Whisky

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sábado, 31 de março de 2018

Desvendando Nº 69: Aberfeldy 12 Anos



A destilaria Aberfeldy foi erguida em 1896 por dois irmãos, John e Tommy Dewar, em uma colina na margem sul do rio Tay, na periferia de Aberfeldy, cidade situada no centro da Escócia. Ela usa água da nascente Pitilie, que servira a outra fábrica, fechada em 1867. Começou seu funcionamento em 1898 com o propósito de fornecer malte para os blends da empresa. O local foi escolhido por sua fonte de água e pela ferrovia que o liga a Perth, onde ficava a sede da empresa. Foi também uma homenagem a John Dewar, que nasceu em um casebre na área e, de acordo com a lenda, foi a pé para Perth em 1828.

A demanda por cevada como alimento básico durante a Primeira Guerra Mundial forçou o fechamento da destilaria em 1917. Reabriu em 1919 e foi adquirida pela Distillers Company Ltd em 1925, mas fechou novamente durante a Segunda Guerra Mundial e assim permaneceu até 1945. Em 1972 a destilaria foi ampliada e os velhos alambiques foram substituídos por quatro novos, de vapor aquecido. Em 1998, a Bacardi comprou a John Dewar & Sons da DIAGEO (antiga DCL) em um negócio de 1 bilhão de libras, que envolveu cinco destilarias de malte e a marca de gim Bombay Sapphire.


O malte Aberfeldy está em toda a linha de blends da família Dewar. O malte é excelente por si só, mas, em razão dos volumes do Dewar’s (mais de 1 milhão de caixas por ano), não é muito visto como single malt. Os quatro alambiques de potes largos produzem um destilado ceroso que reveste a boca.

Em seu longo vínculo com o whisky Dewar’s White Label, a Aberfeldy se tornou efetivamente o mundo do whisky Dewar’s. Um dos principais temas de seu centro de visitantes é justamente Tommy Dewar (1864-1930), provavelmente o maior barão do whisky da história. Tommy foi o primeiro verdadeiro gênio do marketing no ramo do whisky, e seu legado é atualmente celebrado na destilaria.


O centro de visitantes da Aberfeldy é conhecido como Dewar´s World of Whisky (o Mundo do Whisky dos Dewar) e dezenas de milhares de visitantes ao ano vem apenas para conhecê-lo, um projeto que custou cerca de 2 milhões de libras. Este centro serve para a comercialização dos produtos e também para a educação do público sobre o processo de destilação e sobre a história da marca Dewar.

O Aberfeldy 12 anos foi introduzido no mercado em 1999 e é maturado em barris de carvalho espanhóis e americanos.


O que pude perceber:
Características: dourado claro, de pouco para médio corpo.
Aroma: suave de malte, sem evidência de álcool, frutado, com maçãs e peras, notas de baunilha e cereais e um amadeirado sutil. Herbal, adocicado e amanteigado. Chocolate ao leite. Com a adição de um pouco de água fica mais suave, aparece uma baunilha e continuam as notas herbais, como gramíneas. Surge uma nota crocante de cereal, algo como biscoito de maisena. Permanece as notas de malte mas o amadeirado some.
Paladar: levemente picante, malte, madeira, seco, não tão doce quanto sentido no aroma. Gramíneas, herbal. Nota-se nitidamente maçã, frutas secas e um condimentado. Finaliza de uma forma média e picante. Deixa uma nota terrosa, como terra molhada. Com um pouco de água fica um pouco menos picante, evidencia mais o frutado, algumas notas herbáceas. Continua seco e finaliza novamente de forma picante, de média duração, deixando uma leve sensação de dormência na boca.


Whisky intrigante. Abri a garrafa para experimentá-lo e confesso que não me agradou muito. Achei-o um tanto quanto agressivo, tanto no olfato quanto no paladar. Aí veio a ideia de deixá-lo descansando um tempo. Alguns minutos de descanso foram o suficiente para abrandá-lo e liberar os aromas. Apareceu um outro whisky, uma grata surpresa.

