fogueira, fumaça, alcatrão, tabaco. A turfa é bem evidente e existe algo de medicinal, um salgado, talvez pela influência marítima. Driblada a turfa, vem frutas amadurecidas, um adocicado de baunilha e um amadeirado dos barris de bourbon. Com o acréscimo de um pouco de água sobressai o frutado, o esfumaçado diminui um pouco. Maçã e pera são bem evidentes. Fica com um bouquet mais suavizado e agradável, com um pouco de baunilha.
Paladar: madeira, abacaxi, um pouco de amêndoas, capim limão com um toque cítrico, um certo adocicado também, tudo isso envolto em fumaça de turfa, finalizando de forma picante juntamente com a fumaça. Nada de álcool tanto no aroma quanto no paladar, apesar de seus 46% ABV. Lembra bastante frutas maduras brancas e suculentas. Também dá para notar no paladar que trata-se de um whisky jovem ainda, faltando um pouquinho para sua maturação ideal. A adição de um pouco de água deixa o whisky mais doce, a baunilha mais evidente, as frutas amadurecidas agora se mesclam com frutas secas e um pouco de amêndoas. Há uma certa picância, de especiarias e, englobando tudo isso, a fumaça.


A origem da água de Ardbeg, que passa pela turfa, exerce uma influência marcante nos sabores terrosos e betuminosos do whisky. Esta água, suave e sem sais, flui do Loch Uigeadail através de rochas, musgo e turfa até a destilaria. Dois grandes alambiques destilam o whisky que é maturado em tonéis de carvalho americanos previamente usados para bourbon.

Whisky divisor de águas entre quem gosta de turfa e quem não gosta. Quer perceber claramente o que é turfa, whisky esfumaçado e as características que marcaram a fama dos whiskies de Islay? Este é o exemplar a ser apreciado.


Lembro muito bem que, quando comecei a enveredar pelo mundo do whisky, foi justamente quando Jim Murray havia acabado de proclamar o Ardbeg Ten como o melhor whisky do mundo, isso acho que foi por volta de 2008. A procura por um exemplar desta garrafa cresceu enormemente e aqui no Brasil não havia onde encontrá-la. Quando finalmente tive a oportunidade de experimentar, quando participei de uma degustação, a primeira palavra que me veio à mente foi: “cinzeiro”. Não havia absolutamente nada para detectar além disso. Fumaça, fogueira, bituca de cigarro.

Hoje, com um pouco mais de rodagem, já há a possibilidade de tirar a fumaça inicial e ir um pouco além. Percebe-se então que esta bebida não se resume só a cinzas.

Não sei se comecei a acostumar com os whiskies turfados, tenho experimentado vários ultimamente, mas o fato é que comecei a pegar gosto pela fumaça, de forma que neste Ardbeg ela já não incomoda mais, embora ele seja o whisky que mais se nota a sua presença. A contrario sensu, achei bem agradável de beber.

Indico para quem quer encarar de vez a turfa pesada. Possui 55 ppm de fenóis, não usa corante e não é filtrado à frio. 




Ardbeg 10 Anos

Single Malt: Islay Teor Alc 46%

Este malte não filtrado a frio possui notas de creosoto, alcatrão e peixe defumado no nariz. Qualquer doçura na língua desaparece rapidamente, dando lugar a um final defumado.

domingo, 19 de agosto de 2018

Desvendando Nº 83: Caol Ila 12 Anos



Caol Ila (leia-se Cull Ee-la) é o termo em gaélico para o “estreito de Islay”, o estreito que separa as ilhas de Islay e Jura. A destilaria situa-se numa pequena enseada perto de port Askaig.

Fundada por Hector Henderson em 1846, na ilha de Islay, foi ampliada em 1879 e modernizada entre 1972 e 1974. Até 1972, um pequeno navio a vapor transportava cevada, tonéis vazios e carvão até o cais de Caol Ila, retornando a Glasgow com tonéis cheios de whisky. Hoje em dia, tudo é transportado por rodovia e balsa até a área continental.

