Um blended whisky, ou
simplesmente blend, é uma mistura de um whisky Single Malt ou mais com um Single
Grain ou mais. Também podem ser fabricados com uma seleção composta apenas de Single
Malts, também chamados de Puros Maltes ou ainda Vatted Malts.
Os primeiros blends
foram produzidos por volta de 1853, por Andrew Usher, um comerciante de whisky
de Edimburgo. Seu Old Vatted Glenlivet costuma ser citado como o primeiro
blend. Charles Mackinlay e W. P. Lowrie também foram pioneiros, assim como
muitas casas do ramo bastante conhecidas hoje, como Johnnie Walker, Dewar’s e
Buchanan’s. Isto só foi possível graças ao alambique contínuo, inventado por
Aeneas Coffey, e às mudanças legislativas que permitiram a prática do blending
com incidência posterior do imposto. O aumento do prestígio dos blends também
se deve, em grande parte, ao colapso da produção de conhaque na França,
resultado da infestação de filoxera nas vinhas europeias na década de 1880. O
whisky passou a ser cada vez mais consumido, no lugar do conhaque.
O advento do blending
também foi o que garantiu o sucesso do whisky escocês. Os consumidores logo
trocaram o whiskey irlandês e os single malts, muito variáveis e de sabor forte
na época, pelos blends, mais leves, baratos e palatáveis. A nova técnica propiciou
uma nova consistência na qualidade da bebida: com a mistura, sempre se consegue
formar um whisky que mantenha seu sabor e características ano a ano,
independentemente de variações dos componentes.
A importância dos
blends é tão grande que destilarias foram compradas ou criadas somente para
atender bebidas populares como o Johnny Walker Red Label, feito a partir do
malt whisky da Cardhu, o Johnny Walker Black Label a partir do malt da
Talisker, o Ballantine’s associado a Ardbeg, o Dewar’s associado a Aberfeldy, o
White Horse a Lagavulin, o Teacher’s a Ardmore...
O segredo de casar
esses puros maltes com outros do mesmo tipo, ou até com alguns whiskies de
grão, para criar um conjunto harmônico, é dever dos mestres misturadores. A
recriação da essência de um blend em cada garrafa é uma tarefa difícil. Os
aromas, o paladar e a textura de uma mistura só podem ser gravados na memória,
e não em uma amostra de referência. Por isso, os Master Blenders são figuras
importantes no mercado da destilação. São mestres em seu ofício, com olfato e
paladar apurados e habilidade de criar excelentes combinações a partir de uma
grande variedade de whiskies.
Entretanto, em virtude
da “moda” criada pelos apreciadores de single malts, muitas vezes os whiskies
blended são tratados com desdém. Isto é ilógico, uma vez que a mistura exige,
como mencionado, toda a perícia do Master Blender. E mais, sem a indústria dos
blends, os single malts não teriam sobrevivido, já que 96% de todo o estoque é
destinado às misturas.
Hoje, mais de 90% dos
whiskies escoceses são blends. Marcas como Johnnie Walker, Chivas Regal,
Dewar’s, Ballantines e Cuty Sark dominam o mercado. No Reino Unido, The Famous
Grouse e Bells concorrem pelo primeiro lugar.
Curiosidades:
Os blends populares,
mais em conta, levam 70% de Grain Whisky, os melhores e mais caros limitam-se a
30% de Grain Whisky, sendo o restante de Malt Whisky.
É comum na Escócia as
destilarias trocarem whiskies entre si para compor os seus blends. Esta
prática, porém, não é adotada no Japão, onde cada destilaria produz uma gama
enorme de whiskies para seus próprios blends.
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