Whisky

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sábado, 12 de maio de 2018

Desvendando Nº 75: Tomatin 12 Anos



Tomatin significa “Colina dos Zimbros” em gaélico, o que descreve seu belo cenário nas Montanhas Monadhliath.

Com 23 alambiques e uma capacidade de 12 milhões de litros, a Tomatin foi o colosso da indústria de whisky de malte. Em 1974, ofuscou até mesmo a Glenfiddich, que continua com capacidade para 10 milhões de litros. Ela se tornou a maior destilaria da Escócia e perdia apenas para a destilaria Hakushu no Japão.

A Tomatin foi fundada em 1897 e levou um tempo para virar gigante. Seus dois alambiques foram aumentados para quatro em 1956. Em seguida, a expansão foi rápida até chegar ao auge, na década de 1970. A Tomatin lutou como uma destilaria independente até 1985, mas um ano depois a casa foi vendida para dois de seus clientes de longa data, Takara Shuzo e Okara & Co., tornando-se a primeira destilaria escocesa em mãos japonesas.


Com 11 alambiques a menos, a produção foi reduzida para 5 milhões de litros. Mesmo assim, é atualmente a segunda maior destilaria da Escócia, sendo ultrapassada pela Glenfiddich. É também uma das destilarias mais altas da Escócia, situando-se a 312 metros acima do mar.

Seus alambiques possuem boil balls integrados nos gargalos, com cintura estreita, para estimular o refluxo. A destilaria também possui sua própria tanoaria, onde tonéis são feitos e mantidos por tanoeiros. O whisky Tomatin é maturado principalmente em tonéis de carvalho americanos, previamente usados para bourbon, com algumas pipas de jerez para conferir uma nota de jerez aos maltes.

Como destilaria de grande porte, a Tomatin desenvolveu um malte abrangente, capaz de atender aos inúmeros blends. Não é o mais complexo nem o mais assertivo dos malts, embora seja bem mais saboroso do que se imagina. Para o iniciante que deseja passar dos single malts mais leves para uma bebida mais marcante, experimentar o Tomatin vale a pena.


O whisky campeão de vendas da Tomatin é o padrão 12 anos. As expressões 18 e 25 anos fazem parte da produção principal, enquanto versões mais envelhecidas e vintages específicos são lançadas esporadicamente.

O que pude perceber:
Características: dourado, cremoso, encorpado.
Aroma: malte, terra molhada, chocolate meio-amargo, amadeirado, amendoado, cereais, frutado, passas, pera e frutas vermelhas. Não há evidência de álcool apesar dos 43% ABV. Além de um certo aroma herbal, possui também frutas cítricas, mel e açúcar mascavo. Com água libera notas de maçã, malte e nozes. Terra molhada, cereais, açúcar mascavo, frutas cítricas, abacaxi e especiarias leves.
Paladar: bastante fresco, nota-se mel, açúcar mascavo, amadeirado, malte, frutado, pera, maçã, frutas secas, ameixas e uma leve picância. Com um pouco de água, sabor herbal, frutas brancas, como maçã e pera, mel e baunilha. Ficou um pouco mais picante, principalmente na finalização, onde deixou a boca um pouco dormente.


Bem sedoso e prazeroso. Experimentei na companhia do amigo Alexandre Tito, grande conhecedor e colecionador de whiskies. Na ocasião, ele levantou a questão de que este whisky se parecia com outro, bem famoso. Então fomos tirar a prova e compará-los. E realmente ambos se parecem muito. Estamos falando do Glenfiddich 12 anos. A semelhança é incrível. Acho que a competição no tamanho e capacidade das destilarias influenciou inclusive no sabor. 

Whisky muito fácil de beber e de um excelente custo x benefício. Uma garrafa para se ter sempre no bar e um verdadeiro curinga. A única diferença gritante em relação ao Glenfiddich, na minha opinião, é a finalização, que no Tomatin é bem picante. Maturado em barris ex-bourbon e ex-jerez, talvez deste último barril venha a sua picância.




Tomatin 12 Anos

Single Malt: Terras Altas Teor Alc 43%

Um malte com o estilo de Speyside, suave, macio e centrado.

sábado, 5 de maio de 2018

Desvendando Nº 74: Glen Deveron 10 Anos



A destilaria Macduff foi construída durante a onda otimista dos anos 1960, quando os destiladores não davam conta de atender à procura. Tem uma aparência industrial em comparação com as destilarias mais refinadas em termos arquitetônicos, construídas na mesma época. Seu interior despojado, livre, tem sido no geral refletido em seus whiskies. Eles também eram puros, despojados, whiskies com gosto de malte. De certa maneira, continuam assim, mas o 10 anos, reformulado em 2002, e atualmente o principal produto da destilaria, apresenta também forte influência de madeira.


O single malt tem o nome de Glen Deveron, que vem de sua fonte de água, o rio Deveron, no leste de Speyside. Grande parte do malt era usada em blends, especialmente da William Lawson, cujos proprietários compraram a destilaria em 1972. Desde então, foi vendida duas vezes, aumentou o número de alambiques para cinco e agora pertence à Bacardi. Várias indicações de idade são produzidas e há ocasionais engarrafamentos com o nome Macduff.