Quando Henderson faliu, a destilaria foi assumida por Norman Buchanan, de Glasgow, dono da destilaria Isle of Jura. Em 1863 a destilaria foi comprada pela Bulloch Lade & Co. Após a Primeira Guerra Mundial, a Bulloch Lade decretou falência voluntária e, após várias mudanças de posse, a Caol Ila foi adquirida por The Distillers Company, atual Diageo, em 1927.


Assim como a Ardbeg ficava atrás da Laphroaig quando ambas pertenciam à Allied Domecq, o mesmo aconteceu com a Caol Ila e a Lagavulin na Diageo. Durante anos, a maior destilaria de Islay recebia pouca atenção. Felizmente, isso mudou, com os proprietários da Caol Ila promovendo a destilaria como uma produtora de single malt de alta qualidade.

A destilaria extrai sua água de processamento do Loch nam Ban e a cevada maltada é fornecida sob encomenda pela Port Ellen Maltings, com vários níveis de ação da turfa. O whisky Caol Ila é usado principalmente para os blends da Johnnie Walker e Bell's.


O que pude perceber:
Características: encorpado, palha claro.
Aroma: turfado clássico. Passada a camada de fumaça vem baunilha, frutas cristalizadas e malte. Um frutado de maçãs e peras também aparece, além de frutas vermelhas. Há também um certo mentolado e algumas notas herbais, de gramíneas. Doce e suave. A adição de um pouco de água mascara um pouco os aromas esfumaçados e faz sobressair ainda mais o frutado, agora com uma nota cítrica. Fica mais suave, com malte e madeira bem perceptíveis. Notas de abacaxi, pera e baunilha. Bem adocicado, com frutas vermelhas secas.
Paladar: baunilha, frutas brancas e suculentas, um pouco de condimentos, dando uma pegada picante e finalizando com a fumaça, dando aquela característica tradicional dos maltes de Islay. Doce e suave, sem nenhuma presença de álcool. Com a adição de um pouco de água fica bem sedoso, evidenciando cereais, biscoitos e notas mais adocicadas. Depois, novamente aparece uma certa picância e finaliza novamente com a fumaça, de forma longa e seca.


Whisky fácil de beber apesar da fumaça característica de Islay. Me encantou bastante, mesmo não sendo um whisky com minhas características preferidas. Bastante agradável, embora não seja um whisky simples. É muito bem feito e equilibrado. Para mim, funcionou melhor com a adição de um pouquinho de água.

Por anos ficou à sombra da destilaria Lagavulin mas, por ironia, foi a própria Lagavulin que acabou por promover o whisky Caol Ila como single malt. Quando a demanda por Lagavulin superou a oferta, o Caol Ila surgiu como um substituto. A partir de então, foi dada mais atenção à sua produção e distribuição. Ainda é um pouco difícil de ser encontrado por aqui, mas vale cada centavo.




Caol Ila 12 Anos

Single Malt: Islay Teor Alc 43%

Para equilibrar o aroma de alcatrão e turfa há a doçura do malte e alguns aromas cítricos. Com textura oleosa, além de sabores defumados e de melaço.

sábado, 11 de agosto de 2018

Desvendando Nº 82: Highland Park Einar



A história de Orkney, ilha escocesa onde localiza-se a destilaria Highland Park, está intrinsecamente ligada aos vikings. Na verdade, muitos orcadianos são descendentes diretos do povo nórdico. Orkney fazia parte de um reino escandinavo até que as ilhas foram empenhadas na coroa escocesa por Christian I da Dinamarca como um dote para o casamento de sua filha com James III da Escócia em 1468. Highland Park tem sido parte da rica herança de Orkney desde 1798 e como tal também tem ligações com a história nórdica.

The Warrior Series é uma coleção de single malts criada exclusivamente para Duty Free para mostrar o melhor de Highland Park. Cada expressão introduz uma figura-chave da história Viking de Orkney e demonstra como os sabores de Highland Park são influenciados pelo tipo de barril. A gama apresenta uma quantidade gradualmente crescente de whisky envelhecido em cascos de carvalho europeus temperados com xerez. Todos os seis whiskies são criados para comunicar o sabor característico de Highland Park, ao mesmo tempo em que aproveitam a herança nórdica da marca através do uso de personagens-chave da era Viking.