Intrigante também é perceber uma suavidade e doçura no olfato e no paladar ser um whisky seco e picante. Uma variação muito grande do que é sentido no olfato e o que é sentido no paladar.

Uma bebida para ser degustada devagar. Com o tempo vão aparecendo nuances de aromas e sabores que não são percebidos logo no início. Deve ser apreciada com calma para aproveitar todo o seu potencial. A garrafa é um charme à parte.




Aberfeldy 12 Anos

Single Malt Terras Altas Teor Alc 40%

A expressão padrão tem um aroma puro de maçã no nariz, além de um caráter frutado e moderadamente encorpado na boca.



domingo, 25 de março de 2018

World Whiskies Awards 2018: os Vencedores



Como de costume, março vê o anúncio dos primeiros grandes prêmios de whisky do ano, The World Whiskies Awards. Eu sou um tanto quanto cético com relação a essas premiações, acho que são muito comerciais e em função do mercado. Mas para quem gosta de rankings, é uma beleza.

E OS VENCEDORES DE 2018 SÃO…



Melhor Single Malt do Mundo: Hakushu 25 Anos
Melhor Single Cask Single Malt do Mundo: Sullivan Cove Universal Oak Single Cask HH0351
Melhor Blended do Mundo: Johnnie Walker Gold
Melhor Blended de Edição Limitada do Mundo: Ichiro's Malt and Grain Limited Edition
Melhor Blended Malt do Mundo: Nikka Taketsuru 17 Anos
Melhor Grain do Mundo: Bain's Cape Mountain Whisky
Melhor Bourbon do Mundo: 1792 Full Proof
Melhor Centeio do Mundo: Distillery 291 Colorado Rye
Melhor Trigo do Mundo: Bainbridge Battle Point
Melhor Milho do Mundo: Balcones True Blue 100 Proof
Melhor Blended Canadense: JP Wiser's Dissertation
Melhor Pot Still do Mundo: Ransom The Emerald 1865 Straight American Whiskey

Um interessante conjunto de resultados, com apenas um whisky escocês aparecendo nas categorias principais. Embora seja bom que Johnnie Walker tenha recuperado a coroa de blended whisky, o single malt e blended malt foram para o Japão.


Fonte: blog,thewhiskyexchange.com

sábado, 24 de março de 2018

Desvendando Nº 68: Jura Turas Mara



Estima-se que o cervo vermelho da ilha hebridense de Jura supere a população humana na proporção de 30 para 1. De fato, o nome Jura significa “ilha do cervo” em nórdico. A atual destilaria foi estabelecida em 1810 e a população era, então, de cerca de mil habitantes. Hoje, é de cerca de um quarto disso.

Usando malte levemente turfoso, a destilaria produz um whisky leve, seco, que não é típico de outros maltes de ilha e é responsável pelo único setor produtivo de Jura depois da agricultura e da pesca. Após um período de fechamento, entre 1918 e 1960, foi reconstruída em 1960 e ampliada nos anos 1970 para 4 grandes alambiques que são mais como os de uma destilaria das Highland do que os de suas vizinhas em Islay.


Existem várias expressões do Jura e, recentemente, a destilaria anunciou a adoção de um novo portfólio para a marca. Já o Turas Mara é um whisky feito originalmente para ser exclusivo de varejo de viagem.

Turas Mara é gaélico escocês para “longa jornada” e homenageia os ilhéus que emigraram para a América do Norte durante os séculos XVIII e XIX. Para homenagear sua longa jornada, o Jura Turas-Mara foi lançado em 2013 exclusivamente em lojas duty-free selecionadas para aqueles que embarcam em sua própria jornada. A garrafa exibe uma bússola como simbologia.


Engarrafado com um ABV de 42% e amadurecido em uma mistura de barris de bourbon, barris de xerez, barris de carvalho francês e barris de Porto, este é um whisky frutado e complexo. A escolha de um grande número de barris diferentes reflete o sabor exótico e único que vem das madeiras provenientes de todo o mundo.

