Como em
todas as ilhas hébridas, de qualquer tamanho, houve longa tradição
de fabricação de whisky ilegal em Jura antes de a primeira
destilaria ser licenciada em 1831. A destilaria fora construída 20
anos antes pelo senhor das terras local, Archibald Campbell, e,
depois de muitos tropeços, foi arrendada a James Ferguson, que a
recosntruiu em 1875.
Aborrecidos
com as duras condições do arrendamento, os Ferguson decidiram
vender o negócio em 1901, mas antes retiraram o equipamento de
destilação. O proprietário das terras os processou durante os
próximos 20 anos.
Enquanto
isso, os telhados foram removidos para não pagar tarifas. A cada
ano, as esperanças de que o whisky voltasse a ser fabricado na ilha
de Jura diminuíram.
No final
dos anos 50, dois proprietários de terras de Jura se reuniram para
decidir o que poderia ser feito para sustar o declínio constante da
população da ilha devido à falta de emprego. Com a ajuda do
investimento da Scotish & Newcastle, recrutaram o arquiteto e
engenheiro William Delmé-Evans para ressucitar a destilaria.
Embora no
mesmo local, ela produziria um whisky diferente do destilado potente
e fenólico do passado. Usando malte levemente turfado e alambiques
grandes, que aumentavam a razão destilado/cobre, criou-se um whisky
de estilo Highland, mais suave.
Situada
próxima à extremidade nordeste de Islay, a Jura sempre viveu à
sombra da vizinha mais famosa, em especial no que diz respeito ao
malt whisky. Não surpreende, portanto, que sua destilaria escolhesse
oferecer ao mundo algo diferente dos whiskies musculares e defumados
a turfa de Islay. Atualmente, a destilaria está no catálogo da
Whyte & Mackey e disponibiliza uma série de edições, entre elas,
Superstition, 10, 16 e 21 anos.
O que
pude perceber:
Cor:
âmbar escuro, médio corpo.
Aroma:
café torrado, chocolate amargo, terra molhada. Não senti álcool.
Caramelo, açúcar mascavo, mel. Algo de especiarias, picante.
Nota-se que há uma complexidade de aromas. Gengibre. Frutas secas.
Com um pouco de água, liberou um pouco mais do aroma de frutas
secas, seguido do mel e de cereais. Manteve o terroso. Agora, lembra
um pouco de bolo com calda de chocolate. Se deixar algum tempo
descansando no copo, dá para sentir biscoito de arroz e terra
molhada.
Paladar:
mel, picante, açúcar mascavo, algo de nozes e então aparece o
chocolate amargo. A finalização é picante, quente, com uma leve
dormência na boca. Com um pouquinho mais de percepção, sente-se o
amadeirado do barril de carvalho. Com a água, mel, açúcar mascavo,
frutas e novamente finaliza com uma certa picância. A dormência na
boca continua.
É um
whisky que dá para ficar horas brincando de desvendar todas as suas
nuances. Bastante complexo em aromas e sabores. Alguns ficam
escondidos, é preciso driblar certos aromas até chegar a outro. No
paladar acontece o mesmo. Não é a toa que é o whisky escolhido
para representar o povo de Jura, os Diurachs, como diz o próprio
rótulo e como estampa o símbolo na garrafa.
Ele fica
maturando por 14 anos em barris de carvalho branco americano antes de
passar um final de dois anos em barris de sherry Amoroso Oloroso para
ganhar o seu acabamento encorpado.
Eu sou fã
confesso da linha Jura, não tanto pelo whisky em si, mas pelo que
apresenta em turfa, que eu acho na medida certa para um whisky. Só
que este não tem turfa. Então fiquei um pouco decepcionado. O que
não quer dizer que não é um bom whisky. Pelo contrário. É um
whisky bem rico, que manterá os apreciadores bem ocupados. E para
aqueles que não gostam de whiskies turfados, este é uma boa pedida,
além de não ser tão caro pelo tempo que passa maturando.
Bom
whisky, bom corpo, rico. Meu único senão foi a turfa. Ou ausência
dela.
Jura 16
Anos
Single
Malt: Ilhas Teor Alc 40%
Um nariz
leve de especiarias e cereais, com sabor de nozes que seca no final.
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