Whisky

Whisky

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Maltagem

Qualquer cereal pode ser maltado. Porém, na fabricação de whisky, o termo se refere apenas à cevada maltada. A cevada é o único cereal usado na produção de whisky de malte, e uma proporção de malte de cevada é usada na maior parte dos outros tipos de whisky.

Embora originalmente a cevada fosse cultivada visando a alimentação humana, apenas uma fração da colheita atual continua a servir a esse propósito. A alimentação de animais, bem como a produção de whisky e de cerveja, representa agora a maior parte do consumo de cevada no mundo. A cevada é cultivada em regiões temperadas, em particular nos EUA, no Canadá e na Europa.

A importância da cevada para a indústria da destilação decorre de seu elevado teor de amido, que é a base da produção de álcool. A cevada maltada também é uma fonte natural de enzimas, essenciais para a conversão do amido em açúcares fermentáveis durante o processo de maceração. Os grãos de cevada contêm, principalmente, carboidrato. Para transformar-se em álcool, o carboidrato precisa ser convertido em açúcar e fermentado. A maltagem prepara os carboidratos para a conversão, quebrando as paredes celulares rígidas e as proteínas que ligam as células e ativando as enzimas que irão converter os carboidratos em açúcar.

A maltagem rompe essas paredes em três etapas: infusão, germinação e secagem. Por ser a primeira etapa do processo de produção e responder por aproximadamente dois terços dos custos de produção do destilado, é vital que a maltagem seja realizada de maneira correta.



INFUSÃO
A primeira etapa da maltagem é a infusão, na qual os grãos de cevada são mergulhados em grandes tanques cheios de água de modo que os grãos passem de 12% para 45% de umidade para dar início à germinação. O volume de água utilizado deve ser suficiente para cobrir toda a cevada. A cevada ficará mergulhada na água por aproximadamente 12 horas antes de toda a água ser drenada. Mais 12 horas de espera para secagem natural dos grãos e, após, o processo é repetido. Ao final, os grãos estarão prontos para o próximo passo.



GERMINAÇÃO
Considera-se que a germinação começa quando os grãos deixam os tanques de infusão, o que geralmente ocorre após 24 a 36 horas. Os hormônios de crescimento liberados pelos grãos desencadeiam o surgimento de enzimas, que começam a quebrar as paredes celulares e as camadas de proteína para alcançar o amido. O amido é uma fonte de alimento, permitindo que os grãos desenvolvam raízes em broto. Essas enzimas são essenciais para a posterior conversão dos amidos em açúcares fermentáveis durante o processo de maceração. Este processo pode ser feito de duas formas:

Processo Tradicional ou Maltagem em Piso
Depois de passar 2 dias na água, a cevada começa a germinar. Neste método, a cevada úmida é espalhada sobre um piso cimentado, com uma profundidade de cerca de 60 centímetros. A cevada precisa ser revirada com pás de madeira regularmente para impedir a formação de um tapete de radículas e também para estimular uma germinação homogênea. Isso ajuda a controlar e a distribuir o calor produzido pela germinação.


Processo Mecânico ou Maltagem em Tambor
A maior parte das destilarias compra o malte de grandes produtores. Nesse caso, o grão molhado é colocado em um grande tambor para germinar, em vez de ser espalhado no chão. Os grãos recebem ar frio e úmido para controlar a temperatura e, às vezes, os tambores são virados por motores para que as radículas não formem um tapete.

SECAGEM OU ESTUFAGEM
A germinação dura de 5 a 9 dias, dependendo da temperatura. O processo é mais rápido quando está quente e mais demorado quando está frio. Quando a cevada começa a germinar, seu crescimento precisa ser detido. No auge do desenvolvimento, quando as paredes das células se quebraram e as radículas atingiram aproximadamente três quartos do comprimento do grão, o crescimento é interrompido com a secagem no forno. Qualquer crescimento adicional seria contraproducente, pois o embrião começaria a consumir o amido, e menos amido significa um teor alcoólico menor.
Conhecido nesta fase como malte verde, os grãos são espalhados em camadas uniformes sobre um piso de metal perfurado em cima de um forno, de modo a secar com o calor. O ar quente é soprado nos grãos, e não pode estar quente demais para não danificar as enzimas essenciais do malte. A estufagem leva cerca de 30 horas.
Depois de maltada, a cevada encolhe. Os grãos não são tão duros quanto os da cevada crua e tem o teor de umidade reduzido para 4%.