O que pude perceber:
Características: cor dourada, pouco corpo.
Aroma: frutado, picante, amêndoas, frutas secas, ameixas pretas em compota. Cítrico, baunilha, mel e frutas vermelhas. Além de um adocicado, há também um aroma herbal, de gramíneas. Percebe-se também que é um whisky seco. A adição de um pouco de água evidencia o herbal e a sensação de whisky seco. Baunilha, açúcar mascavo e mel. Aparece um aroma de uvas brancas e também um amadeirado. As ameixas pretas persistem.
Paladar: quente, seco, ameixas pretas, caramelo, açúcar mascavo, um pouco de baunilha, finalizando com uma sensação de frutas vermelhas suculentas. Aparece um frutado cítrico, uma mistura de abacaxi, pera e maçãs. Com um pouco de água continua quente e picante, com canela dando o tom. Frutado, com frutas suculentas presentes o tempo todo, ameixas pretas, uvas acentuadas, misturadas com um pouco de baunilha. Finaliza de forma quente e picante e, desta vez, deu para sentir uma leve fumaça, algo bem sutil. Na verdade, não há quase nada de fumaça.

É um whisky que tem uma profusão de aromas e sabores. Muito se deve à sua finalização em diferentes tipos de barril. São quatro tipos: barris de carvalho americano ex-bourbon, barris de carvalho espanhol ex-xerez, barris franceses ex-bordeaux e barris ex-porto Ruby.


O tempo todo o whisky apresenta uma sensação de frutas suculentas, doce, que preenche a boca. Com 42% ABV, o álcool não é sentido. Eu diria que não é necessário adicionar água, mas esta foi fundamental para deixar o whisky mais equilibrado. É uma versão um pouco diferente ao que se está acostumado dos Jura, mas é muito prazerosa de se apreciar.

A mistura de diversos barris ficou bem interessante, dando para perceber as notas que cada um entrega, com a curiosidade do Barril ex-bourdeaux, que não é muito visto, ao contrário dos demais. O que eu pude perceber e distinguir que era proveniente dele foram as notas de uva, que para mim eram brancas. Mas o que prevaleceu mesmo foram as notas provenientes do ex-xerez, inclusive dando um certo amargor ao whisky.

No geral, um bom whisky para conhecer e apreciar.




Jura Turas Mara

Single Malt Teor Alc 42%

No aroma, frutas frescas como ameixas, uvas pretas e cerejas com baunilha e notas de caramelo. No paladar, muita baunilha, mel e chocolate.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Wemyss Malts apresenta Nectar Grove



A engarrafadora independente Wemyss Malts, de gestão familiar, está lançando um novo blended malt chamado Nectar Grove. A Wemyss escolheu whiskies escoceses das Highland e os terminou por mais um período em barris que anteriormente continham vinho da Madeira.

De acordo com outros lançamentos da Wemyss Malts, como The Hive, Spice King e Peat Chimney, este novo whisky recebeu um nome de sabor pelo painel de degustação Wemyss, que reflete seu caráter suculento e delicioso de frutas.

Na primeira incursão da Wemyss no acabamento, os maltes Highland foram imbuídos dos sabores frutados e complexos do vinho da Madeira, lembrando um pomar de pêssegos, nectarinas e citrinos. O final é de especiarias suaves, de carvalho, doces e frutas suculentas. Este whisky de malte frutado e perfumado é ideal para desfrutar durante o verão quente e pode ser usado para fazer um refrescante cocktail de whisky.


O Nectar Grove é engarrafado na sua cor natural, com um belo tom dourado pêssego, possui 46% ABV e não é filtrado para manter a intensidade dos sabores e aromas.

O design atraente das embalagens foi inspirado nas cerâmicas portuguesas, refletindo a vibração e a variação dentro do whisky.