Cevada maltada levemente turfosa é entregue sob encomenda e uma mistura própria de levedura é cultivada e utilizada na fermentação. O whisky é maturado em armazéns ao lado do Deveron em tonéis de bourbon e jerez reutilizados, alguns dos quais são crestados na própria tanoaria da destilaria para se acrescer sabores tostados e de baunilha.


O que pude perceber:
Características: dourado, médio corpo.
Aroma: frutas vermelhas com polpa, terra molhada, adocicado, figo, cereal, madeira sutil, biscoito, herbal. Um pouco de água trás um aroma de malte, um pouco de jerez e deixa um pouco mais seco.
Paladar: frutado, ameixas, herbal, seco, frutas vermelhas secas, cereal, uma leve picância já na finalização, que é média e seca. Um pouco de água evidencia agora uma baunilha, o malte, mel e um pouco de especiarias. Uma sutil fumaça dá para ser percebida, bem no fundo. O final continua médio, com especiarias, mel, malte e um pouco de jerez.


Whisky que me surpreendeu positivamente apesar de sua pouca idade. Mais ainda depois de ter experimentado seu irmão mais velho de 16 anos em uma degustação em São Paulo. A versão de 16 anos decepciona. Talvez por isso eu tenha encarado a degustação do 10 anos um pouco cético. Por esperar menos do que ele entregou é que foi o motivo da surpresa. É um bom whisky, simples, mas bem feito e equilibrado. Agradável. Não há em nenhum momento vestígios de álcool e seus aromas e sabores são bem agradáveis. Uma excelente opção para o dia a dia e um excelente custo x benefício também, principalmente se comparado com a versão de 16 anos. Um belo exemplar para conhecer e ter na coleção.

Um ótimo exemplo de que nem sempre whiskies mais velhos são melhores que whiskies mais jovens. Há que se analisar caso a caso e não generalizar.




Glen Deveron 10 Anos

Single Malt: Terras Altas Teor Alc 40%

Apesar de ser descrito no rótulo como um “Pure Highland Single Malt”, em estilo, trata-se de um whisky clássico, limpo e suave de Speyside.

sábado, 28 de abril de 2018

Desvendando Nº 73: Bowmore Mariner 15 Anos



A destilaria de Islay que resiste há mais tempo foi fundada em 1779 por John Simpson, um misto de fazendeiro, alambiqueiro, construtor, proprietário de pedreira e encarregado de correio. Talvez por isso mesmo a Bowmore permaneceu pequena durante anos. Quando foi comprada por uma empresa de Glasgow, a W. & J. Mutter, em 1837, produzia apenas 3.640 litros por ano. Depois de 50 anos, a produção anual aumentou para 900 mil litros, que eram embarrilados e transportados por navio para o depósito da Mutter, na alfândega embaixo da estação central de Glasgow.

Depois de várias mudanças de proprietários, a destilaria foi comprada pela Stanley P. Morrison e, desde então, tem sido o carro-chefe da Morrison Bowmore, que agora faz parte do grupo japonês de bebidas Suntory. Nas novas mãos, a produção aumentou para cerca de 4 milhões de litros anuais.

A brisa salgada do mar na costa do Indaal, onde se localiza, sopra bem nos depósitos e é provável que um pouco dela penetre nos barris. A água da Bowmore vem do rio Laggan por um aqueduto de 11 Km e é usada para a produção do mosto, esfriar os alambiques e encharcar a cevada. É das poucas destilarias a ter chãos de maltagem próprios. A maioria da cevada chega pré-maltada, mas, em parte, o que torna a Bowmore diferente é que uma proporção da cevada é maltada lá, em chão de pedra, revolvida à mão e secada sobre fogo de turfa. Esta proporção corresponde a 20%, o restante é adquirida de Port Ellen, em Islay.


Grande parte da bebida é transportada em tanques para fora da ilha de Islay, para maturar no continente. Isso se deve a falta de espaço, que diminuiu ainda mais em 1991, quando o depósito nº 3 foi convertido na única piscina pública de Islay, com água aquecida pela reciclagem do calor da destilaria.

Seria difícil comprovar que o fato de a destilaria usar o próprio malte, que possui uma concentração de cerca de 25 ppm, melhora o sabor do whisky. Porém, observar o processo completo, desde a cevada recém mergulhada na água à estufagem com brasas de turfas e sua fumaça densa e azulada, certamente, torna uma visita à destilaria Bowmore muito especial.

O que pude perceber:
Características: cor dourado claro, encorpado.
Aroma: fumaça, salgado, amêndoas, passas. Turfa não muito pronunciada. Nada de álcool. Um pouco de mel e caramelo são sentidos, juntamente com bala toffee. Um frutado também aparece, bem como um amadeirado suave. Com um pouco de água, acentuam-se as frutas secas, ameixas, amadeirado, água do mar, malte e acentua também o adocicado. A fumaça diminui um pouco.
Paladar: caramelo, frutado, amadeirado, amêndoas, um pouco salgado e um fundinho de turfa, também leve. Passas, frutas vermelhas, finalizando com fumaça, sal e frutas secas. Com água, evidencia o malte, o frutado, o amadeirado, surge uma certa picância e finaliza de uma forma quente com um fundinho de fumaça.