A secagem do grão tem papel crucial na definição do malte. É neste ponto que novos sabores e aromas podem ser incorporados à cevada. Enquanto que a secagem realizada com ar quente manterá os sabores da cevada, a secagem realizada com fumaça gerada pela queima de turfa ou madeira proverá sabores defumados ao malte.

Em determinadas regiões da Escócia, a turfa é o combustível disponível para obter calor e nada mais é do que a acumulação de matéria orgânica em solos calcários (uma espécie de musgo). Esse combustível libera pouco calor, ideal, portanto, para a estufagem sem danificar as enzimas, mas sobretudo libera muito fumo. Em regiões costeiras como as ilhas (Islay em particular), essa turfa foi-se impregnando de sal e iodo, pela forte ação do vento e do mar. Uma vez seca e queimada, a turfa libera aromas característicos de iodo/fumo que vão "colar" ao malte e influenciar fortemente as características dos whiskies provenientes daquelas regiões. Quando se deseja obter um whisky com sabor turfoso e defumado, as turfas são queimadas durante as primeiras horas da estufagem. A fragrante fumaça impregna as cascas do malte verde enquanto ele ainda está úmido.


Esta secagem merece um capítulo à parte, onde iremos falar especificamente da turfa. Por ora, não iremos nos estender.

MALTAGEM NAS DESTILARIAS
Terreiros de maltagem ainda podem ser encontrados em algumas destilarias. Das cerca de 90 destilarias da Escócia, apenas 5 ainda utilizam seus terreiros de maltagem: Balvenie, Highland Park, Bowmore, Laphroaig e Springbank, mas apenas esta última é a única destilaria a maltar toda a cevada para cada um de seus whiskies. Nas outras, o restante de que necessitam, são fornecidos por produtores de malte comerciais.

Maltar a cevada em terreiros de maltagem é mais caro do que comprar a cevada já maltada de um grande produtor. A maltagem manual leva mais tempo, até 12 dias às vezes, contra cerva de 7 dias numa fábrica de malte. E o rendimento de destilado pode ser ligeiramente inferior. A maltagem manual demanda um espaço significativo, não apenas para os terreiros e os tanques de infusão, mas também para o armazenamento da cevada. Além disso, são necessários trabalhadores experientes. Como a maltagem manual é diretamente influenciada pela temperatura ambiente, e o clima da Escócia pode variar muito, as condições climáticas precisam ser monitoradas continuamente. 


Da mesma forma a infusão depende da temperatura da água, que pode variar significativamente ao longo do ano. Enquanto fábricas de malte operam durante o ano todo para maximizar seu rendimento, a maltagem manual normalmente é interrompida no verão, pois temperaturas elevadas demais podem provocar o aparecimento de mofo, tornando o malte inutilizável. Terreiros de malte inativos acabam sendo inevitáveis, o que reduz a rentabilidade.

Saúde.


Fontes: whisky.com.pt, instituto-camoes.pt, degustandowhisky.com, o livro do whisky, whisky


segunda-feira, 28 de julho de 2014

A História do Whisky - vídeo

Olá pessoal. Enquanto preparo o artigo desta semana para o blog vou deixar para vocês um vídeo excelente do canal History Channel sobre a história do whisky. Bem completo, bem interessante, com depoimentos de alguns experts da bebida, mostrando desde como tudo começou, passando pelo processo de produção, seções de degustação, até a história de algumas destilarias. Mostra também um pouco de cada país produtor, dentre eles, Escócia, Irlanda, EUA e Japão.

O áudio está em espanhol, mas quem domina o portunhol vai tirar de letra. Quem aprecia whisky não pode ficar sem ver este vídeo.


Saúde.

sábado, 19 de julho de 2014

Desvendando Nº 7: Passport Scotch

Fui conferir in loco a notícia do post de 30/06/14 sobre as novas embalagens de whisky que foram lançadas no mercado. As mudanças estão ocorrendo, mas ainda são poucas as marcas que entraram nesta onda. As garrafas que encontrei até agora foram Red Label 500ml, White Horse 500ml, Black & White 375ml e Passport Scotch 670ml. E é sobre esta última que iremos falar hoje.