Nosso whisky em questão é uma homenagem ao conde de Orkney em 1014. EINAR era um guerreiro e governante ousado e implacável, conhecido por se aventurar em viagens longas e era claramente distinguível por seu poderoso machado.

As outras edições da Série Guerreiros são Svein, Harald, Sigurd, Ragnvald e Thorfinn.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: apimentado, caramelo, frutado. Neste frutado entram frutas cítricas, maçãs, frutas vermelhas, abacaxi, peras e ameixas. Realmente o frutado é o que mais predomina no aroma. Depois um pouco de baunilha e malte. O defumado é bem sutil, quase nem se percebe. Bastante suave, nada de álcool, equilibrado. A adição de um pouco de água libera alguns aromas florais, malte e um amadeirado suave. Depois, baunilha. A água ajuda os aromas a ficarem mais suaves e mais frescos.
Paladar: no início vem confirmando o que foi sentido no aroma com relação às frutas, maçã, pera, abacaxi, frutas vermelhas, frutas secas. Novamente o frutado se faz mais presente. Depois baunilha e malte. Percebe-se um pouco de especiarias, bem sutis, que dão um tempero fantástico, finalizando com uma certa picância e um pouquinho de fumaça, bem sutil. A finalização é duradoura, deixando um retro-gosto bem agradável e seco. A adição de um pouco de água faz com que baunilha e frutas como maçãs e peras deem o tom. Uma certa picância é notada e a fumaça diminui um pouco mais. A finalização continua quente, embora agora um pouco mais curta e com menor intensidade. Na segunda prova com água, a fumaça já aparece um pouco mais, marcando a característica da destilaria.


Recomendo na hora de degustação deste whisky a ter um pouco de paciência para esperar que aromas e sabores se abram e se apresentem. Feito isso, desfrute de uma bebida reconfortante. Bastante interessante e de excelente custo x benefício. Mantém o padrão da Highland Park apesar de não ter idade declarada.

Para quem quer desfrutar de um whisky com aromas e sabores frutados, com uma pegada sutil de fumaça, bem equilibrado e sem gastar muito, este é o whisky.




Highland Park Einar

Single Malt Ilhas Teor Alc 40%

Amadurecido em barris de carvalho americanos e europeus temperados com xerez. Sabores quentes de casca de laranja seca e casca de baunilha desdobram-se docemente em cada dose.

sábado, 23 de junho de 2018

Desvendando Nº 81: Tullamore Dew 12 Anos



Tullamore, o nome deriva de tulach mhor, que quer dizer “grande colina”, é uma região produtora de cevada na área central da Irlanda, e a cidade já tinha destilarias em 1790. Seus whiskeys estão bem estabelecidos em diversos países da Europa, principalmente na França, Alemanha e Dinamarca.

A destilaria original foi fundada em 1829. No final do século, a empresa passou para a família do seu gerente-geral, Daniel E. Williams. Suas iniciais formavam um acrônimo interessante e o whiskey passou a ser conhecido como Tullamore “DEW”.


A Tullamore foi uma destilaria inovadora, os donos adotaram o destilador contínuo e, nos anos 50, seu whiskey foi o primeiro whiskey irlandês reformulado em blend. Atualmente, os whiskeys Tullamore são destilados na Midleton Distillery, no condado de Cork.

Com relação ao 12 anos, madeira de xerez e whiskey pot still condimentado predominam neste blend de alta classe, projetado para o mercado premium em free shops.