Nectar Grove continua a linha de blended malts de edição limitada que já incluiu os vencedores do World Whisky Award, Velvet Fig e Kiln Embers.

9000 garrafas de Nectar Grove estarão disponíveis em varejistas selecionados nos mercados do Reino Unido, UE e Ásia, com preço de varejo sugerido de £ 43,95.


Fonte: whiskyintelligence.com


terça-feira, 20 de março de 2018

Destilaria Jura apresenta novo portfólio



A destilaria Jura passou por uma jornada de reflexão e descoberta e agora celebra um novo capítulo em sua história. No início do mês, a destilaria lançou sua nova gama de assinaturas.

Jura pode ser uma pequena Ilha, mas tem uma comunidade com muitas personalidades, agora retratadas na nova gama de cinco single malts únicos. O intervalo está enraizado em um novo estilo de assinatura do Jura, uma combinação única de doçura com uma pitada de fumaça sutil. Este estilo é um casamento dos estilos clássicos dos maltes Highland e Island, em um gosto unificado e distintivo.

Cada nova expressão conta uma história diferente com sua própria identidade e sabor intrigantes.


Começa com Journey, de cor ouro âmbar, amadurecido em barris ex-Bourbon de Carvalho Branco Americano.
10 anos de idade, com um acabamento de barril de Oloroso.
12 anos de idade, com um acabamento nos melhores barris de Oloroso Sherry.
Seven Wood possui uma riqueza tropical, maturado em sete barris distintos.
Por último, mas não menos importante, com um acabamento em barricas de vinho tinto fino, um 18 anos de idade.

As edições anteriores ainda estarão disponíveis enquanto durarem as garrafas existentes mas, desde o início de março, os cinco novos estilos já podem ser encontrados no Reino Unido. A partir do dia 1 de abril, poderá ser encontrado em todos os lugares.

A seguir, notas de prova de três das novas expressões:

Jura Seven Wood


A extraordinária engenhosidade que define o povo de Jura, a capacidade de reimaginar e reinventar, trouxe à vida este complexo single malt, elaborado com uma combinação de sete tipos de barris: barricas americanas de carvalho branco, barris de Vosges, Jupilles, Les Bertranges, Allier, Tronçais e Limousin.
O nariz abre com pêssego claro e uma pitada de fumaça. O paladar é equilibrado com uma grande profundidade de sabor, notas de alcaçuz e laranja confitada emergem antes que uma fumaça sutil desça no final. Preço sugerido de venda £ 59.

Jura 12 Anos


Tranqüilamente rico com uma doçura de xarope esfumaçada, este whisky foi amadurecido em barricas de ex-bourbon de carvalho branco americano antes de ser terminado em barricas de xerez Oloroso envelhecidas para dar um sabor rico, arredondado e perfeitamente equilibrado.
O nariz tem uma combinação refinada de deliciosos aromas de frutas tropicais. O paladar abre com chocolate, noz e frutas cítricas, seguido de café, alcaçuz, bananas salgadas e açúcar mascavo, com uma pitada de fumaça no final. Preço sugerido de venda £ 45.

Jura 18 Anos


A expressão mais antiga na nova assinatura do Jura. Amadurecido em barricas de madeira antiga de carvalho branco americano e enriquecido com barricas de vinho tinto Premier Grand Cru Classé, o 18 anos é engarrafado em 44% abv.
O nariz tem caramelo doce e especiarias de canela. O paladar é rico e encorpado com frutas da Floresta Negra e algumas notas fumegantes, antes de um aspecto de chocolate amargo e café espresso fresco no final. Preço sugerido de venda £ 75.


Fonte: whiskyintelligence.com

domingo, 18 de março de 2018

Desvendando Nº 67: Macallan Amber



Forte e com uma cor marcante, Macallan é o mais conhecido de Speyside, e procura novos desafios constantemente. O nome vem da igreja de Macallan, hoje em ruínas, na área de Easter Elchies, que dá para a ponte Telford sobre o Spey, em Craigellachie. Consta que um fazendeiro já produzia whisky ali usando sua própria cevada nos anos 1700. Em 1998, a Macallan fez a fazenda voltar a produzir esta cevada, do tipo Golden Promise, embora a quantidade seja pequena para as necessidades da destilaria.