Sempre torci o nariz para este whisky. Os whiskies brasileiros sempre tiveram a fama de ser um cachação disfarçado. Experimentei alguns quando mais jovem e posso dizer que a experiência não foi muito boa. Claro que naquela época a abordagem era outra e ainda tenho a intenção de estudar melhor a produção nacional. Mas quem disse que Passport é brasileiro? Até hoje, mesmo em lojas especializadas em whisky, vejo rotularem o Passport como sendo brasileiro e muitas pessoas também acreditam nisso. Talvez também por seu preço ser parecido com os produtos brasileiros.

Pois este whisky é um autêntico scotch, totalmente produzido e envelhecido na Escócia. E engarrafado no Brasil. A marca Passport foi desenvolvida pela empresa Seagram e adquirida pela Pernod Ricard em 2002. Seus maiores mercados são os EUA, a Coréia do Sul, a Espanha e o Brasil, já que o sabor frutado é apropriado para fazer coquetéis servidos com gelo. Suas vendas nestes locais fazem dele uma das 20 maiores marcas de whisky. Embalado em garrafa verde, retangular e retrô, Passport é um whisky escocês único, inspirado pela revolução da década de 1960 na Grã-Bretanha, com personalidade jovem e vibrante. Maltes distintos, entre eles o Glenlivet, são encontrados no blend.

A HISTÓRIA
Passport nasceu em berço de ouro. Mais precisamente em Speyside, região no nordeste da Escócia com a maior concentração de destilarias do mundo. Foi lá que, em 1957, a Chivas Brothers resolveu fundar a destilaria Glen Keith, que logo se tornou uma das referências em single malt da região. O sítio, que abrigava um antigo moinho do século XVIII, era o lugar perfeito para produzir o malte que deu origem ao inconfundível sabor de Passport Scotch.

A destilaria Glen Keith faz parte do complexo de Strathisla, o mais antigo do país. Os edifícios de Strathisla abrigavam a fiação de linho da região e foram convertidos em destilaria no ano de 1786, operando inicialmente com o nome de Milltown. Entre suas belas construções está também um antigo moinho de água. Passport é um blended whisky produzido e envelhecido nesta destilaria e engarrafado no Brasil. É uma bebida jovem e com a qualidade e sabor de um genuíno whisky escocês.


A REVOLUÇÃO
Na década de 60, uma revolução cultural tomou de assalto o Reino Unido e o mundo. Dos Beatles à conquista da Lua, um século todo foi definido em uma década. Criado em 1965, Passport absorveu toda a essência dessa nova era e a traduziu em uma bebida surpreendente. O espírito leve e aventureiro idealizado por seus criadores estava presente em todos os detalhes. Foi por isso que a icônica garrafa verde quebrou todas as regras e fez sua história, que continua intacta até hoje.
O CONTEÚDO
Um casamento dos melhores. Cada garrafa de Passport contém o famoso single malt Glen Keith escocês, um tentador aroma de nozes, sabor de frutas, com toques de damascos e pêssegos. Suave, leve e cremoso, Passport faz com que cada gole se torne uma experiência única de sabor.

A ESSÊNCIA
Toda a energia de Passport é traduzida em uma vibrante e imponente garrafa verde, que não por acaso estampa orgulhosamente cinco brasões. Um dos clãs mais tradicionais da Escócia, a família William Longmore tinha o desejo de desenhar da forma mais nobre possível sua expertise em produzir whiskies. Símbolo de aventura e heroísmo, o brasão foi escolhido para representar as virtudes e o legado da família em cinco versões diferentes. Cada um com um valor, uma qualidade e um símbolo.


AVENTURA
No topo da embalagem, o cervo indica diligência e aventura. Temido na natureza e respeitado por seus adversários, este animal traduz o lado aventureiro de Passport.



QUALIDADE
A foice, a destilaria e o barril são as ferramentas de trabalho que, juntas, garantem a qualidade de Passport.


ESPÍRITO LIVRE

O corajoso falcão peregrino, mestre dos céus e do seu próprio destino, descobrindo territórios inexplorados. Este animal captura o espírito livre de Passport, diferente de todas as outras.


RESILIÊNCIA AO TEMPO
As espadas cruzadas indicam a resiliência de um whisky produzido com incansável dedicação à excelência.



FORÇA
O unicórnio escocês é símbolo de força e pureza. A cruz de St. Andrew representa a pátria de Passport.