Whisky somente encontrado nas lojas Dutty Free. Este exemplar foi um presente do amigo e leitor assíduo César, durante um evento de degustação em São Paulo e que me surpreendeu positivamente.

Não é pesadamente turfado, embora seja de Islay. Há a turfa, mas na medida certa para os que gostam de uma bebida medianamente turfada. É maturado em cascos ex-bourbon e ex-sherry, o que acaba dando um balanço muito bom ao whisky, combinando muito bem suas notas, com picância e um certo adocicado.

Menção também deve ser feita ao seu caráter salgado, daí ser proveniente seu nome, Mariner. Não é um sal de água do mar, mas aquela brisa salgada que sentimos quando estamos à beira-mar.

É uma bebida feita tanto para os apreciadores de turfa como para aqueles que querem experimentá-la pela primeira vez, mas não querem partir para algo mais pesado. Irá agradar bastante.




Bowmore Mariner 15 Anos

Single Malt Islay Teor Alc 43%

Possui aromas de cacau e toffee, com um fundo de fumaça de turfa. No palato, maçã cozida e ruibarbo, com chocolate amargo e carvalho. Finalização prolongada, com gengibre, chocolate amargo e uma pitada de sal.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Desvendando Nº 72: Jim Beam Devil's Cut



A desvantagem de ser uma grande marca é que os aficionados podem deixar de notar a linha inteira. Ainda assim, existe tanta criatividade nas duas destilarias de Beam em Clermont e Boston quanto em qualquer outra fábrica.

Nesta versão, os fabricantes optaram por uma bebida com 45% ABV e turbinada pela adição do próprio espírito absorvido pela madeira. Seria a bebida do próprio diabo?


O que pude perceber:
Características: cor âmbar, encorpado.
Aroma: doce, caramelo, baunilha, madeira. Uma nota de chamuscado é bem proeminente. Bala toffee. Mel. Açúcar mascavo, puxando mais para rapadura. Pão de centeio. Nenhuma evidência de álcool apesar de seus 45% ABV. Com a adição de um pouco de água, evidencia o amadeirado e a baunilha. Fica um pouco mais suave. Surge um aroma terroso e esta adição de água dá uma arredondada no whiskey.
Paladar: baunilha, madeira, mel, toffee, uma certa picância, deixa um ardidinho na boca. A finalização é de açúcar mascavo. No paladar, o álcool não é evidente, assim como não foi no aroma. Melaço. Um pouco de centeio. A água adicionada ao whiskey deixa transparecer um certo frutado. A finalização continua quente, com açúcar mascavo.


Whiskey interessante e intrigante. Lançado em 2011, é composto por 77% de milho, 13% de centeio e 10% de cevada maltada, ainda assim não entrega muita evidência do milho. Também não é muito doce. E a curiosidade fica em cima de seu processo de fabricação, onde é extraída até a última gota de whiskey entranhada nos veios da madeira dos barris, onde permaneceram escondidas por cerca de 6 anos.

Este whiskey “a mais” foi batizado de Devil's Cut, ou a “parte do demônio”, em contrapartida ao Angel's Share, “parte dos anjos”. Enquanto o Angel's Share é o álcool que evapora durante o processo de envelhecimento, o Devil's Cut é o álcool que se esconde nas ranhuras da madeira.


O processo de extração do whiskey entranhado na madeira, chamado de “suar o barril”, consiste em encher os barris de água desmineralizada e ir girando por meios mecânicos. O whiskey irá se misturar à água. Depois, esta mesma água será usada para realizar o corte do destilado, ou seja, reduzir seu ABV para 45%. Este processo acaba por deixar a bebida com um sabor mais amadeirado e mais abaunilhado também, por conter líquido de extremo contato com a madeira. Segundo a Jim Beam, consegue-se extrair até 2 litros de whiskey dos veios da madeira.

Para quem está querendo fugir dos bourbons extremamente doces e convencionais, este é uma excelente pedida para experimentar. O whiskey em si entrega bastante sabor. Apesar também do marketing em cima do processo de extração do líquido entranhado na madeira, há que se reconhecer que existe sim um sabor e aromas diferenciados nesta bebida, o que é mais um apelo para ser conhecido.




Jim Beam Devil's Cut

Bourbon Teor Alc 45%

Aroma de madeira com espessa camada de caramelo, nozes tostadas, frutas cítricas maduras e uma adstringência suave. No paladar, carvalho e caramelo batalham entre si ganhando um toque de canela. A noz do nariz aparece juntamente com algumas frutas escuras e couro. No fundo, baunilha.

sábado, 31 de março de 2018

Desvendando Nº 69: Aberfeldy 12 Anos



A destilaria Aberfeldy foi erguida em 1896 por dois irmãos, John e Tommy Dewar, em uma colina na margem sul do rio Tay, na periferia de Aberfeldy, cidade situada no centro da Escócia. Ela usa água da nascente Pitilie, que servira a outra fábrica, fechada em 1867. Começou seu funcionamento em 1898 com o propósito de fornecer malte para os blends da empresa. O local foi escolhido por sua fonte de água e pela ferrovia que o liga a Perth, onde ficava a sede da empresa. Foi também uma homenagem a John Dewar, que nasceu em um casebre na área e, de acordo com a lenda, foi a pé para Perth em 1828.

