Whisky

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sábado, 24 de novembro de 2018

Desvendando Nº 94: Glen Garioch 8 Anos



Glen Garioch é uma das gemas ocultas da Escócia. Ou esquecida. Três séculos de idade e ainda firme, uma conquista e tanto para esta pequena destilaria de Aberdeenshire.

A casa foi fundada por Thomas Simpson em 1798, mas acredita-se que ele já produzisse whisky naquele mesmo lugar desde 1785. Isso a torna a destilaria mais antiga da Escócia. Mas o primeiro engarrafamento como single malt da Glen Garioch ocorreu apenas am 1972. A destilaria sobreviveu por esse longo período graças ao seu prestígio entre os blenders.

Um deles era Williams Sanderson, de Aberdeen, que em 1886 comprou metade da destilaria. Em 1921, seu filho, em parceria com outros investidores, assumiu o controle total dos negócios. Desde então, a Glen Garioch passou por diversas mudanças de proprietários e períodos extensos sem produzir.


Seu nome provèm do Vale do Garioch, o “Celeiro de Aberdeenshire”, onde a melhor cevada escocesa é cultivada e esta é uma das poucas destilarias que ainda faz sua própria maltagem.

Hoje, a destilaria faz parte da Morrison Bowmore, que dá preferência a Bowmore e, mais recentemente, a Auchentoshan. Ela engarrafa a maior parte da produção limitada de single malts da destilaria, com indicações de idade de 8 a 21 anos, maturados em tonéis de carvalho americano de bourbon e tonéis de carvalho europeus de xerez, em armazéns no local.

O emblema na garrafa é um veado das montanhas, visto que rebanhos selvagens habitam em torno dos seis cumes das montanhas próximas.


O que pude perceber:
Características: cor palha claro, médio corpo.
Aroma: malte, cereais, biscoito, baunilha, herbal, palha, seco, chocolate ao leite. Nada de turfa, nada de defumado, um pouco de álcool perceptível. Sem muita complexidade. Um leve frutado de peras ou maçãs maduras. A adição de um pouco de água evidencia o floral e os cereais. Fica um pouco mais maltado também.
Paladar: malte, cereais, madeira, levemente picante, baunilha e chocolate ao leite. Finaliza com mais baunilha e um fundinho floral. Conforme os sentidos vão aguçando, nota-se um leve amargor metalizado, mas nada que prejudique a degustação. Com a água, evidencia um pouco mais o metalizado, a madeira e a baunilha, agora aparecendo um pouco de mel. Continua a sensação de leve picância, algo de especiarias, finalizando de maneira curta, seca, mas novamente floral e com pera madura. Fica uma leve ardência na boca.

Minha concepção é que trata-se de um whisky simples para o dia a dia. Quando se fala em simples, não quer dizer que seja um whisky ruim. Pelo contrário, é um bom whisky. Leve, sem muita presença de álcool. Ideal para chegar do trabalho, servir uma dose e relaxar. Tem um excelente custo x benefício e capacidade de substituir muitos blends 12 anos disponíveis no mercado com certa vantagem. Além disso, é honestíssimo para a sua idade declarada, bem jovem. Presença obrigatória nas prateleiras de quem quer começar a substituir os blends por single malts.




Glen Garioch 8 Anos

Single Malt: Terras Altas Teor Alc 40%

Corpo médio e macio, aroma de folhas e grama. Malt inicial no paladar, amanteigado. Depois nozes, finalizando com gengibre, mel e urze.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Desvendando N° 93: Aberlour 12 Anos Double Cask Matured



James Fleming, proprietário da Dailuaine, fundou a Aberlour em 1879. Em 1898 um incêndio quase a destruiu, mas Charles Doig, que projetou mais de cem destilarias na Escócia e na Irlanda, ajudou a reconstruí-la.

Após vários processos de vendas, em 1975 a Pernod Ricard finalmente adquiriu a Aberlour, que produz o single malt campeão de vendas na França e disponível mundialmente.

No centro de visitantes da Aberlour, existem dois barris, um ex-xerez e outro ex-bourbon, onde os visitantes podem encher diretamente a sua própria garrafa da forma como escolher.


O que pude perceber:
Características: cor âmbar, médio corpo.
Aroma: malte tostado, amadeirado, caramelo suave, pé-de-moleque, frutado, abacaxi. No fundo, há um frutado de frutas secas e um adocicado se mescla com um leve apimentado. Bastante suave e agradável. Chocolate ao leite. Maçã e noz moscada. Com um pouco de água, cereais, malte, mel, passas, uma certa picância, canela, chocolate ao leite, banana e maçã.
Paladar: frutado, frutas cítricas mescladas com frutas secas, apimentado sutil, caramelo, baunilha, malte tostado. Finaliza com um amadeirado, juntamente com pimenta fraca e de forma seca. Finalização média. Com a adição de um pouco de água, chocolate, madeira, malte, caramelo, baunilha, frutas vermelhas secas, canela, finalizando com um apimentado, de forma seca. Continua com uma finalização média.