O que pude perceber:
Características: cor dourada, médio corpo.
Aroma: suave, leve, adocicado, frutado. Frutas vermelhas, uvas passas e baunilha. Aroma bastante equilibrado. Com adição de um pouco de água aparecem notas de cereais, baunilha, abacaxi e malte. Evidenciam-se mais as notas provenientes dos barris ex-bourbon. Continua leve, suave e frutado. Esperando abrir mais um pouco, aparecem abacaxi e maçãs.
Paladar: frutado, com ameixas, um pouco apimentado e seco. O adocicado do aroma não se confirma no paladar, sendo mais seco e picante. A finalização é curta para média. Não há álcool tanto no aroma quanto no paladar. Numa segunda prova, evidenciam-se mais as frutas vermelhas e o final apimentado. Com um pouco de água, aparecem mais abacaxi, maçã e baunilha. Fica menos picante, embora as especiarias ainda estejam presentes. É possível ainda perceber no fundo as notas de frutas secas e frutas vermelhas.

Whiskey muito agradável e fácil de beber. Triplamente destilado, fica bem suave e leve. Embora seja finalizado em cascos de sherry oloroso, os cascos de bourbon é que predominam, com o oloroso aparecendo mais em sua finalização. Ideal para ser apreciado puro ou com uma pedra de gelo. Foge um pouco daquela pegada mais acentuada de cereais característica dos whiskeys irlandeses. O que a meu ver é um ponto positivo uma vez que naqueles whiskeys os grãos é que prevalecem. Dos irlandeses que experimentei até agora, este é o melhor recomendado.




Tullamore Dew 12 Anos

Blend Teor Alc: 40%

Este 12 anos lembra um Jameson premium. A preciosa trindade de pot still, sherry e carvalho está bem em evidência.

domingo, 17 de junho de 2018

Desvendando Nº 80: Glenfiddich 12 Anos



William Grant decidiu abandonar uma carreira de 16 anos na destilaria Mortlach, em 1886, para trabalhar por conta própria. Com mulher e nove filhos para sustentar e um salário de 100 libras por ano, mais 7 libras como cantor da Igreja Livre de Dufftown, precisou economizar muito até conseguir dinheiro para inaugurar a Glenfiddich.

Apanhou pedras das margens do rio Fiddich e alambiques usados da destilaria vizinha, a Cardhu. Produziu seu primeiro spirit no natal de 1887. Desse começo humilde, a Glenfiddich cresceu e se tornou a maior destilaria de malte do mundo.


Em 1899, a destilaria quase quebrou quando seu maior cliente, a Pattison Brothers, de Leith, faliu. Isso injetou um espírito de independência na empresa. Quando William Grant morreu, em 1923, já produzia os próprios blends, vendidos até em países distantes como a Austrália e o Canadá.

Com o mesmo espírito, a empresa começou a fabricar single malts na década de 1960 e foi pioneira nesse mercado. Em vez de fornecer whisky para blends dos gigantes, os donos decidiram ampliar a disponibilidade de seu produto, como single malt. A indústria, dominada na época pelos blends, considerou a iniciativa ridícula. A noção predominante rezava que os single malts eram por demais intensos, saborosos e complexos para ingleses e outros estrangeiros.


O espírito independente serviu de exemplo, e sem ele poucos concorrentes teriam ousado oferecer single malts ao mercado. Apreciadores do gênero tem uma dívida de gratidão com a Glenfiddich. O pioneirismo lançou as bases para o sucesso da marca, Sua boa sorte foi, sem dúvida, reforçada por ser um dos whiskies mais fáceis de beber, entre os malts.