A demanda por cevada como alimento básico durante a Primeira Guerra Mundial forçou o fechamento da destilaria em 1917. Reabriu em 1919 e foi adquirida pela Distillers Company Ltd em 1925, mas fechou novamente durante a Segunda Guerra Mundial e assim permaneceu até 1945. Em 1972 a destilaria foi ampliada e os velhos alambiques foram substituídos por quatro novos, de vapor aquecido. Em 1998, a Bacardi comprou a John Dewar & Sons da DIAGEO (antiga DCL) em um negócio de 1 bilhão de libras, que envolveu cinco destilarias de malte e a marca de gim Bombay Sapphire.


O malte Aberfeldy está em toda a linha de blends da família Dewar. O malte é excelente por si só, mas, em razão dos volumes do Dewar’s (mais de 1 milhão de caixas por ano), não é muito visto como single malt. Os quatro alambiques de potes largos produzem um destilado ceroso que reveste a boca.

Em seu longo vínculo com o whisky Dewar’s White Label, a Aberfeldy se tornou efetivamente o mundo do whisky Dewar’s. Um dos principais temas de seu centro de visitantes é justamente Tommy Dewar (1864-1930), provavelmente o maior barão do whisky da história. Tommy foi o primeiro verdadeiro gênio do marketing no ramo do whisky, e seu legado é atualmente celebrado na destilaria.


O centro de visitantes da Aberfeldy é conhecido como Dewar´s World of Whisky (o Mundo do Whisky dos Dewar) e dezenas de milhares de visitantes ao ano vem apenas para conhecê-lo, um projeto que custou cerca de 2 milhões de libras. Este centro serve para a comercialização dos produtos e também para a educação do público sobre o processo de destilação e sobre a história da marca Dewar.

O Aberfeldy 12 anos foi introduzido no mercado em 1999 e é maturado em barris de carvalho espanhóis e americanos.


O que pude perceber:
Características: dourado claro, de pouco para médio corpo.
Aroma: suave de malte, sem evidência de álcool, frutado, com maçãs e peras, notas de baunilha e cereais e um amadeirado sutil. Herbal, adocicado e amanteigado. Chocolate ao leite. Com a adição de um pouco de água fica mais suave, aparece uma baunilha e continuam as notas herbais, como gramíneas. Surge uma nota crocante de cereal, algo como biscoito de maisena. Permanece as notas de malte mas o amadeirado some.
Paladar: levemente picante, malte, madeira, seco, não tão doce quanto sentido no aroma. Gramíneas, herbal. Nota-se nitidamente maçã, frutas secas e um condimentado. Finaliza de uma forma média e picante. Deixa uma nota terrosa, como terra molhada. Com um pouco de água fica um pouco menos picante, evidencia mais o frutado, algumas notas herbáceas. Continua seco e finaliza novamente de forma picante, de média duração, deixando uma leve sensação de dormência na boca.


Whisky intrigante. Abri a garrafa para experimentá-lo e confesso que não me agradou muito. Achei-o um tanto quanto agressivo, tanto no olfato quanto no paladar. Aí veio a ideia de deixá-lo descansando um tempo. Alguns minutos de descanso foram o suficiente para abrandá-lo e liberar os aromas. Apareceu um outro whisky, uma grata surpresa.

Intrigante também é perceber uma suavidade e doçura no olfato e no paladar ser um whisky seco e picante. Uma variação muito grande do que é sentido no olfato e o que é sentido no paladar.

Uma bebida para ser degustada devagar. Com o tempo vão aparecendo nuances de aromas e sabores que não são percebidos logo no início. Deve ser apreciada com calma para aproveitar todo o seu potencial. A garrafa é um charme à parte.




Aberfeldy 12 Anos

Single Malt Terras Altas Teor Alc 40%

A expressão padrão tem um aroma puro de maçã no nariz, além de um caráter frutado e moderadamente encorpado na boca.



sábado, 24 de março de 2018

Desvendando Nº 68: Jura Turas Mara



Estima-se que o cervo vermelho da ilha hebridense de Jura supere a população humana na proporção de 30 para 1. De fato, o nome Jura significa “ilha do cervo” em nórdico. A atual destilaria foi estabelecida em 1810 e a população era, então, de cerca de mil habitantes. Hoje, é de cerca de um quarto disso.

Usando malte levemente turfoso, a destilaria produz um whisky leve, seco, que não é típico de outros maltes de ilha e é responsável pelo único setor produtivo de Jura depois da agricultura e da pesca. Após um período de fechamento, entre 1918 e 1960, foi reconstruída em 1960 e ampliada nos anos 1970 para 4 grandes alambiques que são mais como os de uma destilaria das Highland do que os de suas vizinhas em Islay.


Existem várias expressões do Jura e, recentemente, a destilaria anunciou a adoção de um novo portfólio para a marca. Já o Turas Mara é um whisky feito originalmente para ser exclusivo de varejo de viagem.