A Macallan tem tradição em envelhecer seus whiskies exclusivamente em barris de carvalho europeu de xerez. Mas, mudanças significativas no mercado afetaram a capacidade da Macallan de atender à demanda mundial, e a reação da Edrington, proprietária da marca, foi agressiva. O alto custo dos barris de xerez deram à Macallan uma oportunidade lucrativa. A empresa reagiu ao que considerou uma tendência aos whiskies em estilo mais leve, lançando a linha Fine Oak, uma série envelhecida em barris de bourbon e xerez. Esses whiskies alcançaram popularidade, ganharam muitos prêmios e atraíram uma nova geração de apreciadores para o Macallan. Para alguns, a ênfase menor no xerez permitiu que a alta qualidade do malt Macallan se manifestasse melhor. Mas a troca do xerez gerou controvérsia em mercados tradicionais.

A Macallan contribui há muito com sua fama para blends diversos, com destaque para o Famous Grouse. A riqueza cremosa e untuosa única do Macallan se manifesta melhor graças ao uso de alambiques pequenos. Quando a companhia aumentou a produção para dar conta da demanda, acrescentou outros alambiques em vez de construir destiladores maiores. O número passou de 6 para 21. A Macallan também acredita usar o corte mais estreito da indústria, com o menor aproveitamento do destilado, cerca de 16%.


Quando a Macallan resolveu comercializar um single malt, concluiu que a bebida conservada em butts de oloroso era mais saborosa. A reação entre a madeira e o xerez tem enorme importância. Os butts são primeiro enchidos com suco de uva por três meses, para a fermentação primária. Depois, passam dois anos envelhecendo xerez numa bodega. Em seguida, são embarcados para a Escócia. Aproximadamente 70-80% do Macallan é maturado em butts de primeiro uso e o restante em butts de segundo uso. As principais versões empregam whisky de barris de primeiro e segundo uso na mesma proporção.

O que pude perceber:
Características: cor dourada, corpo médio.
Aroma: floral e frutado cítrico. Picante, com canela e noz moscada, um toque terroso, adocicado e de baunilha. Por incrível que pareça, senti um leve aroma de grãos neste whisky. Uma leve maçã e ameixas pretas. Há um fundinho de álcool, que me incomodou um pouco. Eu diria até que não está tão equilibrado no nariz. Há algo nele que distoa. Provavelmente seja o álcool. Aparece um certo azedinho também, provavelmente do cítrico, algo como limão. Um pouco de água faz evidenciar os cereais, o cítrico, as frutas secas, surgindo agora de forma mais evidente a baunilha e um amadeirado. O frutado é bem presente, com maçãs e uvas passas. O álcool sumiu, o que equilibrou melhor os aromas. Aparecem também as gramíneas, chocolate ao leite e agora um mel. Agora sim ficou um whisky prazeroso de sentir os aromas, sem agressão às narinas.
Paladar: amêndoas, toffee, caramelo, frutas secas, açúcar mascavo, frutas cítricas, cereais e chocolate ao leite. Há também uma nota herbal, provavelmente gramíneas. Finalização quente e apimentada. Esquenta a boca, com bastante especiarias como canela e gengibre. No paladar, o álcool não se faz presente. Com um pouco de água, amêndoas, cereais, herbal, frutas secas, ameixas pretas. Ainda esquenta a boca, com canela e gengibre, mas de uma maneira mais leve agora. A finalização fica de curta para média, sempre com aquela sensação de picância. Mais uma vez o álcool não se faz presente.