PASSPORT CRESCE A FAMÍLIA
Depois de inovar com a garrafa de 670 ml, Passport Scotch dá mais um passo e lança sua versão em miniatura de 250ml. A novidade visa ampliar a acessibilidade do whisky para os consumidores e permitir sua “premiumização” - termo utilizado para a elevação de categoria de consumo.
"Pensamos na praticidade, mas também em algo que tivesse qualidade com preço mais em conta. Justamente para que os nossos consumidores não precisem desembolsar muito", comenta Patrícia Cardoso, Gerente de Grupo de bebidas standard da Pernod Ricard Brasil. A área está sempre em constante movimento para agradar os fãs e aumentar seu portfólio de produtos - tanto que a versão de 670 ml veio desse estudo.

Já a decisão pela petaca, nome utilizado para as garrafinhas, tem como base a mudança observada no canal varejista de um consumidor que visa mais conveniência. Além disso, a embalagem é fácil de ser transportada e pode ser usada ainda em eventos, onde a garrafa de vidro não é permitida.

O que pude perceber:
Aroma: leve, suave, fumaça. Quando se adiciona água, seus aromas ficam camuflados. Não é um whisky para ser bebido com água. Adicione qualquer outra coisa. Quando experimentei após adicionar uma pedra de gelo, os aromas foram mantidos, ficando até mais fresco.
Sabor: suave, não agride, doce. Com água, fica...aguado. Com gelo, fica fresco, mais frutado e fica ainda mais suave.


É um whisky moderadamente encorpado e que me surpreendeu. Sempre imaginei que fosse um daqueles whiskies fortes, carregados de álcool. O álcool nem mesmo prevalece. É um whisky que na sua própria idealização, e para o mercado a que se destina, foi concebido para fazer parte em coquetéis. Em minha opinião, falta-lhe personalidade, complexidade, caráter. Personalidade que ele irá adquirir da bebida que for adicionada para fazer alguma mistura. É honesto para seu preço. Paguei os R$ 29,90 da reportagem pela garrafa de 670ml.

Público feminino: às vezes comento aqui que tal whisky é ideal para o público feminino. A intenção é dizer que se trata de um whisky suave, não amargo, doce, já que a maioria das mulheres se identificam com bebidas que possuem estas características. Mas isto não implica dizer que não existam mulheres que apreciem algo mais forte. E há um grande número de mulheres apreciadoras de whisky e, principalmente, os mais fortes. Então, não se sintam menosprezadas, falo sempre no geral. E no geral, este é um whisky que agrada ao público feminino.  



Passport

Blend Teor Alc 40%


Sabor frutado e final cremoso e delicioso. Pode ser servido puro ou misturado com gelo. Moderadamente encorpado, com final macio e suave.

Saúde.













Fontes: passportscotch.com.br, o livro do whisky

domingo, 13 de julho de 2014

Glen Grant - parte 2

Para complementar o post anterior e poder ilustrar melhor sobre como funciona a destilaria e como é o whisky Glen Grant, seguirão alguns vídeos interessantes. São vídeos institucionais da própria destilaria explicando um pouco de sua história, seu processo de fabricação, desde o aproveitamento da natureza até o envelhecimento em barris. São apresentados pelo próprio mestre destilador Dennis Malcolm. Por fim, um vídeo do meu amigo Maurício Salvi onde ele apresenta um review bem bacana do Glen Grant.




Herança

Natureza

Maturação

Destilação

Review com Mauricio Salvi

Espero que tenham gostado dos vídeos e sempre que puder colocarei mais alguns para ficar mais dinâmico.
Boas doses.

Post relacionado: Glen Grant


Fonte: glengrant.com, whisky em casa

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Desvendando Nº 6: Glen Grant

Hoje entraremos no mundo dos single malt. Como já foi visto, single malt é o whisky produzido com cevada maltada e produto de uma única destilaria. Como iria falar da destilaria Glen Grant e também do whisky produzido por ela, vou aproveitar e juntar as duas coisas. Agora, sempre que eu falar de uma destilaria e também possuir o whisky, farei isso, para não ficar repetitivo. Vai ficar um pouco mais extenso o texto, mas o conteúdo é interessante.


A destilaria Glen Grant, em Rothes, foi construída em 1840, com arenito vermelho. Fica numa área silvestre afastada, com pomares, lagos e uma cachoeira caudalosa, e, além disso, o seu cofre foi construído numa rocha da região. Conserva até hoje um aspecto sólido e senhorial.