Turas Mara é gaélico escocês para “longa jornada” e homenageia os ilhéus que emigraram para a América do Norte durante os séculos XVIII e XIX. Para homenagear sua longa jornada, o Jura Turas-Mara foi lançado em 2013 exclusivamente em lojas duty-free selecionadas para aqueles que embarcam em sua própria jornada. A garrafa exibe uma bússola como simbologia.


Engarrafado com um ABV de 42% e amadurecido em uma mistura de barris de bourbon, barris de xerez, barris de carvalho francês e barris de Porto, este é um whisky frutado e complexo. A escolha de um grande número de barris diferentes reflete o sabor exótico e único que vem das madeiras provenientes de todo o mundo.

O que pude perceber:
Características: cor dourada, pouco corpo.
Aroma: frutado, picante, amêndoas, frutas secas, ameixas pretas em compota. Cítrico, baunilha, mel e frutas vermelhas. Além de um adocicado, há também um aroma herbal, de gramíneas. Percebe-se também que é um whisky seco. A adição de um pouco de água evidencia o herbal e a sensação de whisky seco. Baunilha, açúcar mascavo e mel. Aparece um aroma de uvas brancas e também um amadeirado. As ameixas pretas persistem.
Paladar: quente, seco, ameixas pretas, caramelo, açúcar mascavo, um pouco de baunilha, finalizando com uma sensação de frutas vermelhas suculentas. Aparece um frutado cítrico, uma mistura de abacaxi, pera e maçãs. Com um pouco de água continua quente e picante, com canela dando o tom. Frutado, com frutas suculentas presentes o tempo todo, ameixas pretas, uvas acentuadas, misturadas com um pouco de baunilha. Finaliza de forma quente e picante e, desta vez, deu para sentir uma leve fumaça, algo bem sutil. Na verdade, não há quase nada de fumaça.

É um whisky que tem uma profusão de aromas e sabores. Muito se deve à sua finalização em diferentes tipos de barril. São quatro tipos: barris de carvalho americano ex-bourbon, barris de carvalho espanhol ex-xerez, barris franceses ex-bordeaux e barris ex-porto Ruby.


O tempo todo o whisky apresenta uma sensação de frutas suculentas, doce, que preenche a boca. Com 42% ABV, o álcool não é sentido. Eu diria que não é necessário adicionar água, mas esta foi fundamental para deixar o whisky mais equilibrado. É uma versão um pouco diferente ao que se está acostumado dos Jura, mas é muito prazerosa de se apreciar.

A mistura de diversos barris ficou bem interessante, dando para perceber as notas que cada um entrega, com a curiosidade do Barril ex-bourdeaux, que não é muito visto, ao contrário dos demais. O que eu pude perceber e distinguir que era proveniente dele foram as notas de uva, que para mim eram brancas. Mas o que prevaleceu mesmo foram as notas provenientes do ex-xerez, inclusive dando um certo amargor ao whisky.

No geral, um bom whisky para conhecer e apreciar.




Jura Turas Mara

Single Malt Teor Alc 42%

No aroma, frutas frescas como ameixas, uvas pretas e cerejas com baunilha e notas de caramelo. No paladar, muita baunilha, mel e chocolate.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Desvendando Nº 58: Bulleit Bourbon


O Bulleit Bourbon tem suas origens em Nova Orleans, local de chegada da família Bulleit, que imigrara da França no século XVIII. Augustus Bulleit mudou-se para Louisville, no Kentucky, em 1830, e começou a produzir bourbon com a própria receita. É importante lembrar que naquela época o bourbon era destilado em pequenos lotes, método que tem sido resgatado nos dias atuais por muitas empresas.

Augustus chegara ao Kentucky no momento histórico certo: viajantes que seguiam rumo ao oeste do país atravessavam o estado e levavam consigo a boa fama da bebida. Infelizmente isso não duraria muito. Em 1860 Augustus estava indo do Kentucky para Nova Orleans com um carregamento de barris e morreu no caminho, fato que levou também à morte a destilaria Bulleit.

Mas, como toda boa história que se preze, esse não foi o fim da marca de whiskey. Os casos daquele whiskey único passavam de pai para filho e a família sonhava em reerguer a marca. Em 1987, mais de 100 anos após a morte de Augustus, Tom Bulleit, tataraneto de Augustus e dono da Four Roses Distillery, finalmente recomeçou a produção do destilado.


O Bulleit é criado com no mínimo 51% de milho, mas tem alto teor de centeio, cerca de 29%, o que dá a bebida o gosto e o aroma tão característicos. O whiskey é colocado em barris de carvalho branco americano e estocado num armazém tradicional de somente um andar, o que assegura que todo o whiskey mature na mesma proporção, produzindo assim um estilo bem consistente.

A garrafa do Bulleit tem forma oval, parecida com as usadas no meio do século XIX. A Seagram comprou a marca e a repassou para a Diageo.