Um whisky que faz parte da coleção 1824 composta por Gold, Amber, Siena e Ruby. A ideia nesta série é passar que as cores naturais dão o tom de amadurecimento para cada whisky, começando pelo Gold, menos amadurecido, até o Ruby, com maior maturação. À medida que cresce na escala de maturação, o whisky fica mais escuro e ganha em complexidade. Com isso, retiram a idade do whisky, incutindo na mente do consumidor que o que importa é a qualidade do destilado e não a sua idade. E acabam cobrando por isso, pois vemos preços exorbitantes, muito além das edições com idade declarada.

Maturado exclusivamente em barris de carvalho espanhol ex-xerez, tem a coloração natural, sem adição de corantes.

Na minha opinião, é um whisky que não ficou muito bem equilibrado se experimentado puro. Nada que não possa ser solucionado acrescentando algumas gotas de água, o que deixa a bebida no ponto ideal. Pelo menos para o meu paladar. Há nele uma complexidade de aromas e sabores, realçados pela adição de água. Portanto, minha dica é ser apreciado desta forma. Textura amanteigada e cremosa. No geral, um bom whisky, mas não necessariamente fácil de beber. Aos que estão começando e querem experimentar um Macallan, sugiro começar pela linha Fine Oak, depois, pula para este.




Macallan Amber

Single Malt Teor Alc 40%
Polido, com um nariz doce floral e cítrico que ganha presença, comandando um coro de notas de baunilha sobre grãos recém-colhidos. Passas, canela, maçãs e toffee no centro das atenções. No palato, maçãs verdes frescas e limões se misturam com canela. As notas de gengibre pairam enquanto a fruta toma conta, com o carvalho sutil persistente. Termina de leve a médio com frutas macias e cereais. Um pouco seco.


quinta-feira, 15 de março de 2018

Lançamento do Compass Box Hedonism, The Muse



A empresa de engarrafamento independente Compass Box acaba de lançar Hedonism, The Muse no dia internacional da mulher, como um reconhecimento às mulheres no mundo do whisky.

O Hedonism é especial pois foi o whisky que lançou a empresa há mais de 17 anos. Recentemente foi descoberto um barril excepcional de whisky de grãos envelhecidos no espectro de sabores de um whisky Hedonism e a empresa se viu obrigada a retornar ao conceito mais uma vez.


Hedonism, The Muse combina este único barril com outros whiskies de grãos raros e notáveis de diferentes idades de quatro destilarias para criar um whisky que possui todas as características de sabor do Hedonism clássico, com profundidade e intensidade ainda maior. Comemorando o fato de que as mulheres agora compõem a maioria da equipe da Compass Box, este engarrafamento especial de edição limitada coloca a imagem de uma mulher no centro do rótulo e, até onde se sabe, é a primeira mulher a ser incluida num rótulo de whisky escocês.


Hedonism, The Muse já está disponível.



Fonte: whiskyintelligence.com

domingo, 11 de março de 2018

Desvendando Nº 66: Buffalo Trace Straight Bourbon



Conhecida anteriormente como Ancient Age, a Buffalo Trace fica num ponto onde manadas de búfalos cruzavam o rio Kentucky em suas migrações. A trilha que seguiam era conhecida como a Great Buffalo Trace.

A primeira destilaria do local foi estabelecida em 1857 pela família Blanton. Mais tarde seria dirigida pelo “aristocrata do bourbon”, Edmund Haynes Taylor, que batizou a fábrica de OFC, iniciais de Old-Fashioned Cooper Distillery. Mas foi Albert Bacon Blanton quem a fez crescer, apesar de inundações e da Lei Seca, pois foi uma das quatro destilarias que continuaram a produzir destilados para fins medicinais enquanto durou a Lei. Blanton, nos anos 1890 passou de funcionário de escritório a administrador e dono de parte da destilaria junto com George T. Stagg. Ele se aposentou em 1952, depois de 55 anos de serviço à empresa, e foi homenageado com uma estátua na destilaria e com o Blanton's Single Barrel Bourbon.

