Forte e com uma cor
marcante, Macallan é o mais conhecido de Speyside, e procura novos
desafios constantemente. O nome vem da igreja de Macallan, hoje em
ruínas, na área de Easter Elchies, que dá para a ponte Telford
sobre o Spey, em Craigellachie. Consta que um fazendeiro já produzia
whisky ali usando sua própria cevada nos anos 1700. Em 1998, a
Macallan fez a fazenda voltar a produzir esta cevada, do tipo Golden
Promise, embora a quantidade seja pequena para as necessidades da
destilaria.
A Macallan tem tradição
em envelhecer seus whiskies exclusivamente em barris de carvalho
europeu de xerez. Mas, mudanças significativas no mercado afetaram a
capacidade da Macallan de atender à demanda mundial, e a reação da
Edrington, proprietária da marca, foi agressiva. O alto custo dos
barris de xerez deram à Macallan uma oportunidade lucrativa. A
empresa reagiu ao que considerou uma tendência aos whiskies em
estilo mais leve, lançando a linha Fine Oak, uma série envelhecida
em barris de bourbon e xerez. Esses whiskies alcançaram
popularidade, ganharam muitos prêmios e atraíram uma nova geração
de apreciadores para o Macallan. Para alguns, a ênfase menor no
xerez permitiu que a alta qualidade do malt Macallan se manifestasse
melhor. Mas a troca do xerez gerou controvérsia em mercados
tradicionais.
A Macallan contribui há
muito com sua fama para blends diversos, com destaque para o Famous
Grouse. A riqueza cremosa e untuosa única do Macallan se manifesta
melhor graças ao uso de alambiques pequenos. Quando a companhia
aumentou a produção para dar conta da demanda, acrescentou outros
alambiques em vez de construir destiladores maiores. O número passou de 6 para 21. A Macallan também acredita usar o corte mais
estreito da indústria, com o menor aproveitamento do destilado,
cerca de 16%.
Quando a Macallan
resolveu comercializar um single malt, concluiu que a bebida
conservada em butts de oloroso era mais saborosa. A reação entre a
madeira e o xerez tem enorme importância. Os butts são primeiro
enchidos com suco de uva por três meses, para a fermentação
primária. Depois, passam dois anos envelhecendo xerez numa bodega.
Em seguida, são embarcados para a Escócia. Aproximadamente 70-80%
do Macallan é maturado em butts de primeiro uso e o restante em
butts de segundo uso. As principais versões empregam whisky de
barris de primeiro e segundo uso na mesma proporção.
O que pude perceber:
Características: cor
dourada, corpo médio.
Aroma: floral e frutado
cítrico. Picante, com canela e noz moscada, um toque terroso,
adocicado e de baunilha. Por incrível que pareça, senti um leve
aroma de grãos neste whisky. Uma leve maçã e ameixas pretas. Há
um fundinho de álcool, que me incomodou um pouco. Eu diria até que
não está tão equilibrado no nariz. Há algo nele que distoa.
Provavelmente seja o álcool. Aparece um certo azedinho também,
provavelmente do cítrico, algo como limão. Um pouco de água faz
evidenciar os cereais, o cítrico, as frutas secas, surgindo agora de
forma mais evidente a baunilha e um amadeirado. O frutado é bem
presente, com maçãs e uvas passas. O álcool sumiu, o que
equilibrou melhor os aromas. Aparecem também as gramíneas,
chocolate ao leite e agora um mel. Agora sim ficou um whisky
prazeroso de sentir os aromas, sem agressão às narinas.
Paladar: amêndoas,
toffee, caramelo, frutas secas, açúcar mascavo, frutas cítricas,
cereais e chocolate ao leite. Há também uma nota herbal,
provavelmente gramíneas. Finalização quente e apimentada. Esquenta
a boca, com bastante especiarias como canela e gengibre. No paladar,
o álcool não se faz presente. Com um pouco de água, amêndoas,
cereais, herbal, frutas secas, ameixas pretas. Ainda esquenta a boca,
com canela e gengibre, mas de uma maneira mais leve agora. A
finalização fica de curta para média, sempre com aquela sensação
de picância. Mais uma vez o álcool não se faz presente.
Um whisky que faz parte
da coleção 1824 composta por Gold, Amber, Siena e Ruby. A ideia
nesta série é passar que as cores naturais dão o tom de
amadurecimento para cada whisky, começando pelo Gold, menos
amadurecido, até o Ruby, com maior maturação. À medida que cresce
na escala de maturação, o whisky fica mais escuro e ganha em
complexidade. Com isso, retiram a idade do whisky, incutindo na mente
do consumidor que o que importa é a qualidade do destilado e não a
sua idade. E acabam cobrando por isso, pois vemos preços
exorbitantes, muito além das edições com idade declarada.
Maturado exclusivamente
em barris de carvalho espanhol ex-xerez, tem a coloração natural,
sem adição de corantes.
Na minha opinião, é um
whisky que não ficou muito bem equilibrado se experimentado puro.
Nada que não possa ser solucionado acrescentando algumas gotas de
água, o que deixa a bebida no ponto ideal. Pelo menos para o meu
paladar. Há nele uma complexidade de aromas e sabores, realçados
pela adição de água. Portanto, minha dica é ser apreciado desta forma.
Textura amanteigada e cremosa. No geral, um bom whisky, mas não necessariamente fácil de beber. Aos que estão começando e querem experimentar um Macallan, sugiro começar pela linha Fine Oak, depois, pula para este.
Macallan Amber
Single Malt Teor Alc 40%
- Polido, com um nariz doce floral e cítrico que ganha presença, comandando um coro de notas de baunilha sobre grãos recém-colhidos. Passas, canela, maçãs e toffee no centro das atenções. No palato, maçãs verdes frescas e limões se misturam com canela. As notas de gengibre pairam enquanto a fruta toma conta, com o carvalho sutil persistente. Termina de leve a médio com frutas macias e cereais. Um pouco seco.
Muito bom ver os seus comentários, muito equilibrados e demonstram sensatez e conhecimento, além de imparcialidade. Fala bem, no que merece, e mostra os defeitos. Isso é muito importante.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras. Serve como incentivo a continuar escrevendo. Um abraço.
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