Foi fundada por James Grant, advogado de Elgin, e seu irmão John, comerciante de grãos que afirmava ter aprendido tudo sobre a fabricação de whiskies quando era fornecedor das destilarias clandestinas da região. Eles já haviam arrendado a Aberlour em 1833 juntamente com os irmãos Walker, de Elgin. A locação escolhida fica perto do córrego Black, num vale coberto, com água pura do poço Caperdonich, que corre do alto da montanha.

O local era muito bom para uma destilaria. O riacho Glen Grant fornecia a água para a mash e energia para o maquinário. Os grãos vinham dos campos de cevada de Moray, bem perto. E, a partir de 1858, quando o primeiro trem a vapor chegou a Rothes, passou a haver também a ferrovia. Na destilaria Glen Grant pode-se observar a riqueza vitoriana na sua mais grandiosa expressão. Os Grant queriam que todos soubessem que eles, uma das grandes famílias da região, haviam aderido à indústria do whisky.


John morreu em 1864, e seu irmão conduziu a destilaria sozinho até seu filho James Júnior, entrar para o comando em 1872, aos 25 anos, e assumir a administração dos negócios. Ele fez da fábrica de sua família uma das mais importantes empresas do mercado de whisky. Foi sob seus cuidados paternalistas que ela prosperou. Quando não estava caçando na África, ele dedicava um tempo considerável em transformar a destilaria numa produtora de whisky de porte.

O garoto era fascinado por inovações, e por isso a Glen Grant foi a primeira a ter eletricidade. Ele ainda projetou os alambiques altos com seus exclusivos purificadores, que produzem o single malt característico da empresa. Estes estranhos alambiques, com potes e purificadores que parecem capacetes, produzem um malte puro, seco e delgado.


Conhecido como “o major”, vestindo casacos de tweed e usando um bigode de morsa, era um típico cavalheiro. Depois do jantar, o major costumava levar os convidados para o jardim e abrir um cofre escondido na rocha, que revelava uma bandeja com copos e uma garrafa de Glen Grant. Quem desejasse água, podia levar o copo até as águas rápidas do córrego próximo. Ele ainda teve tempo de criar o seu jardim de estilo vitoriano, que sobe a montanha em direção à cachoeira e que é hoje a grande atração da destilaria, quase tanto quanto a produção de whisky.

Major morreu em 1931, e a Glen Grant foi assumida por seu neto Douglas Mackessack, que juntou forças com Armando Giovinetti em 1961 para tornar o Glen Grant o whisky de malte mais popular da Itália. A destilaria ficou com a família até 1977, quando foi vendida para a Seagrams. Depois de passar pelas mãos da Pernod Ricard, de 2001 a 2006, faz parte agora do grupo Campari. Apesar de ter pouca atenção em sua terra natal, é um dos cinco maltes mais vendidos do mundo.



Malte
O malte de cevada para a Glen Grant tem características específicas, seco, quebradiço, crocante e aromática.

Processo de destilação
Ao contrário de alguns mais pesados ​​e mais robustos single malts, Glen Grant é nítido, claro, fresco e leve. O que realmente o distingue de outros maltes é o processo de destilação único. Como primeiro passo, usa-se alambiques incrivelmente altos, que ajudam a garantir que apenas o espírito mais leve se torne Glen Grant. Em segundo lugar é a única destilaria a usar purificadores nas destilações. Esta foi uma invenção de James "O Major" Grant, que é usada até hoje. Isto garante que apenas vapor puro passe para o condensador, e, por conseguinte, cria um whisky fresco e leve.

Envelhecimento
O tempo desempenha um papel vital na maturação do whisky. No Glen Grant dá-se extrema importância no tratamento dos barris. Meticulosamente são escolhidos os melhores cascos de Bourbon e Sherry, garantindo que eles serão utilizados apenas um determinado número de vezes. Este processo lento de envelhecimento em cascos de carvalho de qualidade superior dá a Glen Grant sua cor e sabor único, decididamente fresco e frutado. Todos os cascos são individualmente escolhidos a dedo por Dennis Malcolm, um dos oito ilustres Mestres Destiladores desde 1890.



Mestre Destilador Dennis Malcolm
Verdadeira personalidade. Um malte único é o reflexo de seu Mestre Destilador. É uma arte de equilibrar tradição e inovação, uma habilidade que só pode realmente ser adquirida através da experiência. Ninguém sabe sobre Glen Grant mais intimamente do que Dennis Malcolm. Ele começou a trabalhar na destilaria como um aprendiz quando tinha apenas 15 anos de idade. Nos últimos 50 anos Dennis tem dedicado sua vida para manter a qualidade e a integridade do Glen Grant. Sua paixão e objetivo é garantir que os bebedores de Glen Grant ficarão felizes, ao garantir que cada garrafa produzida pela destilaria será de qualidade excepcional.