O que pude perceber:
Características: cobre, médio corpo.
Aroma: amadeirado, doce, baunilha. Um pouco de álcool é percebido, mas nada que incomode. Picante. Canela. Aroma de bolo recém-tirado do forno. Um pouco seco. O clássico bourbon só é lembrado sutilmente. A adição de um pouco de água, além de diminuir o teor alcoólico, libera e realça alguns aromas. Agora aparece um caramelo, baunilha, mel e açúcar mascavo. O álcool desaparece no olfato. Continua doce, mas ficou mais redondo e um pouco menos picante.
Paladar: seco, especiarias, canela. Desta vez, em nada lembra os bourbons standards. O álcool não se mostra evidente. Finaliza com uma sensação de aquecimento da boca e de uma forma longa. A adição de um pouco de água deixa a bebida mais palatável, quebra um pouco a força dos 45% de álcool, deixa mais suave e sedoso, terminando com um pouco de especiarias, de forma média e com menos aquecimento da boca. Embora o amadeirado e a baunilha continuem, juntamente com o caramelo, ficou menos doce e melhor de ser apreciado.


Whiskey que eu tinha uma certa curiosidade em conhecê-lo, fazendo boas expectativas sobre ele. Muito aguardado e comentado quando chegou ao Brasil. Mas confesso que esperava outro nível de sabor, por conter uma proporção maior de centeio em sua composição. Esperava algo mais seco e picante, com menos doçura, menos sabor de milho e baunilha. Não encontrei exatamente isso, mas também não posso dizer que me decepcionei com a bebida, apenas não atendeu minhas expectativas. É um bourbon muito bem feito.

Por isso, posso dizer que é um excelente bourbon para quem está querendo sair do trivial, das marcas mais encontradas no mercado, porque esta bebida está um patamar bem acima. Por enquanto, dos bourbons apresentados aqui no blog, ele está no topo.




Bulleit Bourbon

Bourbon Teor Alc 45%


Aromas ricos, de carvalho, levam a um sabor adoçado, formado entre a baunilha e o mel. O final de média duração possui baunilha e uma pitada de fumaça.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Desvendando Nº 57: Grant's Classic 18 Anos


Mais um review de um whisky que eu gosto muito, inclusive de suas variações e lançamentos diferenciados. Já falei bastante sobre ele aqui e ainda irei falar mais. Trata-se do Grant's, e em particular, hoje, do Grant's Classic 18 Anos.

Não coloquei todas as informações sobre a marca neste post para não ficar repetitivo mas, quem tiver curiosidade e quiser saber a história da empresa bem como outros reviews da marca, pode rever os outros artigos sobre Grant's clicando em Grant's Cask Editions Ale Cask Finish Nº 1, Grant's Cask Editions Sherry Cask Finish Nº 2 e Grant's Family Reserve.

O que pude perceber:
Características: cobre, encorpado, oleoso.
Aroma: fragrância suave, rico, complexo, com mel e especiarias, em seguida, notas delicadas e profundas de frutas. Ameixas, passas, frutas pretas, frutas secas, uvas maduras. Doce, malte, biscoitos de maisena. Amadeirado e seco. Nada de álcool. Os whiskies de grãos fazem um fundo quase imperceptível. Um pouco de chocolate meio amargo. Uma ligeira sugestão de Porto Rubi. Adicionando um pouco de água o que se evidencia são as notas de cereais. Continua o amadeirado e o frutado, com frutas de bastante polpa. Ameixas pretas continuam a dar o tom.
Paladar: macio, suave e ao mesmo tempo encorpado, aveludado, doce com uma certa picância e finalização longa. As frutas pretas como ameixas e passas dão o tom no sabor. Mel, chocolate, um pouco de baunilha e cereais dos whiskies de grãos e as uvas. O final deste whisky deixa uma sensação sedosa na boca, longa, quente e elegante. Notas de um vinho do Porto rico. Com a adição de água, os cereais são realçados, além da baunilha e as notas de especiarias. Diminuiu um pouco a intensidade da finalização que continua picante, mas de uma forma mais suave. Amadeirado e chocolate meio amargo permanecem, juntamente com as passas.


Whisky maturado por no mínimo 18 anos em barris que antes continham bourbon e com uma finalização em barris que antes continham vinho do Porto. A garrafa tem um estilo neo-vitoriano que faz deste scotch uma decoração real em qualquer estante ou armário de bebidas.

É tão equilibrado e suave que não me atrevi a experimentá-lo com gelo. Extremamente complexo, sedoso, suave, aveludado, redondo, e um tanto quanto doce. É preciso tempo para degustar e apreciar tudo o que esta bebida tem a oferecer. O envelhecimento de 18 anos, os 43% de teor alcoólico e a finalização em barris que antes continham vinho do Porto fazem toda a diferença.

Esta garrafa foi adquirida da filha de um colecionador que havia guardado por muito tempo. Hoje, o rótulo está um pouco diferente e a graduação alcoólica baixou para 40%. É outro whisky. Quem tiver a oportunidade de apreciar esta garrafa na versão mais antiga, não irá se arrepender.




Grant's Classic 18 Anos

Blend Teor Alc 43%


Um whisky com equilíbrio perfeito e sabor profundo considerável. Rico e comppletamente encorpado, com notas frutadas dos barris de vinho do Porto nos quais esta bebida é finalizada.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Desvendando Nº 56: Grand Old Parr 12 Anos

“Mantenha a cabeça fria por meio da temperança e os pés quentes com exercício. Levante-se cedo, durma cedo e, se quiser prosperar, fique de olhos abertos e boca fechada”.