Este foi o primeiro bourbon de barril único comercializado, e foi introduzido em 1984 pelo então master distiller Elmer T. Lee, que agora também tem um whiskey batizado em sua homenagem.

A destilaria tem capacidade anual de 54 milhões de litros e o estilo da casa é notadamente doce, devido a inclusão de alta porcentagem de milho no mosto. Barris fortemente crestados são usados na maturação, e o destilado é filtrado a frio antes do engarrafamento, em vez de passar pelo método mais usual de filtragem a carvão. De acordo com a empresa, isto torna o whiskey mais saboroso.


A Buffalo Trace se orgulha de ter a maior variação de idades entre os whiskeys americanos, de 4 a 23 anos, e é a única destilaria dos Estados Unidos a usar cinco receitas, um wheat whiskey, um rye whiskey, dois straight bourbons e um barley.

Além do popular Buffalo Trace Kentucky Straight Bourbon, a destilaria também produz várias outras marcas, entre elas a Ancient Age, que era o nome da destilaria até 1999. Desde 2002, também produz destilado para a marca de whiskeys Van Winkle.

O que pude perceber:
Características: cor âmbar, médio corpo.
Aroma: adocicado, apimentado, amadeirado, herbal, amêndoas, baunilha e caramelo. O álcool, apesar dos 45% ABV, não é sentido. Nota-se uma presença de centeio que sobrepuja o milho, este quase não é sentido. A adição de um pouco de água realçou o centeio, surge um frutado, de frutas secas, algo como uvas passas. O milho, se é que tinha alguma evidência, some completamente. Terroso, mentolado, baunilha, e agora, um pouco menos amadeirado.
Paladar: chocolate amargo, picante, gengibre, um leve toque de limão, herbal, baunilha, caramelo, um pouco de açúcar mascavo e centeio. Possui uma finalização média, picante, que seca a boca. Com água o paladar fica um pouco menos picante, mais herbal, com amêndoas, chocolate ao leite e baunilha. A finalização fica com frutas secas e uma sutil picância.


Achei um bourbon fantástico. Superou minhas expectativas. Principalmente pelo fato de não ter o adocicado do milho evidente e realçar um pouco mais o sabor de centeio. É bem equilibrado neste quesito e não possui nenhuma presença de álcool, tanto no aroma quanto no paladar. Isto pode ser explicado pelo cuidado com o seu processo de produção. Cada edição do buffalo Trace é criada a partir de 35 barris, escolhidos a dedo pelo mestre destilador. A empresa se orgulha de sua exclusividade e qualidade natural de seus produtos.

Posso dizer com certeza, até aqui, que é o meu bourbon favorito. Uma pena ainda não ser comercializado no Brasil mas, quem tiver a oportunidade de encontrá-lo, pode comprar sem medo. Whiskey bem cremoso e agradável, fácil de beber. Excelente para acompanhar um charuto, os aromas e sabores se casam muito bem.




Buffalo Trace Kentucky Straight Bourbon

Bourbon Teor Alc 45%

Envelhecido um mínimo de 9 anos, tem aromas de baunilha, chiclete, menta e melado. Doce, frutado e apimentado no paladar, com carvalho e açúcar mascavo emergentes. A água libera intensas notas frutadas. O final é longo, picante e bastante seco, com baunilha se desenvolvendo.

domingo, 4 de março de 2018

Desvendando Nº 65: Jim Beam Rye



A Jim Beam é a marca de bourbon mais vendida do mundo e suas origens remontam ao século XVIII, quando o fazendeiro e moleiro Jacob Boehm, nascido na Alemanha, mudou da Virgínia para o condado de Bourbon, no estado do Kentucky, levando seu pot still de cobre. Conta-se que Boehm vendeu seu primeiro barril de whiskey em 1795 e em seguida mudou-se para o condado de Washington, onde herdou terras de seu padastro.