Centro de Visitantes
Glen Grant Distillery fica no extremo norte da vila de Rothes, cerca de 10 quilômetros ao sul de Elgin. Os ônibus de Elgin param a 100 metros da destilaria. Anualmente, cerca de 10.000 visitantes vão descobrir a magia da destilaria. Conhecedores e visitantes de todo o mundo realizam a turnê da destilaria e ao final levam garrafas para casa e recordações de sua experiência única.



Histórico de Glen Grant
1840 – Glen Grant é fundada
Em 1840, os irmãos John e James Grant pediram uma licença de destilaria. Com o mar e o porto de Garmouth nas proximidades, o rio Spey ao sul, e cercado por planícies de cevada crescendo, todos os ingredientes básicos para o whisky de malte estavam por perto.

1872 – Um novo Glen Grant
Em 1872, os fundadores da Destilaria Glen Grant tinham morrido. Jovem, James "O Major" Grant, nascido em 1847, sempre tinha tido um grande interesse na destilaria e a assumiu. Sua meta era provar a si mesmo ser um sucessor digno.

1900 – Crescimento e expansão
Um inventor lendário, socializador e viajante, "O Major", era fascinado por novas ideias e não tinha medo de explorá-las. Ele foi o primeiro homem no Planalto a possuir um carro. Glen Grant foi a primeira destilaria a ter luz elétrica e ele introduziu as soleiras delgadas altas e purificadores que criou o sabor maltado fresco e a cor clara que define o whisky até hoje. 


1909 – Música e whisky
Na Escócia, música e Scotch Whisky sempre foram ligados. Tanto é assim que o famoso violinista escocês Scott Skinner (1843-1927) compôs a música para o violino como um tributo à destilaria Glen Grant e seu Malt Whisky. O Strathspey (uma dança escocesa animada) intitulado "Glen Grant" foi composta em 24 de Abril de 1909.

1931 – Um fim e um começo
Em 1931, o major Grant, o último Grant, morreu. Douglas Mackessack, seu neto, viria a se tornar seu sucessor.

1972 – A família expande
Em 1972, a Glenlivet e a Glen Grant fundiram-se com Hill, Thomson & Co. Ltd, e a Longmorn Distillers Ltd para formar a Glenlivet Distillers Ltd. O interesse das famílias originais nas destilarias foi mantida, juntamente com dois acionistas externos substanciais: Courage Ltd, para o processo de fermentação, e Suntory Ltd, a empresa japonesa de destilação. 

2006 – Um novo capítulo
Em 2006, a Campari adquiriu a Glen Grant. É ainda um dos single malts mais vendidos no mundo. Sua história continua em Speyside, de acordo com as mesmas normas e tradições da família Glen Grant e seus descendentes.

O que pude perceber:
Aroma: lembra um pouco o Bourbon por sua doçura. Bastante floral e também frutado. Notas de maçã e às vezes pera. Senti também um leve aroma de chocolate branco. Quando se adiciona água, mantém as características de aroma, porém menos acentuadas. A doçura do Bourbon some para intensificar o frutado. Quando experimentei após adicionar uma pedra de gelo, o aroma fica ainda mais suave.
Sabor: Leve, suave, um pouco seco. Pude confirmar no paladar o sabor frutado. O final é curto. Com água, fica mais suave. O final resiste um pouco mais, mas continua curto. Com gelo, fica mais fresco, mais frutado, surge um certo sabor de baunilha e fica ainda mais suave. 

Whisky bem claro
É um whisky excelente para beber sem a preocupação de degustar, pois é um whisky simples, sem muita complexidade. Tem a cor bem clara, natural, sem adição de caramelo. Também por ser um whisky jovem. É leve, excelente para o dia-a-dia. Tem um ótimo custo benefício, pois é um Single Malt e está numa faixa de preço abaixo de R$ 100,00. Não é um whisky intenso como um bom Single Malt pode ser, mas é uma boa porta de entrada para quem quer se aventurar neste tipo de whisky. Encontra-se nas lojas virtuais e em alguns supermercados numa média de R$ 84,00. Comprei o meu a R$ 67,00.