Este era o lema e guia de vida de Thomas Parr, lendária figura de inglês folclórico cujo túmulo encontra-se na abadia de Westminster e que, segundo uma tradição inverossímil, teria vivido 152 anos, entre 1483 e 1635.

Em 1871, o nome de Old Parr foi tomado emprestado por dois blenders famosos, os irmãos Greenlees, para ser usado no whisky da dupla. Agora, sob o comando dos gigantes industriais da Diageo, a marca continua a fazer sucesso no Japão, na Venezuela, no México e na Colômbia. No Brasil também tem seus seguidores que apreciam o estilo distinto da bebida.

Com sua garrafa de desenho especial, de seção quadrada e vidro marrom, tem por base o single malt Cragganmore.

O que pude perceber:
Características: dourado, reflete a cor da sua caixa. Encorpado, bem oleoso.
Aroma: um álcool bem sutil seguido de um amadeirado. Malte, amêndoas, chocolate amargo. Um pouco esfumaçado. Um pouco de frutas cítricas também aparece. O acréscimo de um pouco de água libera os aromas dos whiskies de grãos, com notas características de cereais crocantes. O álcool fica suavizado, quase imperceptível. Torna-se mais herbáceo, mais floral. A fumaça se contraiu bastante.
Paladar: uma profusão de sabores. Amadeirado, frutado, uma mistura de frutas cítricas com um pouco de frutas cristalizadas, ameixa, biscoito, malte e um pouco de fumaça. Aparecem notas de baunilha no fundo e finaliza com uma certa picância. Amêndoas e chocolate ao leite estão presentes na finalização. Com um pouco de água se torna outro whisky. Ênfase mais nos florais, nos cereais, com um toque condimentado e a fumaça aparecendo somente na finalização. O whisky deixa na boca um certo gosto de frutas cristalizadas, algo parecido com ameixas secas.


Sempre ouvi em vários reviews que este é um whisky para se beber com gelo. Não sou muito adepto da inserção de gelo no whisky mas vamos testar para ver o que acontece e até mesmo para ter informação para os leitores.
O gelo de cara faz com que os aromas se contraiam. Por outro lado, deixa o whisky mais refrescante. Volta o aroma do malte e da madeira. A fumaça não está presente. Há um fundo dos whiskies de grãos, que aparecem sutilmente.
No paladar voltam as frutas cítricas e agora talvez uma maçã ou abacaxi. Um pouco de ervas também podem ser notadas, ervas verdes, de tempero. Um defumado muito sutil na finalização.

É um whisky bastante conceituado e apreciado no nordeste. Aqui no sudeste, nem tanto. No sul, talvez poucos o conheçam. Na minha opinião, um excelente blended para a sua categoria, na faixa dos 12 anos e um ótimo custo benefício para torná-lo o whisky do dia a dia. Dá para encontrá-lo mais barato que sua concorrência, levando assim muita vantagem. Ele entrega bastante aroma e sabor a um preço relativamente em conta.

Considerei um whisky complexo em seu aroma e paladar. Há muita coisa para distinguir fazendo uma degustação com calma. Dá para brincar bastante com este whisky, porém achei que a água e o gelo não funcionaram muito bem para ele. Preferi apreciá-lo puro. Para mim, funciona melhor. A água e o gelo mascaram muito de seus aromas e sabores.

Tudo bem, no nordeste é quente, adicione gelo. Em baladas ou festinhas, onde não se está prestando atenção nas nuances da bebida, adicione gelo. Mas se quiser apreciá-lo em toda a sua plenitude, tente puro.

Ah, mas este não é um whisky para ser apreciado, degustado, é um blended. Qualquer whisky pode ser apreciado. Vai do gosto de cada um. Se há um whisky que você possua no momento e é o que faz você feliz, não importa qual, aprecie. Com moderação.




Grand Old Parr 12 Anos

Blend Teor Alc 40%


Malte acentuado, uva passa e notas de laranja no nariz, com alguma maçã, toques de frutas secas e talvez turfa. Vigoroso no palato, com sabores de malte, uva passa, caramelo queimado e açúcar mascavo.

domingo, 4 de junho de 2017

World Whisky Day: parte 2


Continuando as comemorações do dia mundial do whisky participei, no último dia 20 de maio, de uma degustação muito bem conduzida pelo Mestre Mauricio Porto, do blog O Cão Engarrafado.


O evento foi realizado no Admiral's Place em São Paulo, bar anexo ao restaurante Sal Gastronomia, do badalado Chef Henrique Fogaça, um dos jurados do programa MasterChef Brasil.


Os rótulos apreciados foram o bourbon Woodford Reserve, o blended japonês Kakubin e os single malts Glenmorangie Quinta Ruban 12 Anos, Glen Deveron 16 Anos e Ardbeg Ten.

Cesar Adames, Mauricio Porto, Alexandre Tito, Michel Texier, Michel Hansen

Além da apresentação teórica sobre princípios de degustação e análise sensorial, produção, leitura de rótulos e curiosidades, as bebidas foram harmonizadas com queijos especiais, chocolates e salmão curado caseiro.