Jacob teve dois filhos, John e David. Quando David Beam esteve à frente da destilaria, ela mudou o nome para Old Tub. Em 1854, seu filho, que também se chamava David, transferiu os negócios para o condado de Nelson, onde instalou a destilaria Clear Springs junto a uma ferrovia.

Jim (James Beauregard) Beam era bisneto de Jacob Boehm. Começou a trabalhar na empresa com 16 anos, em 1880, e os negócios prosperaram até a lei seca forçar o fechamento de Clear Springs.

Beam fundou a atual destilaria Clermont, próximo a Clear Springs, após o fim da lei seca, em 1933, já com 77 anos. Morreu em 1947, cinco anos depois de o rótulo Jim Beam aparecer pela primeira vez e dois anos após a firma ser vendida para Harry Blum, de Chicago, um sócio da empresa.


A ligação com a família Beam, no entanto, permanece até hoje, com Fred Noe, bisneto de Beam e membro da sétima geração da família. O pai de Fred, Booker Noe, foi reconhecido como um dos grandes nomes da destilação de bourbon. Clermont, próxima à capital do bourbon, Bardstown, continua a ser a principal destilaria da Jim Beam, mas sua produção é complementada pela destilaria Boston, situada perto, que existe desde 1953.

Além dos rótulos Jim Beam, a destilaria produz whiskeys como o Baker's Kentucky, o Basil Hayden's, o Knob Creek, o Old Crow, o Old Grand-Dad e o Old Taylor.

O que pude perceber:
Características: cor âmbar, pouco corpo.
Aroma: sente-se um pouco de álcool pronunciado no início. É preciso acostumar as narinas. Depois disto vem uma picância, amêndoas, baunilha sutil, caramelo e frutas secas. Não é doce, sente-se um cheiro de gramíneas, como grama recém cortada. Com um pouco de água o aroma evidenciado é o de centeio. Aparece também um mentolado. O álcool fica bem mais suave. Permanecem as gramíneas mas o caramelo e a baunilha agora ficam mais sutis. Há um toque de chocolate branco. Ficou bem mais agradável sem a presença do álcool. Com uma pedra de gelo, aroma mentolado, de centeio e baunilha. Nada de álcool agora. Os aromas se fecharam.
Paladar: pimenta, caramelo, baunilha e frutas secas. O álcool no paladar não é sentido como foi sentido no aroma. O que sente-se é uma picância forte que pode ser muito bem confundida com álcool, mas não é. Finalização média e quente, de especiarias. O acréscimo de um pouco de água deixou o whiskey bem mais balanceado, com o amargor do centeio confrontando com o caramelo e a baunilha. Ficou com menos evidência de especiarias e mais de frutas secas. O final ficou um pouco mais longo e menos apimentado. Pareceu até que com água aumentou a cremosidade do whiskey. O acréscimo de uma pedra de gelo deu uma amargada, desbalanceando a bebida.


É um whisky que surge como uma alternativa aos bourbons. Por ser um Rye, obrigatoriamente deve haver um percentual maior de centeio, 51% no mínimo. Isso deixa o whiskey menos doce que os bourbons, visto que o centeio dá um toque mais amargo. Também vem daí a pegada de especiarias e frutas secas.

O álcool incomodou um pouco no início, mas foi resolvido com a adição de um pouco de água. Acrescente gelo se for fazer um drink, caso contrário, a adição de um pouco de água gelada deixa a bebida no ponto ideal de ser consumida. Pelo menos para o meu paladar, claro.

No geral achei uma ótima bebida em substituição aos bourbons. O meu paladar não é muito afeito a bebidas mais doces e este Rye cai como uma luva para sair um pouco do mundo dos blends e single malts sem ter que apelar para a doçura dos bourbons. Espero que além deste, mais Rye whiskeys comecem a aparecer por aqui.




Jim Beam Rye

Rye Whiskey Teor Alc 40%

Leve, perfumado e aromático no olfato, com limão e menta, Jim Beam Rye é oleoso na boca, com frutas macias, mel e centeio no palato, secando e se tornando picante no final.