Whisky bastante agradável e fácil de beber. Sem evidência de álcool. Um belo casamento de dois barris diferentes, ex-bourbon e ex-sherry. Há uma outra expressão, 100% sherry, que para a maioria que o experimenta, considera extremamente picante. Para quem não está acostumado, ou acha o sherry muito acentuado, o Double Cask traz um balanço ideal entre a picância do sherry e o adocicado do bourbon.

No post do Aberlour 10 anos eu havia mencionado que faltava algo para ele. Acho que esta expressão de 12 anos conseguiu chegar no que faltava. Ficou muito bem equilibrado e sem a evidência de álcool que a versão de 10 anos apresentava. Ficou muito bem feito e no ponto em que nenhuma nota se sobressai sobre outra.


O bourbon tirou a picãncia do sherry e o sherry tirou a doçura do bourbon, dando o ponto de equilíbrio.

Muito fácil de beber e prazeroso, irá agradar tanto iniciantes quanto apreciadores veteranos no mundo dos single malts.




Aberlour 12 Anos Double Cask Matured

Single Malt: Speyside Teor Alc 40%

Dourado intenso acobreado. Caramelo suave, malte, chocolate e erva-doce. Suculento, corpo médio, carvalho, amêndoas torradas e caramelo, cobre a boca com sabor. Quente, maduro, mel, finalização com toque de alcaçuz.

sábado, 3 de novembro de 2018

Desvendando Nº 92: Jim Beam Choice



Disponível em mais de 130 países em todo o mundo, Jim Beam não é apenas o Bourbon mais vendido do mundo, é o whiskey americano mais vendido na Europa oriental, o número um de todos os tipos na Alemanha e a bebida alcoólica destilada número um na Austrália, segundo maior mercado mundial de Bourbon. Atualmente a empresa possui três destilarias localizadas nas cidades de Clermont, Boston e Frankfort, todas no estado do Kentucky.

Este Bourbon em particular, apresenta profunda cor de mel, é maduro, foi filtrado em carvão antes de ser engarrafado, o que lhe acrescenta complexidade, profundidade, suavidade e um delicioso sabor esfumaçado. Mais um ano de envelhecimento permitiu que o bourbon assumisse um gosto mais doce, mais cremoso e é ótimo para fazer parte de qualquer cocktail.


O que pude perceber:
Características: âmbar escuro, médio corpo.
Aroma: caramelo doce e baunilha. Mentolado, com um frutado de laranjas. Um pouco floral e amadeirado sutil. A adição de um pouco de água parece deixar o aroma com ainda mais caramelo. Além do amadeirado e da baunilha, agora aparecem biscoitos de maisena. Com uma pedra de gelo, predominam o mentolado, o herbal e a baunilha. O doce do caramelo persiste. Fica um whiskey com uma sensação de refrescância.
Paladar: frutado, baunilha, caramelo, confirma o mentolado sentido no aroma e aparece uma certa picância, bem leve e sutil. O amadeirado está bem presente. Não é tão doce no paladar quanto se faz parecer no aroma. Com um pouco de água, madeira e baunilha é que dão o tom, finalizando com o caramelo. Nada de picância desta vez, a não ser no retro-gosto. Fica um pouco aguado com a adição da água uma vez que não é um whiskey muito encorpado, embora tenha passado esta impressão ao analisar as lágrimas escorrerem durante a observação de suas características. A adição de uma pedra de gelo fez com que o whiskey perdesse um pouco de suas qualidades, amargando um pouco. A picância voltou, mas de forma desequilibrada. O gelo não ajudou, não agradou.

Whiskey que foi concebido e produzido com o mesmo sistema de produção do Jack Daniel's Nº 7, ou seja, com a filtragem a carvão, como os Tenessee Whiskeys.


O nome Choice é originário do que seria o whiskey preferido do Master Distiller da Jim Beam. Mandado escolher o seu preferido dentre os whiskeys do portfólio da marca, ele teria escolhido esta expressão. Daí o nome Choice, escolha em português.

É amadurecido por 5 anos em barris de carvalho americano novos e sua comparação com o Jack Daniel's Nº 7 é inevitável, uma vez que ambos são fabricados utilizando-se o mesmo processo. O Choice é um pouco mais escuro, talvez pelo tempo maior de barrica. São 5 anos, contra 4, em média, do JD. Ambos são parecidos no aroma, com uma leve vantagem para o JD, que é melhor estruturado e as notas se casam melhor. Já no sabor, há um toque de picância que destaca o JB. Colocando água ou gelo, acho que desestrutura tudo.


No final das contas, acho que o velho Jack ganha pelo know how, mas, o JB não deixa de ser interessante, tanto para experimentar um whiskey que utiliza também um processo que ficou famoso, como para fazer, justamente, esta comparação, de quem leva a melhor.




Jim Beam Choice

Tennessee Whiskey Teor Alc: 40%

O Jim Beam Choice é filtrado no estilo dos whiskeys do Tennessee após a maturação e tem uma personalidade macia e sedosa, além de mais notas carameladas que qualquer outra expressão Jim Beam.