Para atender à demanda, a Glenfiddich passou por uma grande expansão em 1974, quando 16 alambiques novos foram acrescentados. Os alambiques são pequenos e o whisky costuma ser envelhecido em barris de bourbon, embora cerca de 10% vá para barris de xerez. Hoje, a destilaria tem 29 alambiques e capacidade para produzir 10 milhões de litros de álcool puro por ano. O Glenfiddich 12 anos é o whisky single malt mais vendido do mundo, disponível em mais de 200 países.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: frutado, com abacaxi, maçã e pera. Passa uma sensação seca. Seguem aromas de malte, baunilha e caramelo. Frutas secas também apatecem, assim como amêndoas e nozes. Há também um amadeirado bem sutil. Acrescentando um pouco de água abrem-se notas florais. O aroma fica um pouco mais intenso e arredondado. Permanece o frutado natural juntamente com o frutado das frutas secas. O malte agora se faz mais presente. Sente-se um pouco de cereais também.
Paladar: primeiramente amêndoas. Depois vem um frutado característico de maçãs e peras, com um pouco do cítrico do abacaxi. Surgem também um pouco de especiarias para trazer um certa picância. Também se fazem presentes frutas secas, como uvas passas e ameixas. O whisky é bem oleoso ao paladar e a finalização é bastante prolongada, com o frutado e especiarias. Com um pouco de água o que aparece em primeiro lugar agora é o malte, seguido de baunilha, especiarias e só então o frutado. Termina agora de uma forma mais intensa com as especiarias.


Glenfiddich é o termo em gaélico para “vale do cervo”. O 12 anos, é um whisky muito bem recomendado, tanto para iniciantes, que irão gostar muito, quanto para conhecedores mais rodados, que não abrem mão de ter uma garrafa sempre à disposição.

Maturado em cascos de carvalho americano ex-bourbon e carvalho europeu ex-sherry Oloroso, é ao mesmo tempo suave e complexo, sem nenhuma evidência de álcool.

Geralmente é considerado a porta de entrada para os bebedores de single malt. Quase sempre se inicia com Glenfiddich ou com o seu maior rival, o Glenlivet. No entanto, no Brasil a Glenfiddich está levando agora uma grande vantagem. O Glenlivet 12 anos, ao deixar de ser comercializado por aqui, e em seu lugar entrar o Glenlivet Founder's Reserve (que na minha opinião não chega aos pés nem de um nem de outro), fez com que o Glenfiddich reinasse soberano em sua categoria.

Concorrências à parte, é um whisky que não decepciona. Ótimo para o dia a dia, ótimo para ocasiões especiais. Uma bebida versátil.




Glenfiddich 12 Anos

Single Malt: Speyside Teor Alc 40%

Um whisky estilo aperitivo suave, com sabor de malte e gramíneas, além da doçura da baunilha. Bem macio.

domingo, 10 de junho de 2018

Desvendando Nº 79: Grant's Elementary Oxygen 8 Anos



Grant's Elementary Oxygen 8 Anos é um dos três whiskies da série Elementary, criada para destacar os elementos científicos envolvidos no tradicional processo de fabricação de whisky e para demonstrar a influência que cada elemento científico tem no sabor final da bebida. Cada versão explora o impacto de seu elemento declarado no whisky e sua declaração de idade está relacionada à sua posição na Tabela Periódica dos Elementos.

Oxygen difere dos outros whiskies da série por ser um Blended Grain, não há single malt nesta mistura. O oxigênio, lembrando as aulas de química da escola, é o oitavo elemento, é retirado com cuidado do espírito durante o processo de destilação a vácuo exclusivo de William Grant em sua destilaria de grãos, Girvan. Em um ambiente deficiente em oxigênio, a destilação pode ocorrer a uma temperatura mais baixa, produzindo um perfil de sabor adocicado e crocante. William Grant diz que é o oxigênio, ou a falta dele, que dá a esse whisky de grão sua maciez sedosa.

Oxygen foi amadurecido por pelo menos oito anos em barris de carvalho americano ex-Bourbon, é engarrafado a 40% ABV e vem numa garrafa de 1 litro, 20cl e tubos de ensaio de 5cl. Está atualmente disponível nos aeroportos internacionais nas lojas de varejo de viagem.


O que pude perceber:
Características: palha clara, pouco corpo.
Aroma: aroma de grãos característico, suave, seco, palha, cereais, baunilha, mel. Notas de gramíneas podem ser sentidas. Com um pouco de água evidencia mais os cereais, a baunilha, um pouco de mel e um toque frutado. Surge um cheirinho de terra molhada.
Paladar: doce, cereais, herbal, um toque de coco e uma leve pimenta. Com um pouco de água surge no paladar mel, baunilha, coco e um toque apimentado para finalizar. A finalização é um pouco picante.

