Whisky

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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Desvendando Nº 58: Bulleit Bourbon


O Bulleit Bourbon tem suas origens em Nova Orleans, local de chegada da família Bulleit, que imigrara da França no século XVIII. Augustus Bulleit mudou-se para Louisville, no Kentucky, em 1830, e começou a produzir bourbon com a própria receita. É importante lembrar que naquela época o bourbon era destilado em pequenos lotes, método que tem sido resgatado nos dias atuais por muitas empresas.

Augustus chegara ao Kentucky no momento histórico certo: viajantes que seguiam rumo ao oeste do país atravessavam o estado e levavam consigo a boa fama da bebida. Infelizmente isso não duraria muito. Em 1860 Augustus estava indo do Kentucky para Nova Orleans com um carregamento de barris e morreu no caminho, fato que levou também à morte a destilaria Bulleit.

Mas, como toda boa história que se preze, esse não foi o fim da marca de whiskey. Os casos daquele whiskey único passavam de pai para filho e a família sonhava em reerguer a marca. Em 1987, mais de 100 anos após a morte de Augustus, Tom Bulleit, tataraneto de Augustus e dono da Four Roses Distillery, finalmente recomeçou a produção do destilado.


O Bulleit é criado com no mínimo 51% de milho, mas tem alto teor de centeio, cerca de 29%, o que dá a bebida o gosto e o aroma tão característicos. O whiskey é colocado em barris de carvalho branco americano e estocado num armazém tradicional de somente um andar, o que assegura que todo o whiskey mature na mesma proporção, produzindo assim um estilo bem consistente.

A garrafa do Bulleit tem forma oval, parecida com as usadas no meio do século XIX. A Seagram comprou a marca e a repassou para a Diageo.

O que pude perceber:
Características: cobre, médio corpo.
Aroma: amadeirado, doce, baunilha. Um pouco de álcool é percebido, mas nada que incomode. Picante. Canela. Aroma de bolo recém-tirado do forno. Um pouco seco. O clássico bourbon só é lembrado sutilmente. A adição de um pouco de água, além de diminuir o teor alcoólico, libera e realça alguns aromas. Agora aparece um caramelo, baunilha, mel e açúcar mascavo. O álcool desaparece no olfato. Continua doce, mas ficou mais redondo e um pouco menos picante.
Paladar: seco, especiarias, canela. Desta vez, em nada lembra os bourbons standards. O álcool não se mostra evidente. Finaliza com uma sensação de aquecimento da boca e de uma forma longa. A adição de um pouco de água deixa a bebida mais palatável, quebra um pouco a força dos 45% de álcool, deixa mais suave e sedoso, terminando com um pouco de especiarias, de forma média e com menos aquecimento da boca. Embora o amadeirado e a baunilha continuem, juntamente com o caramelo, ficou menos doce e melhor de ser apreciado.


Whiskey que eu tinha uma certa curiosidade em conhecê-lo, fazendo boas expectativas sobre ele. Muito aguardado e comentado quando chegou ao Brasil. Mas confesso que esperava outro nível de sabor, por conter uma proporção maior de centeio em sua composição. Esperava algo mais seco e picante, com menos doçura, menos sabor de milho e baunilha. Não encontrei exatamente isso, mas também não posso dizer que me decepcionei com a bebida, apenas não atendeu minhas expectativas. É um bourbon muito bem feito.

Por isso, posso dizer que é um excelente bourbon para quem está querendo sair do trivial, das marcas mais encontradas no mercado, porque esta bebida está um patamar bem acima. Por enquanto, dos bourbons apresentados aqui no blog, ele está no topo.




Bulleit Bourbon

Bourbon Teor Alc 45%


Aromas ricos, de carvalho, levam a um sabor adoçado, formado entre a baunilha e o mel. O final de média duração possui baunilha e uma pitada de fumaça.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Desvendando Nº 57: Grant's Classic 18 Anos


Mais um review de um whisky que eu gosto muito, inclusive de suas variações e lançamentos diferenciados. Já falei bastante sobre ele aqui e ainda irei falar mais. Trata-se do Grant's, e em particular, hoje, do Grant's Classic 18 Anos.

Não coloquei todas as informações sobre a marca neste post para não ficar repetitivo mas, quem tiver curiosidade e quiser saber a história da empresa bem como outros reviews da marca, pode rever os outros artigos sobre Grant's clicando em Grant's Cask Editions Ale Cask Finish Nº 1, Grant's Cask Editions Sherry Cask Finish Nº 2 e Grant's Family Reserve.

O que pude perceber:
Características: cobre, encorpado, oleoso.
Aroma: fragrância suave, rico, complexo, com mel e especiarias, em seguida, notas delicadas e profundas de frutas. Ameixas, passas, frutas pretas, frutas secas, uvas maduras. Doce, malte, biscoitos de maisena. Amadeirado e seco. Nada de álcool. Os whiskies de grãos fazem um fundo quase imperceptível. Um pouco de chocolate meio amargo. Uma ligeira sugestão de Porto Rubi. Adicionando um pouco de água o que se evidencia são as notas de cereais. Continua o amadeirado e o frutado, com frutas de bastante polpa. Ameixas pretas continuam a dar o tom.
Paladar: macio, suave e ao mesmo tempo encorpado, aveludado, doce com uma certa picância e finalização longa. As frutas pretas como ameixas e passas dão o tom no sabor. Mel, chocolate, um pouco de baunilha e cereais dos whiskies de grãos e as uvas. O final deste whisky deixa uma sensação sedosa na boca, longa, quente e elegante. Notas de um vinho do Porto rico. Com a adição de água, os cereais são realçados, além da baunilha e as notas de especiarias. Diminuiu um pouco a intensidade da finalização que continua picante, mas de uma forma mais suave. Amadeirado e chocolate meio amargo permanecem, juntamente com as passas.


