No Highland Park as ilhas revelam um dos melhores maltes do
país
Destilaria de malte mais setentrional da Escócia, a
Highland Park foi fundada em 1798 por Magnus Eunson: um homem que conseguia
conciliar as atividades de pregador, durante o dia, e contrabandista, à noite.
O nome da destilaria não se refere à região produtora de
whisky denominada Highlands, uma vez que a ilha de Orkney não faz parte desta
região, mas sim do fato de ela utilizar água de duas nascentes que brotavam em
High Park (“campos altos”). A fazenda de Magnus Eunson era localizada na
“estrada do whisky” que seguia de Kirkwall a Holm. Embora tenha sido detido em
1813, Eunson nunca foi processado. Por outro lado, o oficial que o prendeu,
John Robertson, prontamente comprou a propriedade de High Park, junto com a
destilaria, e começou a destilar legalmente.
A destilaria foi ampliada e, em meados do século XIX,
estava fornecendo matéria-prima para muitas das melhores casas de whisky, como
Chivas, Gilbey, Haig, Ballantine e Dewar, bem como vendendo uma pequena parte
de sua produção como single malt. Em 1895, James Grant, da Glenlivet, comprou a
Highland Park e aumentou o número de alambiques para quatro. Tornou-se parte da
carteira da Highland Distiller’s (atual Edrington Group) em 1936. Os
proprietários investiram 18 milhões de libras na marca e tem planos ambiciosos
de fazer a destilaria uma das dez maiores do mundo.
Em sua primeira encarnação, o Highland Park era produzido
de forma peculiar, própria de Orkney. A cevada bere (a linhagem arcaica
utilizada pelos primeiros destiladores) foi usada aqui por muito mais tempo do
que em outras partes da Escócia. A destilaria também tinha uma “casa de urze”.
Nela, buquês de flores secas de urze eram lançados dentro do forno, onde se
pensava que a fumaça perfumada daria ao malte um toque aromático adicional.
Esses dois fatores deram ao malte de Orkney um estilo e um sabor típicos.
Dos velhos métodos que resistem até hoje, estão os
terreiros de maltagem da destilaria, que fornecem 20% do malte. A turfa de
Orkney pode ter um grande impacto. Feita quase toda de urze decomposta, parece
ser a chave do aroma extremamente evocativo do whisky. Toda a parte turfada do
Highland Park é maltada e seca na própria destilaria (a proporção de fenóis é
de 20 p.p.m.), o restante é trazido das fábricas de malte da Highland Distiller
em Tamdhu.
Para a sua confecção, é usada levedura seca em um sistema
de fermentação longa. A destilação é lenta. O resultado é um spirit novo que
mescla teor defumado fragrante e um realce cítrico. É doce desde o início, e
esta dança entre defumado, doçura, laranja e frutas ricas continua ao longo de
todas as suas expressões. Às vezes a turfa domina, em outras a doçura
sobressai, ao passo que o envelhecimento reúne estavelmente ambos os elementos
em um volume compacto, denso, com mel. O equilíbrio é a chave.
Sua madeira está sob a observância do mestre da madeira
George Espie, e desde 2004 não foram utilizados quaisquer tonéis de Bourbon nem
feita qualquer coloração com caramelo. Esse é um whisky de tonéis de ex-xerez
feitos com carvalho seco e amadurecido europeu e americano. Essa política de
madeira dá coerência ao caráter, uma vez que esse é o maior desafio quando se
tem sete expressões variando de 12 a 50 anos, sem acabamento.
Antiga e moderna ao mesmo tempo (é controlada por
computador), a Highland Park produz um whisky que consegue combinar o melhor de
todas as outras regiões da Escócia e fundi-las em um todo coerente. Em resumo,
tem turfa, tem mel, tem laranja, uma doçura de calda de caramelo e uma
profundidade rica de uvas-passas. Acima de tudo, é bem equilibrado.
Curiosidade: Highland Park é um dos maltes que compõem o
blended The Famous Grouse.
O que pude perceber:
Aroma: turfoso, esfumaçado, forte, com um pouco de especiarias e
também lembra um pouco de couro. É um aroma que fica no ar, bem cheiroso. Com
gelo as características são mantidas, mas de uma forma abrandada, não
aconselho. Com água, o aroma é liberado em sua plenitude. Eu diria que
acrescentar algumas gotas faz toda a diferença. Dá para sentir um cheiro de
fumaça, de defumado, mas bem suave. Dá para sentir também um aroma floral,
diferente. Seriam as tais Urzes? Infelizmente não conheço uma para dizer. Para
se ter uma ideia, demorei mais tempo cheirando este whisky do que bebendo. O
aroma é viciante.