Aqui vou fazer um parênteses: sempre coloco aqui o valor que pode ser encontrado e o valor que encontrei, geralmente um pouco mais baixo, para mostrar que com um pouco de paciência e às vezes sorte, é possível encontrar whiskies com seus preços bem abaixo do mercado. Quase sempre uma ou outra loja, um ou outro supermercado faz alguma promoção. É preciso estar atento às oportunidades e aproveitar. Sempre estou de olho nos preços, e quando encontro algo que está abaixo do normalmente praticado, não penso duas vezes.


Glen Grant Single Malt

Single Malt: Speyside teor Alc 40%

Leve, espirituoso e floral no nariz. Frutas cítricas, flores, pera, maçã, baunilha, malte e madeira. 

Inicialmente seco no palato, porém, sabores de nozes, laranjas, baunilha e castanhas se desenvolvem. Um final de ervas arremata este whisky estilo aperitivo.

Aproveitem. Saúde.

Post relacionado: Glen Grant - parte 2


Fontes: whisky, whisky de a a y, o livro do whisky, wikipedia, glengrant.com

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Aberfeldy

Quando compramos um whisky, paramos para pensar onde ele é produzido? Sim, numa destilaria. Mas existem dezenas delas e já vimos aqui mesmo que nenhuma é igual à outra. Hoje começarei a falar um pouquinho sobre cada uma das principais destilarias existentes, suas histórias, curiosidades, sua produção de whiskies de malte e também sua contribuição para os principais blends no mercado.

No caso dos whiskies de malte, estes quase sempre levam o nome da destilaria que os produziu. No caso dos blends, várias destilarias contam com uma cota de participação, fornecendo whiskies de malte ou de grãos para a mistura. Mas sempre um malte, de uma única destilaria, é o coração do whisky, aquele que dará a característica mais marcante da bebida. E quem não fica curioso para saber que malte é o principal componente de seu whisky favorito?

Curioso? Conheça hoje a destilaria Aberfeldy e acompanhe as próximas matérias do blog para saber mais.

A destilaria Aberfeldy foi erguida em 1896 por dois irmãos, John e Tommy Dewar, em uma colina na margem sul do rio Tay, na periferia de Aberfeldy, cidade situada no centro da Escócia. Ela usa água da nascente Pitilie, que servira a outra fábrica, fechada em 1867. Começou seu funcionamento em 1898 com o propósito de fornecer malte para os blends da empresa. O local foi escolhido por sua fonte de água e pela ferrovia que o liga a Perth, onde ficava a sede da empresa. Foi também uma homenagem a John Dewar, que nasceu em um casebre na área e, de acordo com a lenda, foi a pé para Perth em 1828.


A demanda por cevada como alimento básico durante a Primeira Guerra Mundial forçou o fechamento da destilaria em 1917. Reabriu em 1919 e foi adquirida pela Distillers Company Ltd em 1925, mas fechou novamente durante a Segunda Guerra Mundial e assim permaneceu até 1945. Em 1972 a destilaria foi ampliada e os velhos alambiques foram substituídos por quatro novos, de vapor aquecido. Em 1998, a Bacardi comprou a John Dewar & Sons da DIAGEO (antiga DCL) em um negócio de 1 bilhão de libras, que envolveu cinco destilarias de malte e a marca de gim Bombay Sapphire.

O malte Aberfeldy está em toda a linha de blends da família Dewar. O malte é excelente por si só, mas, em razão dos volumes do Dewar’s (mais de 1 milhão de caixas por ano), não é muito visto como single malt. Os quatro alambiques de potes largos produzem um destilado ceroso que reveste a boca.


Em seu longo vínculo com o whisky Dewar’s White Label, a Aberfeldy se tornou efetivamente o mundo do whisky Dewar’s. Um dos principais temas de seu centro de visitantes é justamente Tommy Dewar (1864-1930), provavelmente o maior barão do whisky da história. Tommy foi o primeiro verdadeiro gênio do marketing no ramo do whisky, e seu legado é atualmente celebrado na destilaria.

O centro de visitantes da Aberfeldy é conhecido como Dewar´s World of Whisky (o Mundo do Whisky dos Dewar) e dezenas de milhares de visitantes ao ano vem apenas para conhecê-lo, um projeto que custou cerca de 2 milhões de libras. Este centro serve para a comercialização dos produtos e também para a educação do público sobre o processo de destilação e sobre a história da marca Dewar.






Fontes: whisky, o livro do whisky, whisky de a a y, wikipedia