Whisky maturado por no mínimo 18 anos em barris que antes continham bourbon e com uma finalização em barris que antes continham vinho do Porto. A garrafa tem um estilo neo-vitoriano que faz deste scotch uma decoração real em qualquer estante ou armário de bebidas.

É tão equilibrado e suave que não me atrevi a experimentá-lo com gelo. Extremamente complexo, sedoso, suave, aveludado, redondo, e um tanto quanto doce. É preciso tempo para degustar e apreciar tudo o que esta bebida tem a oferecer. O envelhecimento de 18 anos, os 43% de teor alcoólico e a finalização em barris que antes continham vinho do Porto fazem toda a diferença.

Esta garrafa foi adquirida da filha de um colecionador que havia guardado por muito tempo. Hoje, o rótulo está um pouco diferente e a graduação alcoólica baixou para 40%. É outro whisky. Quem tiver a oportunidade de apreciar esta garrafa na versão mais antiga, não irá se arrepender.




Grant's Classic 18 Anos

Blend Teor Alc 43%


Um whisky com equilíbrio perfeito e sabor profundo considerável. Rico e comppletamente encorpado, com notas frutadas dos barris de vinho do Porto nos quais esta bebida é finalizada.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Desvendando Nº 56: Grand Old Parr 12 Anos

“Mantenha a cabeça fria por meio da temperança e os pés quentes com exercício. Levante-se cedo, durma cedo e, se quiser prosperar, fique de olhos abertos e boca fechada”.


Este era o lema e guia de vida de Thomas Parr, lendária figura de inglês folclórico cujo túmulo encontra-se na abadia de Westminster e que, segundo uma tradição inverossímil, teria vivido 152 anos, entre 1483 e 1635.

Em 1871, o nome de Old Parr foi tomado emprestado por dois blenders famosos, os irmãos Greenlees, para ser usado no whisky da dupla. Agora, sob o comando dos gigantes industriais da Diageo, a marca continua a fazer sucesso no Japão, na Venezuela, no México e na Colômbia. No Brasil também tem seus seguidores que apreciam o estilo distinto da bebida.

Com sua garrafa de desenho especial, de seção quadrada e vidro marrom, tem por base o single malt Cragganmore.

O que pude perceber:
Características: dourado, reflete a cor da sua caixa. Encorpado, bem oleoso.
Aroma: um álcool bem sutil seguido de um amadeirado. Malte, amêndoas, chocolate amargo. Um pouco esfumaçado. Um pouco de frutas cítricas também aparece. O acréscimo de um pouco de água libera os aromas dos whiskies de grãos, com notas características de cereais crocantes. O álcool fica suavizado, quase imperceptível. Torna-se mais herbáceo, mais floral. A fumaça se contraiu bastante.
Paladar: uma profusão de sabores. Amadeirado, frutado, uma mistura de frutas cítricas com um pouco de frutas cristalizadas, ameixa, biscoito, malte e um pouco de fumaça. Aparecem notas de baunilha no fundo e finaliza com uma certa picância. Amêndoas e chocolate ao leite estão presentes na finalização. Com um pouco de água se torna outro whisky. Ênfase mais nos florais, nos cereais, com um toque condimentado e a fumaça aparecendo somente na finalização. O whisky deixa na boca um certo gosto de frutas cristalizadas, algo parecido com ameixas secas.


Sempre ouvi em vários reviews que este é um whisky para se beber com gelo. Não sou muito adepto da inserção de gelo no whisky mas vamos testar para ver o que acontece e até mesmo para ter informação para os leitores.
O gelo de cara faz com que os aromas se contraiam. Por outro lado, deixa o whisky mais refrescante. Volta o aroma do malte e da madeira. A fumaça não está presente. Há um fundo dos whiskies de grãos, que aparecem sutilmente.
No paladar voltam as frutas cítricas e agora talvez uma maçã ou abacaxi. Um pouco de ervas também podem ser notadas, ervas verdes, de tempero. Um defumado muito sutil na finalização.

É um whisky bastante conceituado e apreciado no nordeste. Aqui no sudeste, nem tanto. No sul, talvez poucos o conheçam. Na minha opinião, um excelente blended para a sua categoria, na faixa dos 12 anos e um ótimo custo benefício para torná-lo o whisky do dia a dia. Dá para encontrá-lo mais barato que sua concorrência, levando assim muita vantagem. Ele entrega bastante aroma e sabor a um preço relativamente em conta.

Considerei um whisky complexo em seu aroma e paladar. Há muita coisa para distinguir fazendo uma degustação com calma. Dá para brincar bastante com este whisky, porém achei que a água e o gelo não funcionaram muito bem para ele. Preferi apreciá-lo puro. Para mim, funciona melhor. A água e o gelo mascaram muito de seus aromas e sabores.

Tudo bem, no nordeste é quente, adicione gelo. Em baladas ou festinhas, onde não se está prestando atenção nas nuances da bebida, adicione gelo. Mas se quiser apreciá-lo em toda a sua plenitude, tente puro.

Ah, mas este não é um whisky para ser apreciado, degustado, é um blended. Qualquer whisky pode ser apreciado. Vai do gosto de cada um. Se há um whisky que você possua no momento e é o que faz você feliz, não importa qual, aprecie. Com moderação.




Grand Old Parr 12 Anos

Blend Teor Alc 40%


Malte acentuado, uva passa e notas de laranja no nariz, com alguma maçã, toques de frutas secas e talvez turfa. Vigoroso no palato, com sabores de malte, uva passa, caramelo queimado e açúcar mascavo.