Paladar: bem encorpado, confirma a fumaça e as especiarias. Tem
também a doçura do mel e um pouco de frutado. No início, há um leve
formigamento na boca, depois seca. O final é bastante longo, seco e esfumaçado.
Com gelo fica um pouco mais fresco. Sobressai um pouco mais o frutado. O
acréscimo de água suaviza o sabor. Em minha opinião o gelo, e também a água
(apesar da água abrir bem mais os aromas) dá uma camuflada no sabor, de modo
que eu preferi apreciá-lo puro.
É um whisky maturado em barris de sherry da Espanha, possui
a coloração natural, sem adição de caramelo. Em sua caixa, há uma explicação
sucinta sobre a história do whisky e de como apreciá-lo, assim como as notas de
degustação oficiais, ou seja, o que a destilaria espera que seja sentido ao
degustar o whisky. E se prestarmos bem atenção, dá para sentir muita coisa do
que está descrito ali. Realmente é um whisky que reúne várias características
em uma só garrafa.
Comecei a gostar de whisky pelos blends e já mencionei o
caminho que os apreciadores percorrem. Atualmente estou aqui, no single malt
turfado, mas o turfado com equilíbrio, não muito forte. O Highland Park supre
com louvor esta etapa. Uma pena que ele não seja encontrado aqui no Brasil, a
não ser em lojas Duty Free nos aeroportos. Comprei o meu numa destas lojas a U$
41,00, cerca de R$ 98,00. Não tenho ideia de quanto custaria se começasse a ser
importado por alguém. O que posso dizer é que na Escócia ele é respeitado tanto
quanto um Macallan, se não mais, uma vez que os escoceses tem uma preferência
por whiskies turfados. E já sabem quanto custa um Macallan por aqui, não é? De
qualquer forma, dos whiskies que já experimentei, tornou-se o meu favorito. Até
agora.
HIGHLAND PARK 12 ANOS
Single Malt: Ilhas Teor Alc 40%
Este whisky vem sendo elogiado por sua qualidade. Há
sabores macios de mel de urze, algumas notas temperadas mais ricas e um toque
defumado de turfa que envolve toda a boca e torna o final bem seco.
Fontes: whisky, o livro do whisky, o atlas mundial do
whisky, wikipedia
Excelente review! E o Blog continua muito bom, parabéns!
ResponderExcluirAbraços, até!
Obrigado Imon HBnLT. A intenção é sempre trazer informação mantendo a qualidade. Abraço.
ExcluirOlá Michel,
ResponderExcluirótima resenha! Eu adoro este Whisky!
Acho que é um dos que mais gosto entre os Single Malts escoceses que experimentei. O frutado, o floral, a turfa e o xerez balanceados são extraordinários! Meu sonho era que viesse para o Brasil! Faria estoque! rs.
Abraços!
Bom dia Keizo. Também gosto muito deste whisky. Está no meu Top 5. Pena que não é encontrado no Brasil. Tive a oportunidade de comprá-lo no início do ano por U$ 43,00 e acabei deixando passar. Optei por outros whiskies. Me arrependi. Da próxima serei mais esperto, e como você disse, farei estoque, rs. Um abraço.
ExcluirExcelente whisky e bom texto. Sou grande apreciador de whisky fumado, como este. Aproveito para sugerir o Famous Grouse - Black Grouse. Bastante parecido e bem mais barato. Pelo menos, na Europa. (Eu sou europeu)
ResponderExcluirObrigado Dani L. Realmente o Highland Park é um excelente whisky, tanto que está no meu Top 5. Infelizmente ele não é encontrado aqui no Brasil, ou seja, tem de trazer de fora. Já o Black Grouse é encontrado facilmente nas lojas especializadas. Uma das razões do Black Grouse ser parecido com o Highland Park é justamente o HP fazer parte da composição do blend, numa proporção um pouco maior do que a de costume, o Famous Grouse. Um abraço.
ResponderExcluirmuito bacana esse blog trabalho np duty free de Recife e to pegando informações valiosas aqui parabéns1
ResponderExcluirObrigado Manuelito Bolivar. Espero continuar contribuindo com mais informações. Continue acompanhando. um abraço.
ExcluirObrigado por trazer esse ótimo review! Adquiri recentemente o Highland Park Einar. Nunca tomei o dose, pretendo futuramente. Os dois estão no mesmo nível? Um é melhor que o outro? Abraços e obrigado novamente!
ResponderExcluirVictor, após realizar a prova com os dois juntos, posso dizer que os dois tem qualidades que se equiparam sim. No aroma, eu prefiro o Einar e no paladar eu prefiro o 12 anos. É curioso isso. Mas pode-se dizer que o 12 anos é ligeiramente superior, mas nada que desqualifique o Einar, pelo contrário, é um excelente whisky. Um abraço.
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