Whisky

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segunda-feira, 28 de março de 2016

Desvendando Nº 37: Jura 16 Anos


Como em todas as ilhas hébridas, de qualquer tamanho, houve longa tradição de fabricação de whisky ilegal em Jura antes de a primeira destilaria ser licenciada em 1831. A destilaria fora construída 20 anos antes pelo senhor das terras local, Archibald Campbell, e, depois de muitos tropeços, foi arrendada a James Ferguson, que a recosntruiu em 1875.

Aborrecidos com as duras condições do arrendamento, os Ferguson decidiram vender o negócio em 1901, mas antes retiraram o equipamento de destilação. O proprietário das terras os processou durante os próximos 20 anos.

Enquanto isso, os telhados foram removidos para não pagar tarifas. A cada ano, as esperanças de que o whisky voltasse a ser fabricado na ilha de Jura diminuíram.

No final dos anos 50, dois proprietários de terras de Jura se reuniram para decidir o que poderia ser feito para sustar o declínio constante da população da ilha devido à falta de emprego. Com a ajuda do investimento da Scotish & Newcastle, recrutaram o arquiteto e engenheiro William Delmé-Evans para ressucitar a destilaria.


Embora no mesmo local, ela produziria um whisky diferente do destilado potente e fenólico do passado. Usando malte levemente turfado e alambiques grandes, que aumentavam a razão destilado/cobre, criou-se um whisky de estilo Highland, mais suave.

Situada próxima à extremidade nordeste de Islay, a Jura sempre viveu à sombra da vizinha mais famosa, em especial no que diz respeito ao malt whisky. Não surpreende, portanto, que sua destilaria escolhesse oferecer ao mundo algo diferente dos whiskies musculares e defumados a turfa de Islay. Atualmente, a destilaria está no catálogo da Whyte & Mackey e disponibiliza uma série de edições, entre elas, Superstition, 10, 16 e 21 anos.

O que pude perceber:
Cor: âmbar escuro, médio corpo.
Aroma: café torrado, chocolate amargo, terra molhada. Não senti álcool. Caramelo, açúcar mascavo, mel. Algo de especiarias, picante. Nota-se que há uma complexidade de aromas. Gengibre. Frutas secas. Com um pouco de água, liberou um pouco mais do aroma de frutas secas, seguido do mel e de cereais. Manteve o terroso. Agora, lembra um pouco de bolo com calda de chocolate. Se deixar algum tempo descansando no copo, dá para sentir biscoito de arroz e terra molhada.
Paladar: mel, picante, açúcar mascavo, algo de nozes e então aparece o chocolate amargo. A finalização é picante, quente, com uma leve dormência na boca. Com um pouquinho mais de percepção, sente-se o amadeirado do barril de carvalho. Com a água, mel, açúcar mascavo, frutas e novamente finaliza com uma certa picância. A dormência na boca continua.

É um whisky que dá para ficar horas brincando de desvendar todas as suas nuances. Bastante complexo em aromas e sabores. Alguns ficam escondidos, é preciso driblar certos aromas até chegar a outro. No paladar acontece o mesmo. Não é a toa que é o whisky escolhido para representar o povo de Jura, os Diurachs, como diz o próprio rótulo e como estampa o símbolo na garrafa.


Ele fica maturando por 14 anos em barris de carvalho branco americano antes de passar um final de dois anos em barris de sherry Amoroso Oloroso para ganhar o seu acabamento encorpado.

Eu sou fã confesso da linha Jura, não tanto pelo whisky em si, mas pelo que apresenta em turfa, que eu acho na medida certa para um whisky. Só que este não tem turfa. Então fiquei um pouco decepcionado. O que não quer dizer que não é um bom whisky. Pelo contrário. É um whisky bem rico, que manterá os apreciadores bem ocupados. E para aqueles que não gostam de whiskies turfados, este é uma boa pedida, além de não ser tão caro pelo tempo que passa maturando.

Bom whisky, bom corpo, rico. Meu único senão foi a turfa. Ou ausência dela.






Jura 16 Anos

Single Malt: Ilhas Teor Alc 40%


Um nariz leve de especiarias e cereais, com sabor de nozes que seca no final.

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