Cesar, Michel, Fabio (Gerente do Admiral's Place), Alexandre


As degustações dirigidas são uma ótima oportunidade para conhecer aromas e sabores, desenvolver novas percepções e aumentar o conhecimento sobre determinada bebida.

Neste evento, tive ainda o privilégio de rever velhos amigos e de conhecer aqueles que, até então, só havia tido contato através das redes sociais. Uma grata satisfação.

domingo, 30 de abril de 2017

3° aniversário

E já se passaram três anos de estudo, aprendizado, degustações, diversão e aquisição de novas amizades. Hoje o blog Desvendando Whisky completa três anos de existência.

Um brinde

Tudo começou com uma curiosidade e uma constatação: a curiosidade sobre a bebida e a constatação de não haver na internet, em língua portuguesa, onde encontrar informações sobre ela. Assim como eu, outras pessoas na mesma situação poderiam ter a mesma necessidade de conhecer mais a respeito da bebida e não ter onde buscar informação. Aí veio o pensamento: e se eu mesmo pudesse disponibilizar o material?

Obviamente que outros pensamentos vieram à mente. Como disponibilizar informação se nem mesmo as possuo? Como ter um ponto de partida? Foi então que adquiri meu primeiro livro sobre whisky, O Livro do Whisky, de Charles MacLean. Mas era um livro praticamente dedicado à notas de degustação. Eu queria mais conteúdo. E assim, comecei a caçar em livrarias os livros disponíveis sobre o assunto. E encontrei muitos bons livros.

Cerveja e Licor de Whisky

O segundo desafio foi: como falar sobre uma bebida que não é muito bem explorada no mercado brasileiro? Como adquirir exemplares? E assim, comecei agora a caçada por exemplares de whisky para poder falar com propriedade, experimentando. Para isso, contei com a ajuda de vários amigos, que ou traziam de viagens, ou convidavam para degustações, eventos, etc.

O terceiro desafio, e talvez o mais difícil deles: como escrever e passar credibilidade aos leitores. Neste momento me veio à mente as palavras de um colega: “na vida, você só não é aquilo que você não quer ser”. Então eu quis ser um conhecedor de whisky. E comecei a aprender escrevendo sobre whisky. O blog me ajuda muito neste sentido, pois o caminho é árduo e estou apenas no começo.

Wild Turkey 101, BenRiach Curiositas 10 Anos, Grant´s Oxygen 8 Anos, Grant´s Carbon 6 Anos

Inicialmente uma ferramenta de transmissão de conhecimentos, tornou-se, com o tempo, uma ferramenta de aproximação de pessoas com o mesmo interesse. Amizades foram surgindo, grupos foram criados, encontros foram promovidos. Paralelo a tudo isso, novos blogs e canais foram surgindo. Todos agregando e complementando um ao outro. Embora com estilos e apresentações diferentes, o objetivo é o mesmo: informar e trocar experiências. E tive a honra de conhecer cada um deles.

Aproveito a oportunidade também para esclarecer, e é sempre bom deixar bem claro, que tudo o que se escreve em um blog, principalmente no que tange às degustações, nada mais é que uma percepção pessoal do degustador, que descreve o que sente baseado em suas experiências. Então, por óbvio, as impressões pessoais variam de pessoa para pessoa, e o que funciona para mim pode não funcionar tão bem para outro e assim por diante. Gosto não se discute. Então, apesar de servir como uma baliza e um primeiro contato com determinado tipo de produto, nada do que for escrito substituirá a experimentação por parte de cada pessoa. Cada um deve experimentar e tirar suas próprias conclusões, descobrir o que funciona e o que não funciona para o seu paladar.

Cohiba Esplendidos e Partagas Coronas Senior

Para não ficar na mesmice, muito didatismo e notas de degustações, procurei na medida do possível colocar notícias da Escócia, de lançamentos e inovações na indústria do whisky. Claro que, muitos destes lançamentos não passam nem perto aqui do Brasil mas, vivemos num mundo onde as viagens ficaram mais fáceis, então, se não nós mesmos, sempre tem alguém que faz uma ou outra viagem para o velho mundo e, quem sabe, possa trazer na bagagem uma destas preciosidades.

Além disso, cresce muito a importância dos debates, da troca de opiniões, da promoção de encontros de degustações para um bom bate papo. Nesta linha de pensamento, e para coroar o aniversário de três anos, tive a sorte de reunir em minha casa, no último feriado, mais precisamente dia 21 de abril, grandes amigos para uma conversa amigável regada a cerveja, charutos, petiscos e, é claro, whisky. As fotos deste post ilustram um pouco deste encontro.

Michel, Michel, Giovanni e Rony

Estiveram presentes, vindos diretamente do Chile, os amigos Michel Texier e Rony Núñes Mesquida, grandes conhecedores de bebidas em geral e charutos, e o colega e apreciador de charutos Giovanni Kogempa Zattoni. Foi uma noite memorável, com muita descontração e troca de conhecimentos incríveis, o que fez com que não víssemos a hora passar e ficássemos até quase o amanhecer.


Espero que estas experiências se repitam e que eu possa cada vez mais ter conteúdo para desenvolver aqui no blog pois, apesar de ser um hobby, é onde aprendo bastante. Um abraço a todos e continuem acompanhando.