É raro encontrar whiskies de grãos, principalmente blends. Geralmente os single grains, apesar de raros também, são mais fáceis de serem encontrados. Este é um blended grain jovem e muito bom. Excepcionalmente cremoso e suave no palato, deixa lentamente algumas especiarias tomarem conta, principalmente na finalização.

A química por trás do whisky diz que a ausência do oxigênio faz com que se possa destilar a uma temperatura menor, 84,5ºC ao invés dos normais 100ºC. Segundo esta teoria, desenvolve-se um espírito doce, suave e ao mesmo tempo crocante.

Tirando a parte científica da coisa e partindo mais para a análise sensorial, é um whisky bem suave, aveludado, doce e prazeroso. Fácil de beber. Não há evidência de álcool tanto no aroma quanto no paladar.

É uma pena que só encontremos este whisky se formos viajar. Se estivesse nas prateleiras das lojas a um preço decente, venderia muito. Se estiver viajando e encontrar esta garrafa no aeroporto, não exite, pegue uma garrafa.




Grant's Elementary Oxygen 8 Anos

Blended Grain: Teor Alc 40%

Fresco, limpo, doçura cremosa de baunilha, toque de coco e pera. Encorpado no paladar, entrega uma baunilha suave e cremosa. No final, a baunilha desaparece e dá lugar a especiarias ligeiramente secas.

sábado, 2 de junho de 2018

Desvendando Nº 78: Grant's Elementary Carbon 6 Anos



Carbon 6 Anos é um dos três whiskies que formam a gama Elementary de Grant's que a William Grant & Sons criou para destacar os elementos científicos envolvidos no tradicional processo de fabricação de whisky e para demonstrar a influência que cada elemento científico tem no sabor final da bebida. Cada mistura explora o impacto de seu elemento destacado e sua declaração de idade está relacionada à sua posição na Tabela Periódica dos Elementos.

Carbono ou char, é o sexto elemento, é encontrado na turfa e em barris carbonizados em que o whisky amadurece. Para enfatizar a influência do carbono no whisky, este foi amadurecido exclusivamente em barris de carvalho fortemente carbonizados por pelo menos seis anos. Para esta mistura, o Master Blender da Grant's Brian Kinsman e sua equipe selecionaram single malts premiados, bem como whiskies turfados e de grãos para alcançar o equilíbrio perfeito entre doce e esfumaçado.

O Elementary Carbon 6 anos foi engarrafado a 40% ABV e está disponível em uma garrafa de 1 litro, garrafa de 20cl e tubos de ensaio de 5cl.


O que pude perceber:
Características: cor palha, médio corpo.
Aroma: adocicado, baunilha, malte suave, amadeirado. Whiskies de grãos sutis ao fundo, quase não se nota. Um pouco de mel e açúcar mascavo. Frutado e floral. Com um pouco de água evidencia a baunilha e o mel. Surge chocolate ao leite. Levemente amanteigado, amadeirado, o floral desta vez se sobressai ao frutado. O caráter adocicado permanece e surge uma pontinha de esfumaçado.
Paladar: madeira, picante, mel e baunilha. Macio e suave. Tem uma finalização média, doce, com um pouquinho de fumaça. Com um pouco de água evidencia o floral, a baunilha, surge um pouco de especiarias, trazendo uma certa picância. Fica mais fresco. Finaliza com baunilha, mel, madeira e fumaça sutil.

Whisky suave, fácil de beber, em nenhum momento se percebe a presença de álcool. Lançado exclusivamente para lojas duty free nos aeroportos, é muito interessante notar, em meio a onda de whiskies sem declaração de idade, uma empresa declarar a idade de um blended tão jovem. Mas é muito bem feito e muito agradável. Com certeza possui whiskies mais velhos do que o declarado.

Amadurecido exclusivamente em barris de carvalho fortemente carbonizados. Apesar disso, a fumaça é sutil. No entanto, é deliciosamente doce e macio. O que a carbonização dos barris proporciona e, estes sim podem ser sentidos de uma maneira mais clara, é deixar o whisky doce e amadeirado, com predominância de baunilha e mel. Além disso, o carbono é um filtro natural, o que ajuda a remover as impurezas do whisky e os sabores indesejáveis.

Eu classificaria este whisky como um blended com jeitão de single malt. Excelente aquisição.




Grant's Elementary Carbon 6 Anos

Blend: Teor Alc 40%

Palha, torrada com manteiga e um toque de caramelo no nariz. No paladar, as notas de torrada com manteiga vêm ligeiramente esfumaçadas, unidas por raspas de frutas cítricas e cevada cremosa. Finaliza com açúcar demerara.

sábado, 26 de maio de 2018

Desvendando Nº 77: Glencadam Oloroso Sherry Cask Finish 14 Anos



A destilaria Glencadam foi fundada nos arredores de Brechin, em 1825, um ano depois que a lei de 1824 legalizou a destilação em larga escala. Com o fim da Lochside, em 2005, a Glencadam passou a ser a única destilaria de Angus. A casa fundada por George Cooper permaneceu independente até 1954, quando passou a fazer parte da Hiram Walker e, mais tarde, da Allied Distillers.

Apesar de provavelmente ser mais seguro fazer parte de um grupo, a Glencadam parecia cada vez mais isolada. Acabou por ser fechada em 2000, vítima da superprodução na indústria mas, voltou a funcionar de forma independente em 2003, quando foi comprada pela Angus Dundee.


Ela opera dois pequenos alambiques "pot still" cujos pescoços de cisne inclinam-se de maneira incomum, 15 graus para cima, o que incentiva o refluxo. O whisky excelente, cremoso e sem turfa, é maturado em armazéns ao lado da destilaria em pipas reutilizadas, barris previamente usados para bourbon e alguns tonéis de carvalho europeus de xerez e a maior parte da produção é usada em blends como o Ballantine's.

O que pude perceber:
Características: dourado, encorpado.
Aroma: baunilha, amadeirado, amendoado, chocolate ao leite, caramelo, mel, cereais, frutado, frutas cristalizadas, fresco. Nada de álcool apesar dos 46% ABV. Com um pouco de água aparecem notas de malte, baunilha, caramelo, frutas secas, ameixa, amadeirado suave, uvas e abacaxi.
Paladar: mel, baunilha, cereais, certa picância, chocolate ao leite, frutas cristalizadas, uma finalização que lembra levemente um bourbon misturado com especiarias. Final quente, herbal, com frutas brancas como maçã e pera. Com a adição de água, frutado, aveludado, frutas amarelas em conjunto com frutas vermelhas como amoras e framboesas. Especiarias, baunilha, cereais. Finaliza com frutas secas e uma pitada de pimenta.


Whisky que passa os últimos 16 meses de maturação em cascos de carvalho europeu ex-sherry oloroso, o que enriquece a bebida com as características distintas do xerez. Além disso, não é filtrado a frio e nem possui adição de caramelo.

Muito interessante e poderoso. Uma bebida bastante complexa, com várias nuances de aromas e sabores, chamando a atenção para a influência do xerez oloroso. Whisky doce, bastante aveludado mas que irá trazer uma pancada para quem não está muito acostumado ao sherry ou à força dos 46% ABV. A água dá uma arredondada, tanto para abaixar o teor alcoólico quanto para harmonizar os aromas.

Não é um whisky suave, para o dia a dia. Mas irá agradar quem procura complexidade e algo diferente para saborear fugindo do trivial. Agradeço ao amigo Alexandre Tito que me presenteou com esta garrafa quando de sua visita em minha casa.




Glencadam Oloroso Sherry Cask Finish 14 Anos

Single Malt: Terras Altas Teor Alc 46%

Pimenta e baunilha se juntam numa elegante doçura. Floral e apimentado no palato, com uma sofisticada mistura de baunilha e doçura do xerez. Finaliza com pimenta e especiarias.